65ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 5. Saúde Coletiva
PERCEPÇÃO DE ADOLESCENTES SOBRE A VIOLÊNCIA VIVENCIADA NOS ESPAÇOS SOCIAIS
Marcela Christina Diogenes Bastos Nogueira Pereira - Universidade de Fortaleza – PIBIC/CNPQ – Curso Enfermagem.
Gerarda Maria Araujo Carneiro - Universidade de Fortaleza – Curso Enfermagem.
Poliana Hilário Magalhães - Universidade de Fortaleza – FUNCAP – Curso Enfermagem
Gracyelle Alves Remigio Moreira - Programa de Pós-graduação em Saúde Coletiva, Universidade de Fortaleza, Fortalez
Luiza Jane Eyre de Souza Vieira - Profª Drª/ Orientadora - Programa de Pós-graduação em Saúde Coletiva, UNIFOR
INTRODUÇÃO:
No Brasil, crianças, adolescentes e jovens estão entre os grupos populacionais mais vitimados pela violência, sendo essa sua principal causa de morbimortalidade (BRASIL, 2008). Cotidianamente, os locais mais frequentes para essas ocorrências são a rua, o domicílio e a escola (BRASIL, 2009). A violência contra crianças e adolescentes tem sido classificada como "todo ato ou omissão cometido por pais, parentes, outras pessoas e instituições capazes de causar danos físico, sexual e/ou psicológico à vítima" (BAZON, 2008).Quando se aborda a violência contra crianças e adolescentes e a vinculamos aos ambientes onde ela ocorre, a escola surge como um espaço ainda pouco explorado, principalmente com relação ao comportamento agressivo existente entre os próprios estudantes (CAVALCANTI, 2009). Uma das formas de violência escolar é o comportamento agressivo entre estudantes, conhecido como Bullying, fenômeno frequente cuja gravidade passou a ser entendida como atos repetidos de opressão, discriminação, tirania, agressão e dominação de pessoas ou de grupos sobre outras pessoas ou grupos, subjugados pela força dos primeiros.Frente ao exposto, os setores da sociedade (saúde, educação, assistência social, justiça, entre outros) têm importante papel no enfrentamento e prevenção das formas de violência que acometem os jovens, havendo necessidade de agir junto à família, comunidade e sociedade em geral, uma vez que suas sequelas atingem dimensões e gravidade expressivas.
OBJETIVO DO TRABALHO:
O presente estudo teve como objetivo descrever a percepção de adolescentes sobre a violência vivenciada nos espaços sociais.
MÉTODOS:
Trata-se de uma pesquisa descritiva, com abordagem qualitativa, que compreende um conjunto de diferentes técnicas interpretativas que visam descrever e a decodificar os componentes de um sistema complexo de significados (NEVES, 1996). A coleta de dados foi realizada no período de dezembro (2011) e janeiro (2012), o local de estudo foi uma escola estadual profissionalizante situada na Regional VI no município de Fortaleza, Ceará. Na época do estudo, haviam 317 alunos matriculados entre o 1º e o 2º ano, distribuídos nos cursos de finanças, técnico de enfermagem, estética e informática. Essa instituição foi escolhida por ser campo de troca de conhecimento e experiências no acompanhamento dos alunos bolsistas (PIBIC - CNPq) do ensino médio. Os dados foram coletados por meio de entrevista semiestruturada contendo as seguintes questões norteadoras: (1) descreva as situações de violência que você vivenciou onde você mora e por onde você anda; (2) descreva as situações de violência que você vivenciou na escola. As entrevistas foram gravadas e posteriormente transcritas.Para análise dos dados foi utilizada a técnica de Análise de Conteúdo proposta por Bardin (2008), que representa um conjunto de técnicas de análise de comunicações: pré- análise, a descrição analítica e a interpretação inferencial.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Os alunos têm em média de idade de 17 anos, são estudantes de uma escola técnica estadual, naturais da capital do Estado do Ceará, evangélicos. São quatro alunos de estética, dois da enfermagem, dois da informática e dois de financias.Nos últimos anos, casos de violência ocorridos nas escolas têm sido cada vez mais noticiados. Não apenas a presença cada vez recorrente, mas, sobretudo a gravidade envolvida (ALVES, 2009). O Bullying foi a forma de violência vivenciada na escola mais relatada pelos adolescentes. “Acho que o bullying, porque o bullying é a maior de todas porque o povo tá acostumado a encarar isso como uma coisa normal, mas não é” (A6). “Questão do bullying na escola e também tem aquela violência verbal. Dizem que palavras não ferem que são só atitudes... mas isso nem sempre acontece não. Palavras também machucam” (A3).A violência familiar contra a criança e o adolescente é um problema de saúde pública em todo o mundo. Trata-se de questão secular e transcendente (ROCHA, MORAES, 2011). “Ela era violentada pelo meu pai, tipo no caso o marido dela, não meu pai biológico. E também meus irmãos eram violentados.E assim era sempre uma cadeia, meu irmão mais velho batia na minha irmã, minha irmã batia no meu irmão que é um pouco mais velho do que eu, e o meu irmão batia em mim...” (A3).Ao tentarem estabelecer limites através de ameaças, tapas e palmadas, os pais acabam por utilizar formas cada vez mais severas de agressão na resolução dos conflitos familiares, resultando
CONCLUSÕES:
A violência escolar é muito caracterizada pelo Bullying, alunos que sofrem não apenas violência física, mas também verbal e psicológica, causando danos por toda sua vida. É necessário cada vez mais alertar os gestores escolares para esse fato, mostrando as consequências negativas para os alunos. O setor saúde por meio da Estratégia Saúde da Família deve unir forças com a escola, no intuito de reforçar a prevenção, realizando campanhas e ações educativas.No que diz respeito à violência familiar e da comunidade é importante que os profissionais responsáveis identifiquem o problema durante a visita domiciliar, observado os sinais de perigo e orientando os membros da familiar, além de notificar os casos confirmados e encaminhar para os órgãos competentes.Com base nos resultados, pode-se compreender a extrema necessidade de prevenção e de enfrentamento da violência que acomete os adolescentes, havendo necessidade de agir junto à família, comunidade e sociedade em geral, uma vez que suas sequelas atingem dimensões e gravidade expressivas.
Palavras-chave: Adolescente, violencia, violencia domestica.