65ª Reunião Anual da SBPC
F. Ciências Sociais Aplicadas - 13. Serviço Social - 7. Serviço Social
OLHAR DOS IDOSOS DO PROJETO DE EXTENSÃO “ATUALIZAÇÃO CULTURAL NA TERCEIRA IDADE” ACERCA DA VIOLÊNCIA NO TRANSPORTE COLETIVO DE BELÉM.
Tayenne Brito Conde - Acadêmica da Faculdade de Serviço Social-ICSA/UFPA
Maria Leonice da Silva de Alencar - Profª. Msc/Orientadora-Instituto de Ciências Sociais Aplicadas
INTRODUÇÃO:
A violência acompanha a humanidade desde o início da história, é visível no mundo todo. A violência está no nosso cotidiano, sendo veiculada nas mídias, vários tipos de violência: as que ocorrem no espaço doméstico, aquelas cometidas pelo estado e dentre outras, aquelas cometidas pelas empresas de transportes coletivos.
Para Chauí (1985) a violência é uma relação de forças caracterizada num pólo pela dominação e no outro pela coisificação, define violência não como violação ou transgressão de normas, regras e leis, mas, na relação hierárquica de desigualdade, dominação, exploração e de opressão ou como a ação que trata o ser humano não como sujeito, mas como coisa, caracterizada pela inércia, pela passividade e também pelo silêncio o que leva a anulação de outrem. Para a Política Nacional de Redução de Acidentes e Violências do Ministério da Saúde (2001) as violências se manifestam em: Estrutural, aquela que ocorre pela desigualdade social, a Interpessoal, nas formas de comunicação e de interação cotidiana e na Institucional, na aplicação ou omissão na gestão de políticas sociais pelo Estado.
Nesse sentido, esta pesquisa trata “De que maneira o Estado poderia garantir os direitos dos idosos no que diz respeito à violência nos transportes coletivos”.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Discutir a problemática da violência cometida pelos transportes coletivos de Belém contra a pessoa idosa e identificar os fatores que provocam esse fenômeno.
MÉTODOS:
Esta investigação teve como “lócus” o Programa de Ensino, Pesquisa e Extensão Universidade da Terceira Idade-UNITERCI da Universidade Federal do Pará-UFPA, vinculado a Faculdade de Serviço Social, do Instituto de Ciências Sociais Aplicadas. Trata-se de uma abordagem quali-quantitativa, pesquisa bibliográfica e de campo, baseou-se em diálogos com autores que discutem o tema. Inicialmente, reuniu-se com os alunos idosos do Projeto Atualização Cultural na Terceira Idade, para informar e solicitar sua colaboração para a investigação. Utilizou-se como instrumento para a coleta de dados, a observação e o questionário, o qual foi aplicado para 20 interlocutores, entre homens e mulheres velhos participantes da 29ª turma do Projeto, no mês de setembro de 2012. Os dados coletados foram organizados, sistematizados, analisados e cotejados com outros estudos realizados.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Mediante a análise dos dados, observou-se que dos 20 interlocutores da pesquisa, apenas 11 afirmaram que já sofreram violência no transporte coletivo de Belém, causando humilhação, aborrecimentos, frustração, constrangimento, indignação e nervosismo. Quanto a denuncia da violência aos órgãos competentes, dos 11 idosos (as) que afirmaram ter sofrido violência, apenas uma pessoa idosa denunciou à Empresa o fato e registrou Boletim de Ocorrência na Delegacia de Polícia. Ressalta-se que a violência não é um fato isolado, ou gerado apenas pelo desrespeito de outrem, mas também pela própria família. Em uma conversa com uma interlocutora foi relatado que esta ao utilizar o ônibus, solicitou o acento reservado às pessoas idosas, que estava ocupado por um jovem, e a própria filha da idosa a reprimiu por exigir um direito que é seu, a idosa se sentiu desvalorizada, tanto pela própria família quanto pela sociedade.
CONCLUSÕES:
De acordo com os resultados da pesquisa e com as categorias elaboradas pelo Ministério da Saúde, identificou-se a violência Institucional, em que há a ausência do Estado na defesa e proteção dos direitos do cidadão. Constatou-se a existência da violência contra o idoso no transporte coletivo de Belém, tanto por parte dos motoristas, como também, pelos próprios passageiros, reafirmando o estigma de que a velhice é uma fase de exclusão. Portanto, é imprescindível a capacitação e humanização para os condutores de transporte coletivo de Belém, como também da própria população, e sensibilização de profissionais para a atuação na área do envelhecimento humano, na elaboração e efetivação de políticas públicas para combater a violência contra o idoso, investimento na efetivação da consciência social que valorize a experiência e a sabedoria dos mais de 21 milhões de pessoas com mais de 60 anos vivendo hoje no Brasil, para que o Estatuto do Idoso que é um dispositivo legal no reconhecimento da cidadania desse grupo social seja assegurado.
Palavras-chave: Violência, Idoso, Extensão.