65ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 3. Recursos Florestais e Engenharia Florestal - 2. Manejo Florestal
CARACTERIZAÇÃO DENDROMÉTRICA E PRINCIPAIS USOS DE ESPÉCIES ARBÓREAS EM UMA FLORESTA DE TERRA FIRME NA FAZENDA RANCHO FUNDO, PARAGOMINAS, PARÁ.
Elizabeth Gomes da Silva - Discente de Eng. Florestal da Universidade Federal Rural da Amazônia - UFRA
Waldenir Oliveira da Silva Junior - Discente de Eng. Florestal da Universidade Federal Rural da Amazônia - UFRA
Julianne Chaves Padilha - Discente de Eng. Florestal da Universidade Federal Rural da Amazônia - UFRA
João Alfredo Smith Oliveira Neto - Discente de Eng. Florestal da Universidade Federal Rural da Amazônia - UFRA
Tays Santos da Silva - Discente de Eng. Florestal da Universidade Federal Rural da Amazônia - UFRA
Fabio de Jesus Batista - Prof. M.Sc./Universidade Federal Rural da Amazônia – UFRA
INTRODUÇÃO:
A floresta amazônica distingue-se não só por sua extensão territorial, mas por sua alta biodiversidade, ameaçada por ações antrópicas, onde a vegetação é explorada comercialmente e suprimida para dar lugar à expansão das fronteiras agrícolas e pecuária. O levantamento florístico consiste em listar as espécies vegetais ocorrentes em determinada área, gerando conhecimento sobre as espécies e seus respectivos parâmetros dendrométricos, permitindo o planejamento adequado do uso sustentável das mesmas. A sustentabilidade das atividades florestais constitui-se, também, em um conjunto de técnicas de tratamentos silviculturais, para o melhor desenvolvimento da floresta. Os tratamentos silviculturais podem beneficiar espécies com maior uso comercial. Os principais tratamentos realizados em florestas tropicais são corte de cipós, liberação de copas para maior captação de luz, condução da regeneração natural e o enriquecimento em clareiras (GOMES et al. 2010). Conciliar a conservação da biodiversidade com o desenvolvimento econômico é um dos grandes desafios que fomentam as pesquisas na área do desenvolvimento sustentável, dessa forma se faz necessário a realização de estudos florísticos.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Avaliar a composição florística, características dendrométricas e principais usos das espécies arbóreas em uma floresta de terra firme, 13 anos após a exploração florestal, na Fazenda Rancho Fundo, Paragominas, Pará, visando estabelecer tratos de silvicultura pós-colheita adequados para área.
MÉTODOS:
O estudo foi realizado em uma floresta de terra firme localizada na Fazenda Rancho Fundo (1.078,78ha de área total e 479,26ha de floresta remanescente), situada as margens da rodovia PA-256, Paragominas, Pará. A topografia vai de plana a suavemente ondulada. O clima na região é do tipo “Awi”. O levantamento florístico foi conduzido em uma parcela temporária de 25x100m, subdividida em 10 subparcelas de 25x10m. Todos os indivíduos com circunferência a altura do peito ≥ 40cm foram identificados e mensurados. A altura de cada árvore foi obtida utilizando-se o método de superposição de ângulos com auxílio de baliza de 3m. Foram avaliadas as seguintes variáveis dendrométricas: diâmetro a altura do peito, área basal e volume. Os indivíduos foram separados em seis classes diamétricas, em metro, conforme a seguir: C1: 0,13-0,22; C2: 0,23-0,32; C3: 0,33-0,42; C4: 0,43-0,52; C5: 0,53-0,62; e C6: 0,63-0,72. A definição dos principais usos foi realizada às espécies que apresentaram no mínimo quatro ocorrências na área, com base em pesquisa bibliográfica, considerando as categorias de usos: Madeira comercial (MC); Madeira sem valor comercial (MSVC); Potencial (P); e Outros (alimentar, aromático, etc.). Os dados foram analisados com o auxílio do software Excel.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Foram identificados 103 indivíduos distribuídos em 48 espécies. As espécies com maiores ocorrências foram Cecropia palmata (12), Pouteria sp. (11), Rinorea guianensis (9), Sagotia racemosa (5) e Neea oppositifolia (4), juntas somaram 39,8% dos indivíduos de toda a comunidade. A área basal e volumetria total corresponderam a 5,6784m2 e 44,6343m3, respectivamente. As espécies que se destacaram em área basal foram Pouteria sp. (1,2583m2), Copaifera reticulata (0,3509m2) e Sterculia pruriens (0,3076m2) e em volumetria foram Pouteria sp. (10,0119m3), S. pruriens (4,3279m3) e Lecythis lurida (3,9672m3). A distribuição diamétrica foi regular e com o formato de “J” invertido, típica de áreas de florestas tropicais. A classe C1 apresentou maior número de indivíduos (71) e altura média de 8,2m. C. palmata registrou todos seus indivíduos nesta classe. A altura média de Lorey para a floresta foi de 11m, caracterizando-se pela predominância de árvores de pequeno porte (IMANÃ-ENCINAS et al., 2002). Os principais usos foram categorizados para seis espécies, a saber: C. distachya (Outros-medicinal); C.palmata (Outros-medicinal); N. oppositifolia (uso não encontrado); Pouteria sp. (MC); R. guianensis (MSVC); e S. racemosa (Outros-aromática).
CONCLUSÕES:
A distribuição diamétrica apresentou o padrão registrado para as florestas tropicais, todavia, nas primeiras classes ocorreu a predominância de espécies pioneiras. A alta incidência de indivíduos do gênero Cecropia é um indicativo de área antropizada. Pouteria sp. se destacou em abundância, área basal e volume, esta espécie apresentou maior porte arbóreo quando comparada a espécie C. palmata, que possui o maior número de indivíduos, porém pouca expressividade nas variáveis dendrométricas analisadas. Sugere-se a realização de tratos silviculturais de enriquecimento e condução da regeneração, para que possa haver um melhor crescimento das espécies com maior interesse econômico e mais abundantes como, por exemplo, Pouteria sp. (Abiu) e Lecythis lurida (Jarana), assim como das espécies comerciais com menores quantidades de indivíduos.
Palavras-chave: Exploração Florestal, Floresta Amazônica, Tratos Silviculturais..