65ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 11. Morfologia - 5. Histologia
MEDICAMENTO FEITO A PARTIR DE CISTOS DE Toxoplasma gondii PROTEGE A SUBMUCOSA JEJUNAL DE CAMUNDONGOS DA ATROFIA CAUSADA PELA INFECÇÃO TOXOPLÁSMICA
Mônica de Oliveira Belém - Graduanda em Biomedicina, Universidade Estadual de Londrina –UEL
Caroline Felicio Braga - Doutoranda em Ciências da Saúde, Universidade Estadual de Maringá – UEM
Silvana Marques de Araújo - Prof.aDr.aDepto de Ciências Básicas da Saúde, Universidade Estadual de Maringá
Eduardo José de Almeida Araújo - Prof. Dr. Depto. de Histologia, Universidade Estadual de Londrina – UEL
INTRODUÇÃO:
A Toxoplasmose, causada pelo protozoário Toxoplasma gondii, é uma zoonose de distribuição mundial. Estudos epidemiológicos mostram que a prevalência da doença é alta, com média mundial de 45 a 50% e, no Brasil, pode chegar até a 80% dependendo da região estudada. Esses valores estão diretamente relacionados aos hábitos e cultura da população. A via de entrada natural do parasito no organismo é o trato digestório, levando a alterações teciduais da parede intestinal. O jejuno é o maior órgão do tubo digestório e por isso apresenta a maior superfície de contato para o T. gondii. Na parede intestinal, a tela submucosa abriga vasos de grande calibre e o plexo de Meissner que envia sinalizações diretamente para a mucosa, local onde ocorre o primeiro contato do parasito com o órgão. A toxoplasmose ainda não tem cura ou mecanismo de prevenção, mas apenas medidas profiláticas. Pouco se conhece ainda sobre os tratamentos para essa doença, ficando o paciente sem grande perspectiva de cura. O uso de medicamentos ultradiluídos tem se mostrado eficaz na prevenção, tratamentos e manejo de diversas doenças humanas e veterinárias. Os bioterápicos são um destes medicamentos que utilizam produtos biológicos quimicamente indefinidos, como os próprios microorganismos causadores de infecção.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Avaliar o possível efeito protetor de um medicamento feito a partir de cistos de Toxoplasma gondii (bioterápico ou nosódio) em várias diluições sobre a morfometria da tela submucosa intestinal de camundongos infectados com a mesma cepa do parasito.
MÉTODOS:
Foram utilizados 56 camundongos (Mus musculus) swiss machos com 60 dias distribuídos em 8 grupos (n=7) segundo diluições bioterápicas: BIOT-TG7DH (Decimal de Henring, diluição de 1:10x); BIOT-TG17DH; BIOT-TG30DH; BIOT-TG60DH; GCInfec (infectado e tratado com álcool de cereais 7%) tratados três dias consecutivos antes da infecção com 0,1mL/4x/dia no 1o dia e 0,1mL/2x/dia no 2o e 3o dias. Grupos BIOT-TG100DH e BIOT-TG200DH tratados com 0,1mL/dose única/dia; e GCN (não infectado e não tratado). O bioterápico foi produzi a partir de macerado de cérebro de camundongo infectado (20 cistos de T. gondii/100µL; média de 242 bradizoítos/cistos) segundo Farmacopéia Homeopática Brasileira, 2011. Com exceção do GCN, todos os grupos foram infectados (VO) com 20 cistos teciduais, cepa ME49 genótipo II, de T. gondii. Aos 60 dpi, coletou-se o jejuno para realização de cortes histológicos corados com HE. Foi mensurada a espessura da submucosa em 80 pontos/animal/grupo com auxilio de imagens analisadas por intermédio do software Motic Images Plus 2.0. Foi realizada análise estatística no programa GraphPadPrism5.0 para avaliar: normalidade- teste de D’Agostino Pearson; e comparação dos grupos - teste de Kruskal Wallis, considerando p<0,05. Dados são apresentados como mediana (percentil25; percentil 75).
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
A infecção causada pelo T. gondii provocou atrofia de aproximadamente 22,5% (p<0,05) na espessura da tela submucosa do jejuno dos animais do GCInfec [21,4 (19,3; 22,9)] quando comparado aos animais do GCN [27,6(18,1; 38,8)]. Isso é um indicativo de que as estruturas normalmente encontradas nesta região, como vasos e gânglios do plexo de Meissner, possam ter sofrido alterações estruturais com o intuito de se adaptarem ao menor espaço disponível, o que sugere comprometimento de suas funções. Por outro lado, os animais tratados previamente com o medicamento feito a partir de cistos de Toxoplasma gondii com diluições de 1:1017, 1:1030, 1:10100 e 1:10200 não apresentaram esta atrofia quando infectados com o T. gondii. Poucos são os estudos na literatura que avaliaram a morfometria da tela submucosa de animais infectados com T. gondii, mas das poucas produções encontradas é possível perceber que em camundongos normalmente se observa atrofia da submucosa quando infectados com T. gondii, enquanto que em outros modelos experimentais, como em gatos domésticos, frangos e porcos, a tela submucosa se comporta de forma oposta, ou seja, há uma tendência ao aumento de sua espessura.
CONCLUSÕES:
Os resultados deste estudo demonstraram que medicamento ultradiluído feito a partir de cistos de Toxoplasma gondii nas diluições 1:1017, 1:1030, 1:10100 e 1:10200 apresentaram efeito protetor à morfometria da tela submucosa jejunal, no sentido de impedir a sua atrofia, de camundongos infectados com a mesma cepa do parasito utilizado para preparo do ultradiluído.
Palavras-chave: Morfometria intestinal, Medicamento ultradiluído, Toxoplasmose.