65ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 4. Botânica - 1. Anatomia Vegetal
ANATOMIA FOLIAR DE Neoglaziovia variegata (ARRUDA) MEZ., (BROMELIACEAE), OCORRENTE EM PEDRO II, PIAUÍ.
Assis Gualter Azevedo Neto - Graduando em Ciências Biológicas – UESPI
Nelcyelle France da Cruz Oliveira - Bolsista PIBIC / Graduanda em Ciências Biológicas – UESPI
Maria de Fátima de Oliveira Pires - Profa. Dra. / Orientadora – Ciências Biológicas – UESPI
Gardene Maria de Sousa - Profa. Dra. / Coorientadora - Departamento de Ciências Biológicas - UFPI
INTRODUÇÃO:
Bromeliaceae é uma família predominantemente neotropical, ocorrendo no Brasil cerca de 43 gêneros e 1.244 espécies. Seus representantes ocorrem em diferentes ambientes, desde mesófilos a xéricos.
Por possuírem beleza particular as bromélias se destacam como plantas ornamentais no Brasil e no mundo, sendo ainda, fonte de alimentos e medicamentos Entretanto, a obtenção de seus representantes para a comercialização, no seu habitat natural, se faz de forma desordenada, sem o devido controle para tal atividade e, consequentemente, com risco de extinção para algumas espécies.
O município de Pedro II está localizado na porção norte do estado do Piauí, possui a única reserva de opala nobre do país. Tendo em vista que muitas áreas de extração de opala foram abandonadas a APL tem como um de seus objetivos a recuperação dessas áreas degradada. Neste contexto, a análise anatômica comparada entre espécies comuns ocorrentes em áreas degradadas pela mineração e em áreas preservadas será de fundamental importância uma melhor interpretação sobre o comportamento ecológico desta espécie, bem como a caracterização anatômica da mesma.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Analisar a anatomia foliar de Neoglaziovia variegata (Arruda) Mez. ocorrente em Pedro II, Piauí, comparando-a com outras espécies de Bromeliaceae em áreas preservadas e degradadas pela mineração de opala, a fim de contribuir para e uma melhor caracterização ecológica e estrutural dessa espécie.
MÉTODOS:
Os exemplares de Neoglaziovia variegata foram coletados na Fazenda de Jucelino no município de Pedro II, Piauí. Durante a coleta, foram retiradas folhas da espécie que foram fixadas em FAA 50 e conservados em álcool 70%.
Para os estudos anatômicos, utilizou-se três folhas de cada individuo. Foram efetuados cortes histológicos transversais e paradérmicos à mão livre nas regiões do ápice meio e base da lâmina foliar e da bainha. As secções obtidas foram corados com Fucsina básica/Azul de Astra e montadas com glicerina 50%.
Para a análise da epiderme em vista frontal, foi realizada a dissociação de pequenos fragmentos da lâmina foliar com uma solução de peróxido de hidrogênio e ácido acético onde permaneceram em repouso cerca de 72 horas.
Foram realizados teste histoquímicos com Lugol para detectar amido, Sudan IV para suberina, fluroglucina acidificado para lignina, ácido clorídrico para detectar cristais de oxalato de cálcio.
O registro fotográfico foi feito através de fotomicroscópio LEICA modelo DMLB, utilizando câmera fotográfica digital Nikon Coolpix 4300.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
A epiderme da lamina foliar em secção transversal é unisseriada com células de paredes espessas e lume reduzido. Adjacente à epiderme, ocorre uma hipoderme mecânica, constituída por células com paredes espessas e lignificadas. As folhas são hipoestomáticas e em ambas as faces há presença de escamas peltadas, características estas comuns à Bromeliaceae. Adjacente à hipoderme mecânica ocorre um tecido constituído por células amplas com paredes delgadas, formas variável que segundo literatura consultada representa parênquima aquífero. Voltado para a face abaxial encontra-se o parênquima clorofiliano formado por células arredondadas e interrompidas por camadas longitudinais de células braciformes constituindo canais de ar. Estes estão dispostos de forma intercalada com os vasos e contíguos às câmaras subestomáticas. Os feixes vasculares são colaterais e dispostos em uma única série, característica comum as Bromeliaceae.
Na bainha não há parênquima aquífero e nem braciforme. Suas células são de paredes delgadas, ricas em amido. Notou-se também a presença de idioblastos contendo ráfides. Nos vasos de grande porte constatou-se uma maior quantidade de fibras do que na lamina foliar.
CONCLUSÕES:
Os resultados obtidos no presente trabalho constataram caracteres da anatomia foliar comuns à família Bromeliaceae como: presença de escamas peltadas nas duas faces da lâmina foliar, estômatos posicionados apenas na superfície abaxial e unidades vasculares colaterais e dispostas em uma única série.
Outros caracteres como estômatos em sulcos da epiderme, complexo epiderme–hipoderme esclerificado e parênquima aquífera, provavelmente seja um caráter relacionado ao ambiente onde tais plantas ocorrem.
Palavras-chave: Anatomia Vegetal, Bromelioideae, Caroá-verdadeiro.