65ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 10. Microbiologia - 3. Microbiologia
ATIVIDADE ANTIMICROBIANA DE EXTRATOS DAS SEMENTES DE Libidibia ferrea (Mart. ex. Tul) FRENTE À FUNGOS E BACTÉRIAS PATOGÊNICAS
Márcia Deydina Silva dos Santos - Aluna de graduação em Ciências Biológicas-Bacharelado(UVA)
Denise da Silva Nogueira - Aluna de graduação em Ciências Biológicas-Bacharelado(UVA)
Francisca Lidiane Linhares Aguiar - Mestranda em Recursos Naturais (UECE)
Raquel Oliveira dos Santos Fontenelle - Profa. Dra./Co-orientadora - Curso de C. Biológicas (UVA)
Lúcia Betânia da Silva Andrade - Profa. Dra./Orientadora - Curso de C. Biológicas/UVA
INTRODUÇÃO:
Libidibia ferrea (jucá ou pau-ferro), uma árvore nativa do Brasil e com ampla distribuição no semiárido, é conhecida por suas propriedades medicinais possuindo constituintes químicos com ações farmacológicas, incluindo atividade analgésica, anti-inflamatória, anticancerígena, antidiabéticas, antiulcerogênica e cicatrizante (CARVALHO et al. 1996, NAKAMURA et al. 2002). Compostos com atividade contra bactérias e fungos estão presentes em diferentes órgãos de plantas e o extrato metanólico dos frutos do jucá foi efetivo contra patógenos orais (SAMPAIO et al., 2009). As condições ideais para a extração de compostos antimicrobianos (reagentes, tempo de extração) são fatores que podem influenciar na obtenção da atividade máxima dessas substâncias. Sementes de leguminosas podem conter proteínas com atividade antibacteriana e antifúngica e o “screening” de extratos vegetais para a busca por novos agentes antimicrobianos, estabelecendo-se as condições favoráveis para a obtenção dos princípios ativos nesses extratos, é o passo inicial para a identificação dessas moléculas.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Avaliar a atividade antimicrobiana de extratos das sementes de L. ferrea, obtidos sob diferentes soluções de extração, contra fungos e bactérias patogênicas.
MÉTODOS:
Sementes de L. ferrea foram coletadas na área urbana do município de Sobral-Ce. Para verificarmos as melhores condições de obtenção dos extratos com atividade antimicrobiana, a farinha das sementes foi extraída com água destilada, solução de NaCl 0,2 M; tampão fosfato de sódio 0,1 M pH 6,7 e tampão tris/HCl 50 mM pH 7,5, na proporção de 1:10 (m/v), por 2 horas. Os extratos foram centrifugados a 10.000xg, por 30 minutos, a 4ºC e proteínas foram quantificadas (BRADFORD, 1976). Os sobrenadantes (EB) foram avaliados para atividade antimicrobiana contra cepas padrões de Escherichia coli (ATCC 25922), Vibrio parahaemolyticus, Staphylococcus aureus (ATTC 25923) e Enterococcus faecalis (ATCC 29212). As espécies fúngicas utilizadas foram os dermatófitos Trichophyton rubrum (5-1-034) e Microsporum canis e a levedura Candida albicans (22019). A atividade antimicrobiana foi medida pelo método de difusão em ágar. Para a atividade antibacteriana, as placas foram incubadas em estufa a 36ºC por 24 h e o halo de inibição formado ao redor dos poços foi medido. Para atividade antifúngica, as placas permaneceram em temperatura ambiente e a leitura feita após 48 h para as cepas de C. albicans e após seis dias para os fungos dermatófitos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
O teor de proteínas foi um pouco maior no extrato obtido com tampão fosfato (23,29 mg/mL). Os demais apresentaram teor de proteínas de 22,87 mg/mL (Tris), 21,88 mg/mL (água) e 20,31 mg/mL (salina). Os extratos provenientes da extração com tampão tris/HCl 50 mM pH 7,5 e tampão fosfato de sódio 0,1 M pH 6,7 apresentaram efetividade na inibição do crescimento das cepas bacterianas de V. parahaemolyticus e E. faecalis, respectivamente, sendo mais efetivo contra E. faecalis com um halo de inibição de 15 mm quando comparado ao de V. parahaemolyticus (halo de 12 mm). Os demais extratos não apresentaram atividade contra nenhum micro-organismo testado. A eficiência na extração dos princípios ativos de um tecido vegetal é influenciada por vários fatores, entre eles o grau de maturação do tecido e a solubilidade dos compostos em solventes específicos. O fato da inibição do crescimento bacteriano ter sido observada apenas nas frações obtidas com soluções tampões, onde o pH é controlado, pode indicar que a atividade antimicrobiana é pH-dependente, sugerindo a participação de proteínas nessa atividade. A identificação destas substâncias torna-se, portanto, um passo fundamental para o desenvolvimento de potenciais agentes antimicrobianos.
CONCLUSÕES:
Considerando a resistência de micro-organismos a muitos antibióticos disponíveis comercialmente, pesquisas pela busca de novos compostos de origem vegetal são de relevante significância. As soluções usadas durante a extração influenciaram decisivamente na obtenção dos princípios ativos responsáveis pela atividade antimicrobiana. Deste modo, o isolamento e caracterização da(s) substância(s) responsável(eis) pela atividade antimicrobiana nesses extratos constitui perspectiva para a obtenção de novos antibióticos naturais.
Palavras-chave: Antibacterianos, Antifúngicos, Proteínas.