65ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 7. Fisiologia - 5. Fisiologia
GERMINAÇÃO IN VITRO DE COMANTHERA CURRALENSIS
Andressa Priscila Piancó Santos Lima - Bolsista PIBIC/CNPq. UEFS
José Raniere Ferreira de Santana - Porf. Dr./Orientador - Depto. de Ciências Biológicas - UEFS
Mara Márcia Sampaio Albuquerque - Mestranda. UEFS
Alone Lima Brito - Bióloga. UEFS
INTRODUÇÃO:
"Sempre-vivas" são plantas da família Eriocaulaceae, cujas estruturas, escapos florais e inflorescências, conservam a aparência in natura. mesmo depois de destacadas e secas (Giulietti et al., 1988; Giulietti et al., 1996; Nunes et al., 2008; Schmidt et al., 2008). Algumas destas espécies são largamente usadas para fins de decoração, fato que lhes confere um alto valor comercial, principalmente no mercado internacional (Giulietti et al., 1988; Scatena et al., 1996). Dentre estas, está Comanthera curralensis. Moldenke L.R. Parra & Giul., que ocorre na região conhecida como Tabuleiro dos Tigres, na Bahia (Cerqueira et al., 2008; Parra et al., 2010). A atividade exploratória de C. curralensis é inteiramente baseada no extrativismo e adotada por pessoas da própria região como meio de subsistência. (Giulietti et al., 1996; Giulietti et al. 1988; Schmidt et al., 2008). Dessa forma, esta espécie está sendo extinta de seu ambiente natural, o que coloca em risco a diversidade da flora regional e a continuidade da tradicional atividade econômica da região (Nunes et al., 2008; Parra et al., 2010). A aplicação das técnicas de cultura de tecidos vegetais pode ser uma alternativa para a propagação desta espécie. A micropropagação é uma das técnicas da cultura de tecidos que engloba diferentes etapas, e se inicia com o estabelecimento da cultura in vitro (Grattapaglia & Machado, 1998; Lima-Brito et al, 2010; Bevilacqua et al., 2011).
OBJETIVO DO TRABALHO:
Avaliar a germinação in vitro de sementes de Comanthera curralensis em meio de cultura com diferentes concentrações de sais e sacarose.
MÉTODOS:
As sementes de C. Curralensis, coletadas no entorno da cidade de Morro do Chapéu, foram desinfestadas em álcool 70% (1 minuto) e hipoclorito de sódio 2,5% (10 minutos), lavadas em água destilada autoclavada (4x) e semeadas em frascos de 250 mL contendo 60 mL de meio de cultura MS (Murashige & Skoog, 1962) completo ou com a metade das concentrações salinas (MS½). Os meios de cultura foram suplementados com 7,5; 15 ou 30 g.L-1 de sacarose e gelificados com 7g.L-1 de ágar.
Foi utilizado o delineamento experimental inteiramente casualizado, com arranjo fatorial 2x3, sendo duas concentrações de sais e três concentrações de sacarose.
Ao final de 46 dias, os dados obtidos foram calculados conforme a análise de Santana & Ranal (2000), sendo avaliadas as variáveis: germinabilidade (%G), tempo médio de germinação (TMG), índice de velocidade de germinação (IVG) e coeficiente de uniformidade de germinação (CUG).
O pH do meio foi ajustado para 5,7 antes da autoclavagem a 120°C por 15 minutos e as culturas foram mantidas em sala de crescimento com temperatura de 25±3°C, fotoperíodo de 16h e radiação fotossintética ativa de 60 μmol.m-2.s-1.
Os dados foram avaliados estatisticamente mediante análise de variância (ANOVA), e as médias comparadas pelo Teste de Tukey a 5% de probabilidade de erro, com a utilização do programa SISVAR 5.3 (Ferreira, 2005).
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Observou-se neste trabalho que a germinação iniciou-se aos 21 dias de cultivo (3ª semana), e, a partir da 7ª semana, as taxas de germinação começaram a decair e cessaram a partir da 9ª semana (63 dias após a semeadura). Não houve interação entre as concentrações de sais e de sacarose. Observou-se um aumento na germinabilidade e na velocidade de germinação das sementes com a diminuição das concentrações de solutos no meio. A máxima porcentagem de germinação (21%), assim como o maior IVG (0,013), foram obtidos com o meio MS ½ suplementado com 15 g.L-1 de sacarose (T1), o qual diferiu estatisticamente dos demais tratamentos, para estas duas variáveis, visto que, nos tratamentos com os maiores valores de potenciais osmóticos (T2, T3 e T4) tanto a porcentagem de sementes não germinadas quanto a relativa lentidão da germinação foi elevada. Estes resultados corroboram Santarém et al. (1996) em estudo com três espécies de leguminosas. Os autores reportaram que sementes submetidas a potenciais osmóticos mais negativos apresentam um atraso no início da germinação. Pressão osmótica muito alta limita a absorção de água, sendo que a diluição aumenta a disponibilidade de água (Bisognin et al., 2008). Portanto, o meio contendo menores concentrações de sais e sacarose, promoveu melhores respostas para porcentagem de germinação, velocidade e uniformidade de germinação. Os meios com metade das concentrações salinas proporcionaram maior uniformidade na germinação das sementes, CUG de 0,9.
CONCLUSÕES:
A redução da pressão osmótica do meio de cultura pode ser uma alternativa para a germinação de sementes de C. curralensis. Visando à redução dos custos, sugere-se a utilização de meio de cultura MS1/2 suplementado com 15 g.L-1 de sacarose, para a germinação in vitro da espécie. O presente trabalho continua sendo avaliado, a fim de obter respostas quanto ao crescimento inicial das plantas, completando a etapa de estabelecimento in vitro.
Palavras-chave: Meios de cultura, Sempre viva, Estabelecimento in vitro.