65ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 4. Educação Básica
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO DE CRIANÇAS COM ALTA VULNERABILIDADE SOCIAL: UMA EXPERIÊNCIA MEDIADA POR ATOS DE LEITURA TRIANGULADA.
Natalia Ribeiro Ferreira - Discente do Curso de Pedagogia - UFMA
Cynthia Viegas Fernandes - Discente do Curso de Pedagogia - UFMA
Jadson dos Santos Pereira - Discente do Curso de Pedagogia - UFMA
Lucília Rosália Dutra Gonçalves - Discente do Curso de Pedagogia - UFMA
Iêda Maria Silva - Professora da Educação Básica
Marise Marçalina de Castro Silva Rosa - Profa. Dra./ Orientadora - Departamento de Educação I – UFMA
INTRODUÇÃO:
A alfabetização entre os grupos mais carentes tem sofrido uma grande fragilidade, sobretudo quando falamos de crianças em situação de vulnerabilidade social. As crianças nessa situação sentem-se fragilizadas, inseguras e emersas a incertezas de não pertencimento do ambiente que vivem. Isso tem contribuído bastante para o grande número de alunos com insucesso no processo de aprendizagem da língua, principalmente aqueles encontram em situação de vulnerabilidade social. Pois como destaca Castro (2010), ao mesmo tempo em que a escola inclui para suprir o número de vagas, também exclui uma parcela significativa de meninos e meninas que a situação de vulnerabilidade, por não serem consideradas em sala de aula, contribui para esse insucesso. Nessa perspectiva, o projeto Escola Laboratório, vinculado ao Programa de Inovação Pedagógico, PROINOV@, fundamentado numa extensão universitária critica e, com base em concepções da Pedagogia de Freinet, na teoria Histórico Cultural de Vigotsky, na Teoria da Atividade, segundo Leontiev e, no francês Élie Bajard, dentre outros, vem desenvolvendo com sucesso na U.I.J.G.C. uma atividade metodológica mediada por Atos de Leitura Triangulada, que contribui para a leitura e escrita dessas crianças com significação e sentido.
OBJETIVO DO TRABALHO:
O presente trabalho tem por objetivo, socializar uma experiência de indissociabilidade ensino, pesquisa e extensão por meio do Projeto Escola Laboratório, vinculado ao Programa Inovação Pedagógica, com meninos e meninas dos anos iniciais do Ensino Fundamental, em situação de alta vulnerabilidade social.
MÉTODOS:
As ações do Projeto Escola Laboratório possibilitam aos agentes sociais serem letrados ao mesmo tempo em que são alfabetizados de forma crítica e afetivamente. Os ALT são sistematizados em cinco momentos distintos de 50 minutos, com um/a extensionista e dois alfabetizandos da seguinte forma: o primeiro Ato é o de entronização, a preparação para o acesso aos livros e portadores de textos diversos, tendo em vista o acesso a cultura letrada. O segundo Ato é o de leitura, pelo tutor do portador que foi consensuado pelos três para ser lido naquele momento, ou seja, inicia-se com a exploração dos elementos gráficos, das ilustrações e dos autores. Esse momento de escuta é importante por proporcionar aos ouvintes uma interação direta com o que está sendo lido. No terceiro Ato a tutora faz a leitura conjunta, com uma criança de cada vez, esse momento da apoio ao leitor que esta em processo de apropriação da língua materna. O quarto Ato, a crianças é desafiada a ler sozinha o texto anteriormente lido pela tutora, em seguida a outra criança também é desafiada a ler, fechando o ato de triangulação. Produção da escrita é o momento de objetivação da compreensão do texto lido por meio de desenhos, escrita espontânea, reescrita de texto, representando o quinto momento.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
A metodologia adotada pelo projeto possibilitou que oitenta por cento das duplas tutoriadas com idade entre oito a treze anos avançassem nas atividades em sala de aula, além de permitir que elas não apenas se alfabetizem, mas também fossem letradas. Os alunos em situação de alta vulnerabilidade que antes eram desacreditados e sem perspectiva de mudança passaram a gostar de ler, de fazer suas escolhas em relação aos livros, além de manifestarem o desejo de irem ao projeto e ficarem envolvidos nos atos de leitura. O projeto também tem permitido aos discentes do curso de pedagogia, construírem experiências no campo da formação de professores alfabetizadores, pois estrutura-se a partir da perspectiva de indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão. Além disso, o projeto resultou em quinze monografias de graduação, três monografias de pós-graduação, uma tese de doutorado e inúmeros artigos.
CONCLUSÕES:
Quando os educandos adentraram no projeto escola laboratório se sentiam inseguros e muitas vezes com a certeza que não iriam apreender a ler e escrever. A mediação aos alunos através dos atos de leitura triangulada aliadas a afetividade dos estagiários, bolsistas e voluntários, possibilitou as crianças em situação de alta vulnerabilidade social, se sentir parte do processo de aprendizagem, pois possibilitou que o educando escolhesse os livros que gostaria de ler. Tal fato possibilitou abrirmos a porta da literatura para que pudessem aprender a ler lendo e concomitantemente observamos que foi fluindo o processo de letramento. Isso poder ser notado no progresso dos alunos em sala de aula, pois alunos que já desacreditados pelos professores das suas respectivas turmas, às surpreenderam e conseguiram passar de ano. Nessa perspectiva cabe ressaltar que o processo de mediação feito ao longo dos anos pelo projeto, não trouxe apenas beneficio aos educandos do ensino fundamental ao qual o projeto é desenvolvido, também favoreceu aos mediadores dos atos de leitura triangulada.
Palavras-chave: Experiência, Inovação, Afetividade.