65ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 4. Educação Básica
Os Livros Didáticos de História para anos iniciais da Educação Básica: avanços e desafios
Andréa Giordanna Araujo da Silva - Profa. Ma. Depto.de Educação – UFAL
INTRODUÇÃO:
Os resultados apresentados neste estudo são fruto do interesses e necessidades dos docentes da Universidade Federal de Alagoas (formadores dos profissionais de ensino) de conhecerem as reais demandas das escolas, com relação aos saberes e metodologias que constituem as práticas de ensino da História, ministrados para crianças, jovens e adultos, nos anos iniciais da Educação Básica. Sabendo-se que o livro de história tem sido adotado como currículo, nos espaços em que é corrente atuação de um professor polivalente, faz-se necessário investigar a qualidade das informações a que os professores e alunos dos anos iniciais do Ensino Fundamental têm acesso por meio do Livro Didático de História (LDH). A História Social apresenta-se como base teórica e metodológica desta pesquisa devido a sua condição de campo de práticas interdisciplinares e devido à multiplicidade de objetos de estudo, fontes e protagonistas (sujeitos históricos) que propicia investigar (José D’Assunção BARROS, 2005; Edward Palmer THOMPSON, 1987).
OBJETIVO DO TRABALHO:
Analisar, por meio de uma abordagem crítica, a qualidade historiográfica dos conteúdos e das representações dos sujeitos e conteúdos históricos, instituídos pela LDB (Lei nº 9.394) como objeto de ensino (indígenas e negros), presentes nos Livros Didáticos de História, aprovados pelo Ministério da Educação, por meio dos Programas Nacionais do Livro Didático, para o Ensino Fundamental e EJA.
MÉTODOS:
Mapeamento, seleção e análise de diferentes livros didáticos de História utilizados por 10 professores atuantes (nos anos de 2011 e 2012) no Ensino Fundamental de escolas públicas de Maceió, e pelos monitores (estudantes de graduação), atuantes em duas salas de EJA, instituídas em espaços prisionais do mesmo município. Cabe lembrar que cada obra analisada configura-se como proposta curricular das instituições de ensino em que foram coletadas. Assim, a partir do exame dos conhecimentos expressos nos LDHs, observou-se que, de modo geral, existe uma carência de referências às fontes historiográficas em que foram extraídas as informações amoldadas (ou didatizadas) para o LDH e, também, evidencia-se a presença de informações incompletas ou que já foram revistas por diferentes abordagens historiográficas (como a questão do “Descobrimento do Brasil”, da inabilidade dos povos indígena para práticas agrícolas e a inferioridade civilizacional dos negros escravizados oriundos dos povos e reinos africanos).
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Existe uma clara preocupação dos autores em indicarem fontes multimídia como artifício de acesso as saberes históricos. Este elemento propositivo serve de estimulo à pesquisa tanto dos alunos como dos professores. Também os textos escritos (letras de música, poemas e notícias de jornais) e imagéticos (ilustrações, fotografias, tiras dentre outros) apresentam-se em significativa proporção em relação ao material escrito, o universo visual e a interpretação discursiva tem ganhado bastante espaço no LDH. Todavia, embora, as corporaturas dos negros e indígenas se encontram presentes nas obras, a história desses sujeitos não é apresentada de forma analítica e/ou reflexiva, o foco está na apresentação de informações restritas e “definitivas”. A história da população negra contemporânea é imêmore. Não encontramos qualquer referência as práticas culturais (religiosidade, festividades ou produções artistas) e políticas (movimentos sociais) vivenciadas pelos grupos negros (juventudes e mulheres, por exemplo) e das sociedades indígenas e quilombolas contemporâneas.
CONCLUSÕES:
O livro didático é um recurso importante para difusão do saber histórico, é uma fonte de pesquisa que deve ser coerente com as investigações do campo da História, pois se apresenta como o instrumento de estimulo a crítica e reflexão da realidade. Logo, a exposição errônea e qualitativamente limitada de um conteúdo pode caracteriza-se como uma interferência significativa no desenvolvimento da prática de interpretação e na formação do aluno. A informação equivocada torna-se mais um obstáculo ao trabalho do professor, que em vez de ampliar os saberes presentes no livro, por meio de investigações aprofundadas, deve limita-se ao trabalho de corrigi-lo. No caso específico do livro da EJA, segue a perspectiva de alfabetização, com a preferência por obras em volume único, logo os saberes relacionados ao ensino da História estão envoltos com enunciados de outros campos, busca-se uma escrita de perspectiva interdisciplinar, porém na obra analisa “Caminhos para a Cidadania: alfabetização e diversidade” (2009), não encontramos uma fundamentação histórica consistente para as temáticas ressaltadas nas poucas páginas direcionadas ao ensino da História e, como os demais livros, a obra não faz alusão a corrente historiográfica que dá sustentação aos conhecimentos didatizados.
Palavras-chave: Ensino de História, Ensino Fundamental, EJA.