65ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 3. Bioquímica - 6. Bioquímica
CARACTERIZAÇÃO DE UMA AMILASE DE SEMENTES DE Libidibia ferrea (Mart. ex. Tul.)
Thalita Costa Lima - Aluna de Ciências Biológicas-Bacharelado (UVA)
Jamille Perdigão de Andrade Alves - Aluna de Ciências Biológicas- (UVA)-Bolsista CNPq
Monica Silva de Brito - Graduada em Biologia-UVA
Marlene Feliciano Figueiredo - Profa. Dra. Curso de C. Biológicas/Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA)
Hévila Oliveira Salles - Dra./Pesquisadora Embrapa Caprinos e Ovinos
Lúcia Betânia da Silva Andrade - Profa. Dra./Orientadora - Curso de Ciências Biológicas (UVA)
INTRODUÇÃO:
O amido é um componente importante da dieta humana e, para este fim, a indústria de alimentos tem transformado-o química e enzimaticamente em uma variedade de diferentes produtos como o amido hidrolisado, xarope de glicose, frutose e maltodextrina. Amilases são enzimas digestivas que hidrolisam ligações glicosídicas do amido, tendo como produto final glicose, maltose, maltotriose e dextrinas. Amilases têm um grande potencial de aplicação nas indústrias alimentícias e farmacêuticas (AIYER, 2005). Podem ser obtidas de plantas, animais e micro-organismos, sendo que as de origem microbiana são as de maior importância comercial (GUPTA et al., 2003). Libidibia ferrea (Mart. ex. Tul), anteriormente denominada Caesalpinia ferrea é uma leguminosa nativa do Brasil, conhecida popularmente por jucá. A detecção de amilases no extrato aquoso de suas sementes já foi reportada por Cavalheiro et al., (2009). Levando em consideração a importância das amilases como enzimas industriais, a caracterização desta enzima em sementes de uma espécie nativa do Brasil fornece informações preciosas para o conhecimento de novos compostos bioativos de nossa flora, com potencialidades de uso em diversos processos tecnológicos.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Caracterizar uma amilase de extratos aquosos de sementes de L. ferrea quanto à estabilidade térmica e massa molecular.
MÉTODOS:
Sementes de jucá foram descascadas e trituradas em moinho elétrico. Da farinha obtida, foi feita uma extração com tampão fosfato de sódio 0,1 M pH 6,7, na proporção de 1:10 (m/v), sob agitação, por 1 hora. Após isto, o extrato foi centrifugado por 30 minutos a 10.000xg, 4ºC. O sobrenadante (extrato amilolítico-EA) foi usado como fonte enzimática. O ensaio qualitativo para a atividade enzimática foi realizado por difusão em ágar a 2%, usando amido a 1% como substrato. Para avaliar a estabilidade térmica, o extrato foi aquecido em banho-maria por 5, 10, 30 e 60 minutos nas temperaturas de 50 °C, 60 °C, 70 °C e 80 °C. O extrato sem aquecimento foi usado como controle. O perfil de proteínas do EA foi visualizado por eletroforese em gel de poliacrilamida-(SDS-PAGE). A identificação da banda proteica com atividade amilolítica e estimativa de sua massa molecular foi realizada por zimograma.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
A atividade amilolítica do extrato de sementes de jucá foi observada após o EA ser submetido a temperatura de 60°C, por até 60 minutos. Em temperaturas acima de 60ºC, a atividade foi perdida. O perfil eletroforético do EA mostrou a presença de várias bandas proteicas sendo três de maior intensidade com aproximadamente 66 kDa, 20 kDa e 14 kDa. Por zimograma, foi possível estimar que a massa molecular da amilase do EA é de, aproximadamente, 45 kDa. A atividade biológica de uma proteína pode ser profundamente influenciada pela temperatura, sendo que temperaturas acima de 40ºC poderão causar desnaturação proteica em muitas enzimas. Porém, alguns organismos produzem enzimas termoestáveis, tais como bactérias e fungos termófilos, que produzem amilases estáveis a uma temperatura acima de 40ºC, algumas delas estáveis até a 80ºC (DERDE et al., 2012; AYGAN et al., 2008; GOMES et al., 2007). A relativa estabilidade a 60ºC da amilase presente no extrato de jucá é uma característica particularmente interessante, podendo ser estas sementes uma nova fonte de enzimas para fins biotecnológicos.
CONCLUSÕES:
Sementes de L. ferrea possuem uma amilase termoestável com potencial aplicação industrial. Estudos posteriores visando o isolamento desta enzima faz-se necessário para o conhecimento de suas características bioquímicas com o intuito de conhecer suas propriedades e possibilidades de aplicação em processos industriais, principalmente aqueles envolvendo o processamento do amido.
Palavras-chave: Proteínas, Enzimas, Glicosidases.