65ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 5. Medicina Veterinária - 3. Medicina Veterinária Preventiva
Preservação do metabolismo mitocondrial de culturas mistas de rato tratadas com mel de Tetragonisca angustula e infectadas in vitro com Neospora caninum.
Caroline Dantas Primo Marques - Laboratório de Bioquímica e Imunologia Veterinária CCAAB – UFRB
Ângela Cristina de Oliveira Lima - Laboratório de Bioquímica e Imunologia Veterinária CCAAB – UFRB
Cíntia da Silveira Santana - Laboratório de Bioquímica e Imunologia Veterinária CCAAB – UFRB
Philipe de Oliveira Brito - Laboratório de Bioquímica e Imunologia Veterinária CCAAB – UFRB
Alexandre Moraes Pinheiro - Prof. Dr/Orientador – Centro de Ciências Agrárias Ambientais e Biológicas - UFRB
INTRODUÇÃO:
A neosporose é uma enfermidade causada pelo Neospora caninum, um protozoário intracelular obrigatório. Essa doença apresenta os canídeos como hospedeiros definitivos e bovinos, bubalinos e caprinos como hospedeiros intermediários. A infecção em bovinos é caracterizada por abortamentos, o que representa grandes perdas econômicas na pecuária mundial e nos caninos distúrbios neuromusculares. Esse parasito apresenta tropismo pelo sistema nervoso central que vem se tornando alvo estudos recentes. O SNC é constituído por neurônios e pelas células da glia. Essas ultimas representam cerca de 90% do total de células presentes no SNC, dentre as quais destacam-se as microglias e os astrócitos. A primeira são fagócitos ativos que aumentam em quantidade quando estimuladas. Já os astrócitos participam da formação e armazenamento de glicogênio, fornecimento de energia e são as primeiras a responderem as lesões no SNC. O mel vem sendo pesquisado pela indústria farmacêutica e tem apresentado importantes propriedades terapêuticas como ação anti-inflamatória, antimicrobiana, além de modular a resposta inflamatória com a liberação de citocinas.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Avaliar o metabolismo mitocondrial de culturas mista (astrócitos e microglias) de rato tratadas com mel de Tetragonisca angustula e infectadas in vitro com Neospora caninum.
MÉTODOS:
Culturas mistas foram obtidas do córtex de cérebro de ratos neonatos e dissociadas mecanicamente por uma membrana de filtro de 80um. As células foram plaqueadas numa quantidade de 3,5 x 105 células por poço em placas de 12 poços. Essas foram mantidas em meio RPMI suplementado com 10% de soro fetal bovino, 1mM de ácido pirúvico e 2mM de L- glutamida e incubadas em estufa a 37 ºC com 5% de CO2, com trocas regulares de meio a cada 48h. Após 8 dias de cultivo foi adicionado 1% de mel de Tetragonisca angustula ao meio de cultura. Os taquizoítos de N. caninum da cepa NC-Bahia foram mantidos em culturas de células Vero, com trocas regulares de meio RPMI enriquecido com 10% de soro fetal bovino. Estes foram purificados e utilizados para infecção das culturas mistas obedecendo-se a razão célula: taquizoítos de 1:1. A infecção das culturas mistas ocorreu com 15 dias de cultivo e utilizou-se um tempo de contato de 72 horas para o início das análises. O MTT foi adicionado às culturas duas horas antes do término do tempo de infecção e quantificado por espectrofotometria a fim de avaliar o metabolismo mitocondrial.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
A habilidade da desidrogenase mitocondrial em converter MTT demonstra a integridade da atividade mitocondrial e consequentemente viabilidade celular. Observou-se que nas culturas de células infectadas pelo N. caninum houve um aumento significativo do metabolismo mitocondrial de mais de 100%. Entretanto aquelas que foram tratadas com 1% de mel de Tetragonisca angustula, não apresentaram alteração no seu metabolismo. Já as culturas infectadas e tratadas com mel tiveram uma redução do metabolismo quando comparadas as culturas infectadas. O mel é um composto rico em carboidratos, além de diversas substâncias, como os flavonoides. A composição deste produto pode ter influenciado a manutenção do metabolismo mitocondrial das culturas tratadas com mel, uma vez que o MTT pode sofrer alterações quando na presença de flavonoides. Com relação ao aumento significativo do metabolismo observado nas culturas infectadas, esse provavelmente se deve à multiplicação das microglias ou a um aumento compensatório por conta da infecção. A redução significativa no MTT das culturas infectadas e tratadas com mel pode ter ocorrido devido a comunicação existente entre astrócitos e microglias, fazendo com que as células infectadas desencadeassem, possivelmente, um processo apoptótico.
CONCLUSÕES:
A adição de 1% do mel de Tetragonisca angustula nas culturas mistas (astrócitos e micróglia), não promoveu alteração do metabolismo mitocondrial.
Palavras-chave: Células gliais, Parasito, Neosporose.