65ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 5. História - 5. História Econômica
O BRASIL NA SEGUNDA METADE DO SÉCULO XIX: MUDANÇAS ECONÔMICAS, O COMÉRCIO INTERNACIONAL E A PROBLEMÁTICA DO PADRÃO-OURO.
Rayssa Deps Bolelli - Depto. de Economia - UFES
INTRODUÇÃO:
As relações econômicas do Brasil na segunda metade do século XIX são definidas pela expansão da produção cafeeira e pela implantação do trabalho assalariado, tendo esta última fundamental importância como geradora de desequilíbrios econômicos.
Internacionalmente as economias centrais viviam uma fase de modernização e desenvolvimento tecnológico, tendo a necessidade de expandir seu capital para além das fronteiras europeias. Assim, foi direcionado um grande fluxo de capitais, principalmente ingleses, para as terras brasileiras, implantando aqui diversas modernizações. O Brasil se inseria neste contexto como uma economia agroexportadora, que apesar do relativo atraso tecnológico em relação as economias centrais e das diferenças tanto econômicas quanto políticas e sociais, atuava dentro do padrão monetário da época, o padrão-ouro.
OBJETIVO DO TRABALHO:
O objetivo deste trabalho com isso, é analisar a economia brasileira deste período,inserindo-a no contexto internacional e tendo por base teorias econômicas desenvolvidas no período e em períodos seguintes.
MÉTODOS:
O artigo é fruto de pesquisa realizada na disciplina Formação Econômica Brasileira I do Departamento de Economia/UFES e consiste numa revisão bibliográfica, tendo como fonte primária e básica para o estudo a obra fundadora de Celso Furtado “Formação Econômica do Brasil”. Também se buscou interpretações de sua teoria em outras fontes como manuais-texto, livros de historiadores do pensamento econômico e artigos obtidos por meio eletrônico (internet). Num primeiro momento fez-se uma introdução e contextualização histórica e econômica nacional utilizando a obra “História econômica do Brasil” do historiador Caio Prado Júnior e uma internacional utilizando-se a obra “Imperialismo, estágio superior do capitalismo” de Lênin. Após esta introdução, explica-se as problemática da oferta e demanda monetária e do padrão-ouro, o sistema monetário no período, utilizando como base o desenvolvimento teórico feito por David Hume e contrapondo-o com as ideias desenvolvidas por Furtado e Prebisch.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
A principal mudança interna na economia brasileira ocorrida no período analisado, foi sem dúvida a implantação do trabalho assalariado. Tal implantação proporcionou um efeito multiplicador da renda. Este efeito além de gerar um aumento da demanda monetária superior a capacidade de oferta da moeda, já que o sistema financeiro era ainda muito incipiente, trouxe dificuldades relativas a balança comercial. Tais dificuldades se davam devido a demanda por importações, e consequentemente a demanda monetária, crescer mais do que as exportações. Com uma piora no saldo comercial haveria ainda uma diminuição maior da circulação de moeda. Deste modo analisamos a balança comercial brasileira e os problemas decorrentes da inserção do país no padrão-ouro. Utilizamos para isso as ideias de Furtado e a teoria da “Deterioração dos termos de troca” desenvolvida por Raul Prebisch nos anos 40.
Assim, com base nas mudanças econômicas do período, discute-se o papel brasileiro no sistema econômico internacional caracterizado pela fase Imperialista do capitalismo. Deste modo, encontramos um país subjugado pelo capital externo, já que, em decorrência dos problemas monetários vividos, grande parte dos investimentos eram feitos diretamente por capital europeu, ou através de empréstimos feitos no exterior.
CONCLUSÕES:
No período analisado, ocorreram transformações estruturais importantes para esse entendimento, por exemplo, o inicio da formação de um mercado interno devido ao novo fluxo de renda efetuado. Isso se deu devido à inserção do trabalho livre assalariado em substituição ao trabalho escravo, modo predominante durante os séculos anteriores.
Outra questão que pode ser analisada é a relação do Brasil com as economias mais desenvolvidas. O entendimento dos mecanismos do padrão ouro e do comércio internacional como um todo no final do século XIX possibilita a compreensão de que naquele período, o Brasil se encontrava inserido em um contexto econômico que não era teorizado e articulado levando em consideração as particularidades da economia brasileira. Assim, podemos compreender o fenômeno da dependência brasileira, fator estudado com maior detalhamento no século XX pelos autores de teorias de dependência e raízes do subdesenvolvimento, como, principalmente Celso Furtado e Raul Prebisch.
Palavras-chave: História Econômica brasileira, Padrão-ouro, Imperialismo.