65ª Reunião Anual da SBPC
F. Ciências Sociais Aplicadas - 3. Economia - 11. Economia
ECONOMIA SOLIDÁRIA NA CADEIA PRODUTIVA DE PLANTAS MEDICINAIS: PERSPECTIVAS PARA A INCUBADORA DE TECNOLOGIAS SOCIAIS DA UFPE
Joana D'arc Joaquim da Silva - Depto. de Serviço Social – UFPE
Breno Caldas de Araujo - Depto. Programa de Pós-Graduação em Inovação Terapêutica - UFPE
Douglas Carvalho Francisco Viana - Depto. Programa de Pós-Graduação em Inovação Terapêutica – UFPE
Suely Lins Galdino - Depto. Programa de Pós-Graduação em Inovação Terapêutica – UFPE
Tiago Rafael de Sousa Nunes - Depto. Programa de Pós-Graduação em Inovação Terapêutica – UFPE
Priscila Lisboa de Oliveira - Depto. de ciências sociais geográficas - UFPE
INTRODUÇÃO:
No Brasil, a economia solidária tem como principal vertente o cooperativismo, que serviu como resposta às crises que ocorreram no início do século XX. A economia solidária possibilita o desenvolvimento local por meio do estímulo às potencialidades existentes em cada território; sendo assim, torna-se extremamente relevante no âmbito de uma cadeia produtiva e de valor agregado como a de plantas medicinais em Pernambuco, desde o plantio, extração, manuseio até a distribuição para mercados públicos, feiras livres ou consumidores finais. Entretanto, esse ainda é um dos estados do Nordeste que resiste ao uso da medicina alternativa/complementar, conhecimento que vem sendo transferido há gerações através do saber popular. Assim, uma das formas do meio acadêmico potencializar esse tipo de práticas populares e saberes tradicionais é através de Incubadoras Tecnológicas de Cooperativas Populares – ITCPs. Essas incubadoras são organizações desenvolvidas e estimuladas pelas universidades, prestando assessoria à forma organizacional de autogestão, qualificação e implantação de serviços necessários para os empreendimentos solidários.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Neste sentido, a presente pesquisa-ação teve por finalidade mostrar a importância da economia solidária na cadeia produtiva e de valor de plantas medicinais, evidenciando a participação das universidades presentes em Pernambuco (além de outras instituições) como força motriz para a solidificação desse tipo de abordagem no que tange ao enfrentamento da exclusão social.
MÉTODOS:
A metodologia foi pautada na análise de relatos de experiência do Centro de Saúde Alternativa de Muribeca (CESAM), utilizando como arsenal teórico-metodológico o livro de Paul Singer, “Introdução a Economia Solidária” (2002), bem como na análise de dados disponibilizados pelo Fórum Brasileiro de Economia Solidária www.fbes.org.br e pela Biblioteca Virtual Mário Souto Maior. Considerou-se a consolidação de atividades oficinais com fitoterápicos na economia solidária, constituída por cinco fundamentos: cooperativismo; autogestão; inclusão; práticas sustentáveis; e a solidariedade das relações sociais inseridas na comunidade.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Como resultados, observou-se que a economia solidária pode ser implantada como forma de participação social das instituições, através das incubadoras de tecnologias sociais. A prática não se motiva apenas pela presença de alta biodiversidade de plantas medicinais na região; a acessibilidade da população a serviços de saúde, que ainda se dá de forma desigual na sociedade, bem como os altos custos de medicamentos farmacêuticos, motivam a prática, utilização e perpetuação dos saberes da medicina alternativa em Pernambuco. Um grupo de mulheres da comunidade de Muribeca, município de Jaboatão dos Guararapes, localizado na Região Metropolitana do Recife, em Pernambuco, organizou-se em um trabalho coletivo. A partir de saberes tradicionais sobre plantas medicinais, iniciou a produção de remédios com preços acessíveis para a comunidade. A partir desta iniciativa surgiu, em 1997, o CESAM. Posteriormente, receberam qualificação dos seus serviços por meio de cursos e treinamentos ofertados pelo Centro Nordestino de Medicina Popular, além de outros por demais instituições, a exemplo da UFPE. O CESAM tornou-se, assim, um centro de referência e credibilidade.
CONCLUSÕES:
Como considerações finais, percebe-se que o CESAM constitui forte elemento na cadeia produtiva e de valor farmacêutica, onde se insere as plantas medicinais. O CESAM desenvolve atividades de cultivo de plantas medicinais, possui um pequeno laboratório de manipulação onde se obtém produtos oficinais feitos por partes de plantas, além da participação em feiras de economia solidária e agroecologia; exercita um meio de produção sustentável e um comércio justo para consumidores conscientes. Através desta experiência e por meio da pesquisa-ação, confirma-se o potencial econômico regional de plantas medicinais, que pode ser albergado como empreendimento na perspectiva da economia solidária. A UFPE, por meio da Incubadora de Tecnologias Sociais, inaugurada em 05 de dezembro de 2012, tem sua primeira meta direcionada ao desenvolvimento de ações solidárias que fortaleçam a cadeia produtiva e de valor de plantas medicinais e fitoterápicos.
Palavras-chave: ITCP, conhecimento tradicional, cooperativas populares.