65ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 4. Geografia - 3. Geografia
DIVISÃO SOCIOECONÔMICA, CULTURAL E ESPACIAL DO REGGAE EM SÃO LUIS- MA
Jacilene dos Santos Castro - Curso de Geografia – UFMA
João Batista Pacheco - Prof. Ms. /Orientador - Depto. de Geociências - UFMA
INTRODUÇÃO:
O reggae, ritmo nascido na Jamaica, alcançou nas últimas três décadas, uma popularidade em São Luís-MA que não se pode contestar. A presença do ritmo no cotidiano maranhense possibilitou à capital um reggae marcadamente ludovicense, repleto de peculiaridades. Durante a pesquisa pode-se perceber vários pontos que se diferenciam nesse seguimento musical que vão desde aos locais de festas, espaço onde o reggae é tocado, aos frequentadores destes locais. A partir de então, verifica-se que esse ritmo possui alguns seguimentos, dentre eles: um reggae mais elitizado, centralizado e um reggae voltado para as classes sociais mais baixas ou zonas periféricas. Notaram-se também as mudanças que estão ocorrendo com esse ritmo, desde sua inserção na capital até os dias atuais. Bem como o universo capitalista que se instalou acerca desse movimento. Tal abordagem torna-se interessante a partir do momento em que se analisa de que forma ocorreram tais divisões, sejam elas econômicas, culturais, sociais e espaciais, e quais características o reggae, que é considerado um dos principais ritmos maranhenses, ainda carrega consigo.
OBJETIVO DO TRABALHO:
O trabalho objetiva a análise da divisão socioeconômica, cultural e espacial do reggae na capital maranhense. Percorrendo por mudanças ocorridas por esse movimento, desde sua inserção até os dias atuais. Demarcar os espaços geográficos acolhidos pelo reggae e apresentar a realidade inserida em cada contexto econômico e social em que o mesmo está inserido, bem como suas particularidades.
MÉTODOS:
A pesquisa é de caráter descritivo com enfoque qualitativo. A pesquisa teve início com o levantamento bibliográfico e documental (livros, revistas, artigos, monografias, dentre outras fontes), disponibilizados na biblioteca de Políticas Publicas da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) e Biblioteca Central da Universidade Estadual do Maranhão, em documentos disponíveis em bibliotecas virtuais. Num segundo momento houve visitas aos locais onde acontecem as festas de reggae, tanto os locais ditos elitizados, quanto os periféricos, seguidos de registros fotográficos, entrevistas com apreciadores, colecionadores e alguns frequentadores desses locais. E em outro momento foram mapeados os espaços acolhidos por cada seguimento de reggae, definindo-se recortes espaciais e temporais. Por fim, os dados levantados foram organizados, revisados e tabulados para confecção do relatório final.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
A história do reggae na capital maranhense é recente, começou por volta dos anos 1970. A priori, o reggae surgiu em São Luis, como um estilo musical próprio das classes marginalizadas, porém esse contexto começou a mudar a partir da década de 1980, quando um novo público começou a aderir o reggae universitário, essencialmente da classe média. Com a inserção desse novo público, pode-se perceber que o reggae passou a seguir dois segmentos: “o reggae da periferia” e “o reggae elitizado”. No que diz respeito ao espaço geográfico em que o reggae se insere, fica claro que os locais frequentados pelas classes mais altas estão geralmente situados no Centro da capital ou em bairros nobres, frequentados por pessoas de classe média e turista, são casas ornamentadas, bem decoradas, geralmente em locais de atrativo turístico, a animação da festa em sua maioria fica por conta de bandas de reggae ou de Dj’s que tocam o conhecido reggae roots. Já os frequentados pelas classes populares estão situados nas periferias da capital, são clubes amplos, porém não possuem estrutura necessária para atender os frequentadores. Conhecido como reggae de radiola, esse seguimento é comandado por Dj’s e radiolas de reggae que com seus “paredões” (caixas de som) animam a festa.
CONCLUSÕES:
Na atualidade, o reggae que emergiu em São Luís como um fenômeno de periferia, foi capitalizado e customizado para os mais diversos segmentos sociais. Hoje, o cenário do reggae maranhense é de segmentação e, até mesmo, de segregação: existem tipos de reggae, espaços, públicos e mídias diferentes. Quem frequenta os clubes de reggae ouve as grandes radiolas com seus paredões e Dj´s famosos e reggaes conhecidos como “melôs”, já o público universitários, classes média e alta e turistas que frequentam os bares mais centralizados na cidade, dançam ao som das bandas maranhenses de reggae, ouvem uma música mais suave e se divertem ao seu modo. Cabe aqui destacar, que apesar de toda essa divisão, o reggae independente de ser elitizado ou de periferia possibilita para os apreciadores desse ritmo, diversão, bem-estar, para eles o reggae não é só uma forma de dançar, mas também de refletir sobre a realidade local, ou em muitas das vezes é apenas uma questão de gosto, gosto que ñ se discute que não se explica.
Palavras-chave: Reggae, Divisão, Particularidades.