65ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 2. Medicina - 3. Clínica Médica
NECESSIDADES DE CUIDADOS PALIATIVOS EM ENFERMARIAS DE CLÍNICA MÉDICA DE UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO
Amanda Dantas Cavalcante Ferreira - Estudante de Graduação em Medicina da Universidade Federal da Paraíba (UFPB)
Lunna Maria Casimiro Sarmento - Estudante de Graduação em Medicina da Universidade Federal da Paraíba (UFPB)
Aline Dantas de Sá - Estudante de Graduação em Medicina da Universidade Federal da Paraíba (UFPB)
Liana Luz Lima - Estudante de Graduação em Medicina da Universidade Federal da Paraíba (UFPB)
Taynah Pontes Machado - Estudante de Graduação em Medicina da Universidade Federal da Paraíba (UFPB)
Rilva Lopes de Sousa-Muñoz - Docente do Departamento de Medicina Interna, Centro de Ciências Médicas (UFPB)
INTRODUÇÃO:
A assistência hospitalar desempenha um papel importante no final da vida, mas pouco se sabe sobre a magnitude e as características da população que necessita de internamento paliativo em hospitais gerais. Cuidados Paliativos são prestados a pacientes com doenças irreversíveis quando se reconhece que eles se encontram fora de possibilidades terapêuticas de cura, sendo o enfoque posto no controle dos sintomas e melhora da qualidade de vida. A despeito da relevância dessa área, a prática dos Cuidados Paliativos é uma modalidade de assistência ainda pouco difundida. No Brasil, ainda são poucos os serviços de Cuidados Paliativos, e os pacientes recebem essa assistência em hospitais gerais. O principal problema de pesquisa deste estudo é: a frequência em que pacientes internados em enfermarias de Clínica Médica geral do Hospital Universitário Lauro Wanderley necessitando de cuidados paliativos é alta? O problema de pesquisa secundário é: o resultado obtido pelo paciente com a assistência recebida no serviço em relação ao controle da dor e desconforto é insuficiente?
OBJETIVO DO TRABALHO:
Identificar a prevalência de necessidade de cuidados paliativos nas enfermarias de Clínica Médica do Hospital Universitário Lauro Wanderley (HULW), verificar como estes são organizados, se há controle dos sintomas, assim como quais os subgrupos mais prevalentes de problemas dentro dos critérios da Associação Nacional de Cuidados Paliativos.
MÉTODOS:
Estudo observacional e transversal. Foram realizadas entrevistas diretas mediante aplicação de instrumentos padronizados à beira-do-leito. Também foram analisados os prontuários médicos e as prescrições dos pacientes. Os pacientes que preenchiam a definição de necessidade de cuidados paliativos, segundo os Critérios de Terminalidade da Academia Nacional de Cuidados Paliativos (ANCP), foram avaliados com a Escala de Sintomas de Edmonton (ESAS), a Escala de Desempenho Físico de Karnofsky, a Escala de Performance Paliativa (PPS) e a Escala de Resultados de Cuidados Paliativos, além do Formulário Clínico-Demográfico, aplicado a todos os pacientes, independentemente da necessidade de cuidados paliativos, registrando-se características sócio-demográficas, informações sobre diagnóstico e plano de cuidados.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Foram incluídos 90 pacientes no estudo, 46 (51,1%) mulheres, média de idade de 48,3 anos (±18,8). Verificou-se que 30 (33,3%) necessitavam de Cuidados Paliativos (CP), 70% deles do sexo masculino. A literatura aponta que a prevalência de situações de enfermidade avançada-terminal nos hospitais especializados é de 26 a 40%, mas não há estudos publicados no contexto de hospitais gerais. Observou-se que mais de 50% desses pacientes preencheram os critérios para CP por síndrome de fragilidade ou por doença hepática avançada. Observou-se que 98,9% responderam ser a assistência disponível por 24h, 73 (81,1%) responderam que obtiveram alívio dos sintomas com a hospitalização. Todos os pacientes relataram assistência de médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem, mas uma minoria referiu atendimento por outros profissionais necessários aos pacientes sob CP. Entre os sintomas referidos por meio da ESAS, a ansiedade foi o mais intenso. Dor, sonolência e bem estar associaram-se significativamente nos 30 pacientes que necessitavam de CP. A escala de desempenho físico de Karnofsky e a PPS associaram-se fortemente (87%).
CONCLUSÕES:
A prevalência de necessidade de CP nas enfermarias de Clínica Médica do HULW é elevada, considerando-se que é um hospital geral. Os CP estão organizados de forma incompleta, faltando profissionais importantes à equipe de saúde para esses pacientes (psicólogo, terapeuta de reabilitação), sobretudo portadores de síndrome de fragilidade e doença hepática. Mas houve satisfatório controle dos sintomas. As escalas que estimam desempenho físico correlacionaram-se entre os pacientes que necessitavam de CP, indicando fidedignidade nessa aferição na população avaliada. Os resultados têm implicação para a prática clínica, pois a maioria dos estudos anteriores foi limitada a diagnósticos específicos, a idosos ou a serviços especializados de Cuidados Paliativos. A utilização mais ampla do ambiente hospitalar geral na prestação desses cuidados precisa ser mais pesquisada, uma vez que a maioria dos serviços não dispõe de unidade especializada para CP.
Palavras-chave: Internamento paliativo, Assistência hospitalar, Qualidade de vida.