65ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 11. Morfologia - 6. Morfologia
EFEITO DA RESTRIÇÃO PROTEICA DURANTE OS PERÍODOS INTRAUTERINO E LACTACIONAL NO TÚBULO SEMINÍFERO DO TESTÍCULO DE RATOS WISTAR IMATUROS
Jessica Santana de Oliveira - Depto. de Morfologia e Fisiologia Animal – UFRPE
Alluanan Adelson do Nascimento Silva - Depto. de Morfologia e Fisiologia Animal – UFRPE
Carolina Peixoto Magalhães - Profa. Dra./Depto. de Anatomia – UFPE
Sandra Lopes de Souza - Profa. Dra./Depto. de Anatomia – UFPE
Valdemiro Amaro da Silva Junior - Prof. Dr./Depto. de Morfologia e Fisiologia Animal – UFRPE
Elizabeth Neves de Melo - Profa. Dra./Orientadora - Depto. de Anatomia – UFPE
INTRODUÇÃO:
Os organismos durante as etapas iniciais da vida podem ser moldados pelo meio-ambiente (nutrientes e oxigênio recebidos pela mãe) mesmo diante da atuação genética. Em presença de uma alimentação insuficiente no ponto de vista quantitativo ou qualitativo, o sistema nervoso programa-se de modo a reduzir o crescimento. Essa programação é definida como o processo de modificações e adaptações na estrutura e função do organismo, com efeitos duradouros ou permanentes, ocasionados por um estímulo ou insulto durante o período de desenvolvimento. Alterações na capacidade reprodutiva, tanto o início quanto a manutenção, são exemplos de programação. Estudos demonstram que animais adultos sujeitos à desnutrição apresentam modificações da função sexual, diante de alterações estruturais no testículo e interrupção do processo espermatogênico, mas tais efeitos são geralmente temporários. Por outro lado, quando a desnutrição acontece durante os períodos iniciais de vida, o desenvolvimento testicular é colocado em risco, visto que nesses períodos ocorrem eventos importantes para a atividade reprodutiva. Assim, estudos que investiguem as alterações testiculares causadas por estímulos no início do desenvolvimento, como a restrição alimentar, são de grande importância e ainda escassos na literatura.
OBJETIVO DO TRABALHO:
O objetivo deste trabalho foi investigar o efeito da restrição proteica durante os períodos de vida intrauterina e de lactação sobre os testículos dos filhotes sexualmente imaturos, analisando tal órgão de maneira quantitativa e qualitativa.
MÉTODOS:
Fêmeas de ratos Wistar foram acasaladas e divididas em: Grupo Desnutrido (GD), alimentadas com a dieta hipoproteica (caseína 8%) durante a prenhez e a lactação; e Grupo Controle (GC), alimentadas com a dieta normoproteica (caseína 17%) em tais períodos. Após o desmame, aos 21 dias de idade, ambas as proles experimentais receberam a dieta normoproteica até a eutanásia, aos 35 dias. Os animais foram anestesiados, perfundidos com paraformaldeído 4% e orquiectomizados. Os testículos foram pesados, seccionados, pós-fixados por imersão e direcionados para processamento histológico. O índice gonadossomático (IGS) foi obtido através dos pesos corporal e testicular aferidos no dia da eutanásia. O diâmetro tubular, a altura do epitélio seminífero e o diâmetro do lume foram medidos através do perfil transversal de 30 túbulos. O comprimento total dos túbulos seminíferos (CTS) por testículo foi obtido a partir do volume ocupado pelos túbulos seminíferos (VTS) e do diâmetro tubular médio pela seguinte fórmula: CTS = VTS / πR2. A proporção volumétrica dos compartimentos testiculares foi calculada utilizando um retículo com 441 pontos sobreposto em 15 campos aleatórios por animal. Os dados foram analisados pelo teste de Mann Whitney com α=5%.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Os pesos corporal e testicular foram significativamente menores no GD em relação ao GC, como amplamente descrito na literatura. O IGS não se mostrou diferente devido às reduções proporcionais que ocorreram em ambos os pesos no GD. Houve uma redução significativa no diâmetro tubular (GD=126 µm; GC=145 µm), na altura do epitélio seminífero (GD=35 µm; GC=46 µm), e no comprimento total dos túbulos seminíferos por testículo (GD=16 m; GC=28 m) no GD em relação ao GC. De acordo com a literatura, as reduções no diâmetro tubular, na altura do epitélio e no comprimento tubular são os principais afetados pela redução do peso testicular devido à restrição alimentar. Entretanto, o diâmetro do lúmen tubular não mostrou diferença significante (GD=60 µm; GD 60 µm), o que contribui ainda mais para enfatizar as reduções anteriores. A análise da proporção volumétrica mostrou uma redução de 5,5 % no compartimento tubular e um aumento de 26% no interstício no GD, o que pode ser explicado pela redução do diâmetro tubular no GD. Como a produção espermática máxima é relacionada diretamente com o diâmetro e o comprimento do túbulo seminífero, as reduções significantes observadas no GD anunciam uma diminuição na produção de gametas quando esses indivíduos atingirem a fase adulta.
CONCLUSÕES:
Os resultados mostram que a nutrição da fêmea durante prenhez e lactação desempenha um papel importante no crescimento pós-natal e desenvolvimento testicular. Tal fato foi representado pela redução de parâmetros cruciais tanto para o início da atividade reprodutora quanto para a sua manutenção. Dessa forma, o processo espermatogênico e a produção espermática serão colocados em risco ao atingir a maturidade sexual.
Palavras-chave: Morfometria, Caseína, Desnutrição.