65ª Reunião Anual da SBPC

G. Ciências Humanas - 4. Geografia - 3. Geografia

DIVERSIFICANDO A PRÁTICA PEDAGÓGICA NO ENSINO DE GEOGRAFIA

Sofia Rebouças Neta Pereira - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Baiano/Campus Guanambi

INTRODUÇÃO:

O avanço do capitalismo associado à inovação tecnológica ocorrida nas últimas décadas potencializou a possibilidade de acesso à informação virtual e introduziu novos meios para o conhecimento da realidade. Diante desse contexto, a ciência geográfica para explicar e contextualizar o espaço geográfico precisa utilizar métodos diversificados capazes de promover uma aprendizagem mais significativa e prazerosa e contribuir para a sociabilização do saber geográfico e desenvolvimento do pensamento crítico. O professor precisa inovar em suas práticas com aulas mais vivas, dinâmicas e interessantes, pensadas para discutir os conteúdos geográficos com o uso de diferentes linguagens como: data-show, músicas, filmes, documentários, além das saídas de campo, produção e análise de fotografias, análise de imagens de satélites entre outras. Partindo desse pensamento, este trabalho se propõe a apresentar uma experiência realizada com a utilização de filmes nas aulas de Geografia em turmas do Ensino Médio. A linguagem fílmica pode iniciar um conteúdo, problematizar uma temática ou fazer o fechamento de uma discussão, ampliando e enriquecendo o conhecimento referente a outras realidades, culturas, lugares e paisagens.

OBJETIVO DO TRABALHO:

O objetivo geral desse trabalho é analisar a importância da utilização de metodologias diversificadas para dinamizar as aulas e favorecer a construção do conhecimento geográfico.

MÉTODOS:

O trabalho foi desenvolvido a partir do estudo da temática América Latina pelo 2º ano do Ensino Médio do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Baiano, Campus Guanambi. A fim de ampliar os debates acerca das diferentes realidades que caracterizam esta parte do continente americano foi escolhido para apreciação e análise o filme “Diários de Motocicleta” dirigido por Walter Salles. Antes da projeção do filme requisitou-se a atenção dos alunos para o trajeto percorrido pelos protagonistas, a paisagem dos lugares percorridos, as características socioeconômicas mostradas e as vivências dos personagens principais. O filme foi projetado em uma sala de aula com uso de data-show, notebook e caixa de som. Ao final da apresentação do filme, realizou-se uma discussão sobre o mesmo e como critério de avaliação, foi solicitado que os alunos elaborassem um pequeno jornal apresentando uma análise dos aspectos físicos, culturais e socioeconômicos dos diferentes países da América do Sul, a trajetória política do personagem histórico Ernesto Che Guevara e os aspectos pertinentes à doença da hanseníase.

RESULTADOS E DISCUSSÃO:

A utilização dos meios audiovisuais como filmes e documentários, no processo de ensino e aprendizagem da Geografia, diversifica a prática metodológica e proporciona o desenvolvimento de uma percepção mais objetiva dos conceitos geográficos abordados por esta disciplina na sala de aula. Apesar da importância da linguagem escrita e oral na escola, ela não é suficiente para trabalhar com os diferentes conceitos que envolvem a geografia como: lugar, paisagem, território, espaço, natureza, sociedade etc., sendo necessário o desenvolvimento de práticas mais dinâmicas. Inspirados pelo filme “Diários de Motocicleta”, os estudantes elaboraram um jornalzinho com muita criatividade, organização e embasamento teórico. As diferentes paisagens naturais, culturais e econômicas da América do Sul foram analisadas com muita clareza e objetividade; a identificação e localização em mapas do trajeto percorrido contribuíram para ampliar o conhecimento espacial acerca dessa região; a curiosidade sobre a história e vida de Ernesto Che Guevara motivou o estudo e as pesquisas sobre o assunto; além disso, o preconceito que envolve a doença da hanseníase foi eliminado e conheceu-se as formas de tratamento da doença.

CONCLUSÕES:

O desenvolvimento desta atividade trouxe resultados satisfatórios para o processo ensino e aprendizagem. Podemos destacar a facilidade para o entendimento do assunto abordado; a existência de uma aprendizagem mais participativa e autônoma; e a melhoria na relação entre professor e aluno. A partir desse conjunto de possibilidades foi possível conduzir o educando a uma aprendizagem significativa, relativizando um pouco o uso do “tradicional” livro didático. Ao conjugar conhecimento científico com uma atividade prazerosa, adequadamente planejada, contribuiu-se para a formação de sujeitos ativos, críticos e com potencial para transformar a sua própria realidade. Esta experiência nos mostrou possibilidades de superação do ensino que considera o aluno um ser passivo e apresentou a perspectiva de uma aprendizagem significativa e lúdica das relações sociedade e natureza. A linguagem fílmica complementa o entendimento de conceitos e permite que o educando amplie seus conhecimentos partindo do lugar onde está inserido para uma escala global

Palavras-chave: Geografia, Ensino e aprendizagem, Linguagem Fílmica.