65ª Reunião Anual da SBPC
F. Ciências Sociais Aplicadas - 13. Serviço Social - 7. Serviço Social
PRODUÇÃO AGRÍCOLA E JUVENTUDE DO CAMPO: A REALIDADE DOS ASSENTAMENTOS E COMUNIDADES RURAIS DOS MUNICÍPIOS DA REGIÃO CENTRO SUL DO CEARÁ
Auceníria Gonçalves Vieira - Estudante do Curso de Serviço Social - IFCE - Campus Iguatu
Maria Keile Pinheiro - Estudante do Curso de Serviço Social - IFCE - Campus Iguatu
Maria Madalena da Silva - Prof. Doutoranda/Orientadora - IFCE- Campus Iguatu
INTRODUÇÃO:
O Brasil e a construção do seu tecido social são atravessados pela questão agrária. No caso particular do Ceará, frente às desigualdades regionais, o êxodo rural torna-se partícipe da dinâmica campo/cidade, o que atinge de forma particular a juventude rural. Nesse sentido o Projeto de Extensão: Juventude e Cooperação Agrícola: a utilização das TICS no fortalecimento da agricultura familiar,teve como foco à formação de jovens rurais, através de ações reflexivas sobre a realidade do campo brasileiro, a melhoria da qualidade de vida e sua permanência nos locais em que vivem. Reconhecendo o grande e espontâneo interesse dos jovens pelo uso das TICs, buscamos desenvolver atividades interdisciplinares, que aprimorassem seus conhecimentos sobre as novas tecnologias e permitisse a utilização desses recursos na melhoria da gestão e comercialização da produção da agricultura familiar. Para tal, os jovens rurais devem buscar tanto o conhecimento recebido dos pais, principalmente os relativos à natureza e sua interferência no trabalho da terra, quanto os novos conhecimentos adquiridos em outros espaços, incluindo o uso das TICs. Ressalta-se, ainda, a relevância dessa proposta para os discentes graduandos, que tiveram a oportunidade de refletir sobre as condições concretas e históricas em que desenvolveram suas práticas, aliando competência técnica e compromisso político. Assim, as ações foram orientadas pelo princípio da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão.
OBJETIVO DO TRABALHO:
*Apresentar a realidade da produção agrícola nos Assentamentos e Comunidades Rurais da Região Centro Sul do Ceará. *Analisar a relação estabelecida entre os jovens dos Assentamentos e Comunidades pesquisadas e a produção agrícola.
MÉTODOS:
Para os jovens rurais, as atividades do projeto realizaram-se em três etapas. Na primeira etapa foi realizado a aproximação e conhecimento da realidade. Através de relatórios do INCRA, do IDACE e dos Planos de Desenvolvimento dos Assentamentos – PDAs, das Secretárias de Ação Social e de Agricultura de cada município. Através destes documentos e das visitas realizadas nas respectivas secretárias foi possível fazer um levantamento das Condições ambientais e geográficas, socioeconômicas e culturais, e ainda sobre as políticas públicas existentes ou não, com o foco na juventude. Dentre as comunidades pesquisadas, foram selecionadas aquelas com maior potencial produtivo e organizativo da juventude para o desenvolvimento das demais etapas. Aplicamos 36 questionários com questões abertas e fechadas, nos quais os jovens foram identificados em aspectos, pessoais, familiares, escolares e econômicos. Na segunda etapa, realizamos a capacitação dos jovens, através de quatro módulos de formação, envolvendo discussões sobre a questão agrária, cooperação agrícola, comunicação popular e tecnologias da informação e da comunicação. Na terceira e última etapa, realizamos três oficinas: Beneficiamento de Frutas, Criação de Galinha caipira e Artesanato.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Através do mapeamento realizado, foi possível perceber que existem grandes questões a serem discutidas principalmente no que se refere a questão da posse da terra, aos sistemas produtivos, aos recursos hídricos, e aos recursos destinados a produção, como é o caso do PRONAF A (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar).
Sendo acordo entre os estudiosos o abandono do campo principalmente pelos jovens, esta situação se repetiria dentro da área em estudo? O que podemos perceber é que os jovens mantêm pouca relação com a produção agrícola por diversos fatores, primeiro por estudarem em localidades distantes de onde residem demandando em média oito horas diárias na relação casa/escola, se levarmos em consideração que a educação a qual os mesmos têm acesso não tem relação com o campo, perceberemos que esta o afasta ainda mais da realidade que lhes é própria. Outro fator que pudemos perceber é a falta de incentivo dos pais a permanência dos/as jovens no meio rural, isso se dá pela experiência de vida difícil e por esses não visualizarem nenhuma perspectiva de melhores condições de vida.
Todas essas reflexões apontam para a ausência de políticas públicas voltadas para o campo e principalmente para a juventude que lá se encontra resultando na saída dos jovens do campo para a cidade.
CONCLUSÕES:
Diante da realidade analisada, através das visitas realizadas, das conversas informais com presidente das associações, líderes comunitários e dos questionários aplicados aos jovens assentados e de comunidades rurais foi possível perceber que:
• As condições para uma boa produção na realidade dos assentamentos e comunidades mapeadas, esta condicionada ao bom inverno. No entanto quando é possível que se tenha uma boa produção, geralmente ocorre o prejuízo financeiro, em decorrência principalmente da distância e das péssimas condições das estradas que não permitem o vai vem, entre a sede dos municípios e as localidades;
• Quando analisamos a assistência técnica que cabe ao Estado oferecer, esta é praticamente inexistente. São inconstantes e feitas de forma unilateral pelo técnico, o qual não demonstra nenhum respeito ao saber que o “outro” já possui;
• Tendo os jovens como sujeito principal da nossa atuação, percebemos que eles, mantêm pouca relação com a produção agrícola pelos diversos fatores já mencionados, sua atuação caracteriza-se apenas como uma “ajuda” nas atividades produtivas desenvolvidas pelos pais.
Além disso, pode-se ainda perceber a influência da exten¬são universitária, através do Projeto Juventude e Cooperação Agrícola: a utilização das TICs no fortalecimento da Agricultura familiar, como uma ferramenta indis-pensável na formação acadêmica e profissional dos discentes e dos jovens rurais envolvidos neste projeto.
Palavras-chave: Jovens Rurais, Terra, Questão Agrária.