65ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 3. Recursos Florestais e Engenharia Florestal - 1. Silvicultura
ESPÉCIES DE REGENERAÇÃO NATURAL SELECIONADAS PARA SEREM CONDUZIDAS ATÉ A COLHEITA DA MADEIRA NA FLORESTA NACIONAL DO TAPAJÓS
Gérsica Camargo Pilato - Aluna do Curso de Engenharia Florestal da Universidade Federal do Oeste do Pará
Rosiane Pessoa Vieira - Aluna do Curso de Engenharia Florestal da Universidade Federal do Oeste do Pará
João Olegário Pereira de Carvalho - Prof. D.Phil./Co-orientador – Universidade Federal Rural da Amazônia-UFRA/CAPES
Lia de Oliveira Melo - Profa. Dra/Orientadora - Instituto de Biodiversidade e Florestas - UFOPA
INTRODUÇÃO:
O Brasil é o país detentor da maior área de florestas tropicais do planeta e o segundo em extensão vegetal. As florestas tropicais são ricas em biodiversidade e fonte de matéria-prima, por isso é importante que o uso dos recursos seja regulado pelo princípio da sustentabilidade.
Após a colheita de madeira, a floresta remanescente continua a crescer, mas necessita de atividades pós-exploratórias para acelerar esse crescimento, aumentar o estoque e o valor econômico, de forma a viabilizar novos cortes.
Uma característica das florestas naturais é o fato de uma grande parte (aproximadamente 45%) das espécies arbóreas ocorrerem em baixíssima densidade, com menos de um indivíduo por hectare. Uma das alternativas para resolver este tipo de problema seria a prática da condução da regeneração natural, que utiliza indivíduos de espécies comerciais da própria clareira formada em decorrência da exploração florestal, não havendo a necessidade do plantio.
Dessa forma, a pré-seleção de indivíduos de espécies de valor econômico para serem monitoradas e conduzidas em clareiras é importante para assegurar maior produtividade da floresta e, conseqüentemente, garantir o estoque destas espécies para futuros ciclos de corte.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Selecionar indivíduos de espécies arbóreas de valor comercial da regeneração natural a serem conduzidas em clareiras provenientes da extração de madeira na Floresta Nacional do Tapajós.
MÉTODOS:
A pesquisa foi realizada em duas Unidades de Trabalho (UT1 e UT2), cada uma com 100 ha, em uma Unidade de Produção Anual (UPA5), manejada para produção de madeira, à altura do km 83 da BR 163 (Santarém-Cuiabá), na Floresta Nacional do Tapajós, no município de Belterra, Pará.
A área foi explorada em 2010, utilizando-se técnicas de exploração de impacto reduzido. Em 2012, com base no mapa de derruba, fez-se a seleção de 30 clareiras formadas pela queda de árvores colhidas. Em seguida foram selecionadas as mudas de regeneração natural, obedecendo aos seguintes critérios: a muda deveria estar viva e em pé; ser de espécie comercial; abundante e bem distribuída na área; altura igual ou maior que 30 cm.
Cada clareira selecionada foi marcada com um piquete contendo o número da clareira. Cada muda de regeneração natural selecionada foi localizada com um piquete, contendo o número da muda. Mediu-se a altura de cada muda selecionada. Aquelas que tinham o DAP (diâmetro medido a 1,30 m de altura) igual ou maior que 2,0 cm também tiveram seus diâmetros registrados. Os cálculos das médias em altura e diâmetro das mudas selecionadas e os cálculos estatísticos foram feitos com auxílio do programa Excel.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Foram determinadas cientificamente 200 mudas de 30 espécies em 30 clareiras, porém apenas 126 mudas referentes a 5 espécies foram selecionadas para serem monitoradas ao longo do tempo, sendo elas: Schizolobium parahyba var. amazonicum (Huber ex Ducke) Barneby (paricá) contendo 12 indivíduos,Couratari stelata A.C.Smith (tauarí) com 48, Jacaranda copaia (Aubl.) D. Don. (parapará) com 28, Laetia procera (Poepp) Eich (pau-jacaré) com 20 e Carapa guianensis Aubl. (andiroba ) com 18. Estas espécies foram mais abundantes e frequentes nas clareiras e possuem valor comercial. Das cinco espécies trabalhadas, tauarí foi a mais abundante. Paricá teve a maior média em altura (204,3 cm), também com maior homogeneidade em altura com coeficiente de variação de 67%. Pau-jacaré foi a espécie mais heterogênea em altura, com um desvio de 130,7 %.
As médias de diâmetro foram calculadas para pau-jacaré (3,12 cm), paricá (4,75 cm) e parapara (3,10 cm). Os diâmetros dos indivíduos de andiroba e tauarí eram inferiores a 2,0 cm, portanto suas médias não foram calculadas.
CONCLUSÕES:
Das 200 mudas demarcadas nas clareiras e determinadas cientificamente, 126 foram selecionadas para serem monitoradas, continuamente, durante toda a sua existência. Pertencem às espécies: Schizolobium parahyba var. amazonicum, Couratari stelata, Jacaranda copaia, Laetia procera e Carapa guianensiis. O monitoramento desses indivíduos em clareiras vai gerar informações sobre o seu comportamento e desenvolvimento ao longo do tempo, com base nas taxas de sobrevivência e crescimento. Essas informações vão possibilitar inferir sobre o manejo dessas espécies, visando produção de madeira para colheitas futuras.
Palavras-chave: Silvicultura de florestas naturais, Silvicultura pós-colheita, Silvicultura em clareiras.