65ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 6. Educação Especial
NO ENCALÇO DE GABRIELA*: UMA HISTÓRIA DE INCLUSÃO ESCOLAR
Ana Paula Melo de Araújo - Centro de Ciências Sociais e Educação- UEPA
Jaqueline de Oliveira Costa - Centro de Ciências Sociais e Educação- UEPA
Marcelo Luiz Bezerra da Silva - Prof. Msc./ Orientador- Centro de Ciências Sociais e Educação- UEPA
INTRODUÇÃO:
A pesquisa aborda o estudo de caso de Gabriela, criança portadora da Síndrome Deletiva do Braço longo do cromossomo 18, a garota tem 13 anos e está matriculada em escola regular. A síndrome em questão consiste na perda parcial do braço longo do referido cromossomo, situação que poderá resultar no comprometimento neuromotor de quem a tem. Em razão de sua raridade, é pouco conhecida, logo se faz necessário um estudo para ampliar os conhecimentos dos profissionais de educação sobre o assunto, cujo é um dos objetivos da pesquisa, assim como identificar o estágio de aprendizagem de Gabriela, com o intuito de encontrar estratégias pedagógicas adequadas ao ensino e aprendizagem da criança. O estudo está fundamentado em autores como Vygotsky e Piaget
OBJETIVO DO TRABALHO:
Contribuir com o processo de inclusão no ambiente escolar da criança com a síndrome de deleção do braço longo do cromossomo 18. Proporcionar estratégias pedagógicas adequadas ao ensino- aprendizagem e avaliação da pessoa com a síndrome do 18 q menos.
MÉTODOS:
Para alcançar os objetivos propostos propõe-se uma pesquisa bibliográfica a partir de autores renomados no assunto, como: Campbell (2009), Mazzota (1996) e Mantoan (2006) tornando a pesquisa coerente e coesa. Para informações sobre a síndrome leu-se Jones e Ikeda (1998) e Couceiro et al. (2008).
Fez-se a Anamnese (história de vida) com os pais, utilizou-se o modelo de entrevista estruturada, com formulário formado por perguntas abertas e fechadas.
Visitou-se a escola na qual a criança estuda e através de uma entrevista semi-estruturada com os professores, compreenderam-se as dificuldades encontradas ao ensinar Gabriela, assim como as estratégias usadas para incluí-la.
Acompanhou-se Gabriela em sua rotina escolar num período de 2 anos, visitas em domicílio e acompanhamento esporádico às consultas ao fonoaudiólogo, o instrumento adotado para o registro de dados foi um diário de campo.
Para as análises dos dados coletados a partir dos procedimentos citados acima, adotou-se a abordagem de análise qualitativa.
Com a finalidade de saber qual o estágio de aprendizagem que a aluna se encontra, realizou-se o teste de Piaget, promovendo neste ínterim as análises qualitativas dos dados coletados com o propósito de entender as flexibilizações necessárias para a inclusão de Gabriela.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
A partir dos resultados entende-se que Gabriela apresenta: atraso no desenvolvimento cognitivo, com desempenho característico da fase de transição do período pré-operacional para o período operacional concreto.
Em relação à linguagem oral: distúrbio fonológico, dificuldade no processamento das informações auditivas, dificuldade na compreensão e no reconto de histórias.
Em relação à linguagem escrita, a criança apresenta dificuldades: no processamento das informações visuais, na memória de trabalho, na leitura de palavras e interpretação. Apresenta narrativa escrita defasada para sua série, defasagem em relação ao nível de desenvolvimento da escrita e disgrafia.
Diante do exposto, sistematizam-se algumas orientações quanto ao auxilio educacional dispensado à Gabriela: Estabelecer rotinas regulares na educação; Utilizar materiais concretos para facilitar o entendimento dos conteúdos escolares; Envolver em atividades físicas educacionais; Terapia fonoaudiológica duas vezes por semana, com o objetivo de minimizar as dificuldades de linguagem oral e escrita que foram reveladas à avaliação; Oferecer flexibilizações de espaço e tempo para realizações de atividades avaliativas; Acompanhamento pedagógico complementar: com professora particular em casa.
CONCLUSÕES:
A partir do minucioso estudo pautado na história de Gabriela, conclui-se que a árdua, porém inestimável tarefa de incluir é possível.
Entende-se que o processo inicia na família, a qual aceita e valoriza Gabriela, os pais são incansáveis ao investir no desenvolvimento da criança, oferecem a ela uma educação regulada com muito amor e disciplina.
Ao visitar a escola, constatou- se que no caminho de Gabriela, alguns professores preferem abster-se do processo, em contrapartida a criança encontrou no mesmo caminho, educadores por excelência, os quais juntamente com a Mediadora, avaliam a dificuldade, pensam alternativas e as colocam em prática. São amorosos, mas não permissivos, são exigentes na medida certa. Valorizam as habilidades de Gabriela e pautam a avaliação nas mesmas, logo, se é oralmente que ela expressa-se melhor, o professor dispõe de um tempo apenas para ouvi-la.
Isto é vivenciar uma pedagogia inclusiva na escola e quão proveitosos são esses momentos, para Gabriela que se sente feliz ao demonstrar tudo o que aprendeu e ao professor que recebe uma injeção de ânimo e confirma que além de ser árdua a tarefa é inestimável. Desta forma, indubitavelmente, o sujeito desta pesquisa nos transformou em indivíduos melhores.
Palavras-chave: Síndrome 18 Q menos, Inclusão, Práticas Pedagógicas.