65ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 4. Geografia - 3. Geografia
"CARTOGRAFANDO" SABERES GEOGRÁFICOS ENTRE OS ALUNOS DO CURSO DE PEDAGOGIA DO PARFOR/UESPI - PROFESSORES DA EDUCAÇÃO BÁSICA EM SÃO RAIMUNDO NONATO – PI.
Fernandes Pereira Nunes - Graduando em Geografia – Universidade Estadual do Piauí – UESPI
Judson Jorge da Silva - Prof.Msc./Orientador – Dpto. Geografia – UESPI – Campus São Raimundo Nonato
INTRODUÇÃO:
O delineamento das percepções e o entendimento a respeito da noção espacial de relação e interação do ser humano com o espaço desenvolvem-se desde os primeiros meses de vida. No entanto, Almeida (2010) aponta que é no início da fase escolar das crianças que se ensinam as formas como a sociedade produz, consome e organiza o espaço geográfico com o qual interage. Partindo do pressuposto de que as representações cartográficas são uma das maneiras de tornar as relações de organização do espaço algo inteligível, torna-se importante saber como os professores que trabalham nas séries iniciais da educação básica se apropriam desses saberes e como tratam as questões que envolvem a representação espacial. Almeida afirma “que o professor de 1º grau pouco aprende em seu programa de formação que o habilite a desenvolver um programa destinado a levar o aluno a dominar conceitos espaciais e sua representação” (2010, p.11). Baseado nessa informação, buscamos sondar o conhecimento cartográfico e as metodologias de ensino de 29 alunos do curso de Pedagogia do PARFOR (Plano Nacional de Formação de Professores da Educação Básica) que atuam como professores na educação básica da microrregião de São Raimundo Nonato – PI.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Levantar dados a respeito do conhecimento geográfico, em especial as noções de alfabetização espacial e cartográfica, bem como as metodologias de ensino utilizadas pelos alunos do curso de Pedagogia do Plano Nacional de Formação de Professores da Educação Básica – PARFOR/UESPI, que atuam como professores nas séries iniciais da educação básica na microrregião de São Raimundo Nonato – PI.
MÉTODOS:
Elegemos como sujeitos da pesquisa os alunos do VI semestre do curso de Pedagogia da UESPI do campus de São Raimundo Nonato, que cursam graduação em regime especial pelo PARFOR e que lecionam na educação básica da região. Essa escolha se deu por duas razões: 1. A maior parte dos sujeitos pesquisados já atua como docente nas séries iniciais da educação básica, sendo professores “polivalentes”; 2. Os entrevistados são acadêmicos de um curso de graduação que, entre outros objetivos, visa formar professores para atuar nas séries iniciais da educação básica. Para a obtenção dos dados que compõem as análises desse trabalho optou-se pela aplicação de um questionário, de caráter objetivo, no qual se buscou sondar: A) os conhecimentos de geografia desses professores, obtidos através de disciplinas especificas desta área, cursadas na graduação da qual fazem parte; B) A respeito das metodologias de ensino, bem como os recursos didáticos que utilizam ao ministrarem conteúdos de representação espacial para os alunos das séries iniciais; C) Se se considera habilitado para trabalhar com esses conteúdos. Cada aluno/professor recebeu um questionário que depois de respondido, foi analisado para cálculo de porcentagens e interpretação dos dados que aqui se apresentam.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Os 29 professores participantes da pesquisa residem/trabalham nos municípios de São Raimundo Nonato, Dom Inocêncio, São Lourenço, Dirceu Arcoverde e Várzea Branca, localizados no sudeste do Piauí. 93% não possui formação superior, embora trabalhem como professores. Do total, 89,64% trabalham no ensino infantil e fundamental I. Sendo professores polivalentes, 88,5% já lecionaram todas as disciplinas da matriz curricular desse nível de ensino. Porém, 79% nunca tiveram aulas de cartografia, nem outra disciplina da área de geografia. Atualmente 48,27% dos entrevistados lecionam geografia. Sobre recursos didáticos para aulas de cartografia: 87,5% afirma existir mapas e globos em suas escolas. 31% disseram existir laboratório de informática que poderia ser utilizado para aulas de geografia. Inexistem outros materiais como bússolas e GPS. Em relação às metodologias de ensino: 65% nunca trabalharam com “mapeamento do eu”, confecção de maquete, mapeamento da sala de aula ou da escola; 62% dizem ter ensinado orientação espacial através de aula prática utilizando a posição do sol. Entre os pesquisados 75,86% afirmam que o professor da educação básica não está preparado para lecionar cartografia e 62% disseram ter interesse em cursar capacitações na área de cartografia.
CONCLUSÕES:
Os resultados apontam como são graves as condições de ensino, consequentemente as de aprendizagem, dos conhecimentos referentes à ciência geográfica nas séries iniciais. Grande parte dos professores do interior do Estado do Piauí que atuam nessa fase da educação ainda não possui graduação em licenciatura, justamente por essa razão fazem parte do Plano Nacional de Formação de Professores da Educação Básica – PARFOR. No entanto, embora estejam cursando o ensino superior, a literatura especializada nessa questão aponta que os próprios programas curriculares dos cursos de licenciatura não fornecem o subsídio teórico necessário para os futuros docentes trabalharem de maneira a levar o aluno a dominar conceitos espaciais e sua representação. Essa situação fica explícita nos dados encontrados pela pesquisa, pois entre 29 pesquisados 75,86% afirma não estar preparado para trabalharem com esse saber. Diante do exposto, fica evidente a necessidade de que as secretarias municipais e estaduais de educação ofereçam capacitações na área de cartografia. Os dados mostram também que as Universidades podem, através de programas de extensão, firmar parcerias com as secretarias e escolas, de modo a possibilitar essa formação aos professores da rede básica do ensino público.
Palavras-chave: Cartografia, Representação Espacial, Séries Iniciais.