65ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 7. Fisiologia - 5. Fisiologia
ESTUDO DOS PARÂMETROS RESPIRATÓRIOS, MORFOMÉTRICOS E DO CONSUMO ALIMENTAR DE Corydoras schwartzi (RÖSSEL, 1963), SUBMETIDO À HIPÓXIA
Priscila Rafaela Leão Soares - Depto. de Morfologia e Fisiologia Animal (DMFA) - UFRPE
André Lucas Corrêa de Andrade - Depto. de Morfologia e Fisiologia Animal (DMFA) - UFRPE
Danilo Martim Fonseca Oliveira - Depto. de Morfologia e Fisiologia Animal (DMFA) - UFRPE
Maria Adélia Borstelmann de Oliveira - Profa. Dra. - Depto. de Morfologia e Fisiologia Animal (DMFA) – UFRPE
Franklin Magliano da Cunha - Dr. - Depto. de Morfologia e Fisiologia Animal (DMFA) – UFRPE
Pabyton Gonçalves Cadena - Prof. Dr./Orientador - Depto. de Morfologia e Fisiologia Animal (DMFA) – UFRPE
INTRODUÇÃO:
A coridora-tigre, Corydoras schwartzi (Rössel, 1963), são peixes endêmicos da bacia amazônica, precisamente da bacia do rio Purus (MATSUO e VAL, 2002) e de importância econômica no comércio ornamental. São animais que vivem próximos ao substrato (VAN WASSENBERGH et al., 2009), região que pode apresentar baixos níveis de oxigênio dissolvido - Hipóxia. O oxigênio no meio aquático é de extrema importância para manutenção dos processos fisiológicos dos peixes, estando este intimamente relacionado com a sobrevivência dos animais, bem como a sua distribuição no habitat (FERREIRA et al., 2009; BOLNER, 2007). A hipóxia é considerada um agente estressor, pois promove reduções no crescimento, no desenvolvimento, alterações nos parâmetros hematológicos, mudanças morfológicas, comportamentais (DOMENICI et al., 2011) e imunológicas (BURT et al., 2012). As principais estratégias usadas em ambientes hipóxicos por peixes são respiração aérea e supressão metabólica. Entretanto, o gasto de energia para o desenvolvimento desse mecanismo é considerado desvantajoso, pois a energia poderia estar sendo utilizada no crescimento e na reprodução.
OBJETIVO DO TRABALHO:
O presente trabalho teve por objetivo avaliar o efeito da hipóxia nos parâmetros respiratórios, morfométricos e no consumo alimentar de Corydoras schwartzi, a fim de entender como a hipóxia afeta fisiologicamente estes parâmetros no animal.
MÉTODOS:
Os experimentos foram realizados no Laboratório de Ecofisiologia e Comportamento Animal – LECA, da Universidade Federal Rural de Pernambuco – UFRPE. Sendo realizados com fotoperíodo de 12 por 12 claro/escuro. Os animais foram selecionados de forma aleatória, separados em 4 grupos de 10 animais. Os grupos 1 e 2 foram mantidos em normóxia (11 ppm) sob aeração artificial, o 3 e 4 foram mantidos em hipóxia (6 ppm) por desconexão do sistema de aeração (MORAES et al., 2002). As coridoras foram impedidas de chegar à superfície devido a uma tela plástica fixada a 2 cm da lâmina d’água para evitar a respiração aérea. Os animais foram monitorados por 13 dias (MELO et al., 2009).
Foi administrado diariamente 0,100 mg de ração. A ração foi ofertada durante 4 horas, tempo determinado previamente como de saciedade para estes animais. Após este período, a ração não consumida foi removida do aquário para evitar contaminação. A verificação da massa corpórea e o comprimento (focinho à cauda) em relação ao crescimento foram medidos nos dias 1º, 5º, 9º, 13º de experimento. Realizou-se um registro diário do batimento opercular com o auxílio de uma câmera fotográfica. A contagem foi realizada em triplicata, sendo cada animal analisado em câmera lenta durante um minuto.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Foi observada uma redução no consumo de alimento entre os peixes normóxicos e hipóxicos. Para o 1º e 13º dia, foram observados valores de 0,0149 ± 0,007 e 0 g/ind. indicando uma queda no consumo de ração com o tempo de exposição à hipóxia. Nos animais submetidos à aeração artificial, não foram observadas valores abaixo de 0,04 g/ind. no consumo de ração. Para tal resultado Melo et al. (2009), afirmam que um dos primeiros indícios de estresse por hipóxia é a rejeição dos alimentos. Os dados morfométricos não apresentaram diferenças significativas pelo teste de Tukey (p<0,05) no peso e comprimento para os grupos de peixes avaliados. Para os peixes hipóxicos, os valores exibidos para o peso e comprimento no 1º (2,31 ± 0,21 g e 4,74 ± 0,16 cm) e 13º (2,50 ± 0,19 g e 4,97 ± 0,14 cm) dia não apresentaram diferença significativa. Houve um aumento na frequência dos batimentos operculares para os peixes hipóxicos em relação aos normóxicos no 2º (254 ± 22,33 e 241,33 ± 32,56) e 13º (373,66 ± 39,31 e 326,66 ± 13,05) dia. Os animais submetidos à hipóxia apresentaram maior frequência de batimentos operculares, pois é uma das primeiras respostas fisiológicas observadas nos peixes em ambientes hipóxicos (FERREIRA et al., 2009).
CONCLUSÕES:
Os resultados indicaram que a hipóxia age como agente estressor, visto que ocorreu redução no consumo de alimento pelos animais hipóxicos, contudo não foram observadas alterações na morfometria e peso dos animais provavelmente devido ao tempo de experimentação. No entanto, a hipóxia influenciou diretamente na frequência respiratória de C. schwartzi submetidos a baixas concentrações de oxigênio, verificada pelo aumento dos batimentos operculares. A frequência respiratória não sofre apenas influência das baixas concentrações de oxigênio dissolvido, como também é influenciada pelo aumento da taxa metabólica pelas atividades de manutenção dos processos biológicos. Diante dos resultados obtidos sugere-se que Corydoras schwartzi pode ser utilizada como espécie bioindicadora para estudos de hipóxia.
Palavras-chave: Batimento opercular, Coridora-tigre, Baixos níveis de oxigênio.