65ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 3. Bioquímica - 6. Bioquímica
ANÁLISE ENZIMÁTICA EM PLÂNTULA DE Bauhinia cheilantha (Bong.) Steud. ESPÉCIE TÍPICA DA CAATINGA
Isabel Cristina Pinto Martins - Graduanda em Biologia - Centro de Ciências Agrárias e Biológicas - UVA
Annyta Fernandes Frota - Graduanda em Biologia - Centro de Ciências Agrárias e Biológicas - UVA
Lúcia Betania da Silva Andrade - Profa. Dra. Co-orientadoras – Centro de Ciências Agrárias e Biológicas - UVA
Marlene Feliciano Mata - Profa. Dra. Orientadoras – Centro de Ciências Agrárias e Biológicas - UVA
INTRODUÇÃO:
Bauhinia cheilantha (Bong.) Steud. pertence à família Leguminosae, popularmente conhecido como mororó. No Ceará é frequente no sertão e pé de serra, ausente da faixa litorânea e das serras frescas. Árvore pequena de 3-5 m de altura, com folhas em forma de “unha-de-vaca” característica predominante ao gênero. Utilizada na alimentação humana, na medicina popular, como forrageira e em restauração florestal, destaca-se entre as demais espécies da caatinga pelo elevado valor de proteína bruta (MAIA, 2004). No processo de germinação ocorre uma série de atividades metabólicas, baseadas em reações bioquímicas que dependem da atividade de enzimas tais como proteases, amilases e peroxidases (MARCOS-FILHO, 2005). As principais substâncias de reserva nas sementes são carboidratos, proteínas e lipídios e esses compostos são mobilizados durante a germinação e desenvolvimento das plântulas para prover aminoácidos, monossacarídeos e ácidos graxos livres para a formação de estruturas físicas, como parede celular, ou para respiração (CORTE et al., 2006). A obtenção de dados sobre o comportamento germinativo e as alterações bioquímicas durante o processo de crescimento dessa espécie, proporcionará informações para a tomada de medidas preventivas à exploração e assegurar a propagação da mesma.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Quantificar proteínas totais solúveis e detectar a atividade de enzimas proteolíticas, amilolíticas e peroxidases em plântulas de Bauhinia cheilantha (Bong.) Steud.
MÉTODOS:
Sementes de Mororó foram obtidas de frutos coletados no município do Graça–CE, em agosto de 2011. Posterior ao beneficiamento, 100 sementes foram separadas aleatoriamente compondo quatro repetições de 25 unidades. As sementes foram semeadas em bandeja de plástico contendo como substrato areia lavada, umedecida com água destilada e mantidas em temperatura de laboratório, em torno de 25ºC. Após 33 dias da semeadura, 25 plântulas foram separadas por estrutura: raiz, epicótilo, cotilédone e folha. Para a extração de proteínas totais solúveis, os tecidos vegetais foram macerados usando um gral e pistilo, juntamente com tampão fosfato de sódio 100 mM, pH 6,7 contendo NaCl 0,15M, na proporção de 1:5 (m/v) e polivinilpirrolidona 1%, em banho de gelo, por 10 minutos. Os extratos foram centrifugados a 10.000xg, por 15 minutos, a 4°C. O sobrenadante foi coletado, armazenado a -20ºC e utilizado para as análises bioquímicas. A quantificação das proteínas totais solúveis foi realizada pelo método de Bradford (1976) e a determinação da atividade de enzimas hidrolíticas foi feita através de eletroforeses em gel de poliacrilamina contendo duodecil sulfato de sódio (SDS-PAGE) para proteases (MICHAUD et al., 1993), amilases (FONTANINI et al., 2007) e peroxidases (CARUSO et al, 1999).
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Verificou-se que as estruturas em análise possuem diferentes concentrações de proteínas, sendo que o cotilédone apresentou maior quantidade (6.175 mg/g de tecido), seguido da folha (4.65 mg/g de tecido), epicótilo (1.56 mg/g de tecido) e raiz (1.1325 mg/g de tecido). Os resultados mostraram atividade proteolítica, amilolítica e peroxidásica em todas as estruturas da plântula. No entanto, observou-se atividade mais intensa de proteases no extrato da raiz, as amilases no extrato do cotilédone e peroxidases nas folhas. De acordo com Richardson (1991), apenas recentemente tem sido estudado o papel de proteases em processos celulares do metabolismo vegetal, sendo a geminação de sementes o evento mais extensivamente estudado, no qual a atividade proteolítica está associada ao crescimento e desenvolvimento da plântula. Enquanto, as peroxidases são importantes em processos fisiológicos como lignificação e espessamento da parede celular e na associação de mecanismos de proteção da planta contra estresse oxidativo (VEITCH, 2004; SOARES e MACHADO, 2007). Os resultados para atividade amilolítica estão coerentes com os descritos por Shaw e Ou-Lee, citados por Das e Sen-Mandi (1992), onde verificaram que a atividade de &alpha-amilase é necessária para a germinação das sementes.
CONCLUSÕES:
A análise enzimática das estruturas das plântulas de Bauhinia cheilantha demonstrou que as mesmas apresentam quantidade significativa de proteínas totais solúveis e uma alta atividade proteolítica, amilolítica e peroxidásica. Com isso, é perceptível que as enzimas em estudo encontram-se distribuídas em concentrações diferentes nas diversas estruturas das plântulas e que a mobilidade das mesmas durante o crescimento da espécie se dá de forma independente.
Palavras-chave: Leguminosa, Mororó, Tecidos vegetais..