65ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 9. Sociologia - 4. Sociologia do Trabalho
A situação da mulher no mercado de trabalho na região metropolitana do Recife entre os anos 2011 e 2012 O que revelam os dados?
conceição de maria carvalho moura - Aluna de Bacharelado em Ciências Sociais- UFRPE
Tarciso Augusto A. da Silva - Prof. Dr./Orientador- Depto. de Ciências Sociais -UFRPE
INTRODUÇÃO:
Na sociedade agrícola, as mulheres e os homens trabalhavam juntos no cultivo das terras, realizando a mesma tarefa no campo, contudo, as mulheres permaneciam com a obrigação de cuidar dos filhos e das atividades domésticas. Segundo Gusmão (1983) foi através do desenvolvimento da sociedade agrária que novas funções e novos serviços foram criados, consequentemente deu-se o início da especialização, que se tornou necessária com a chegada da industrialização e a partir dessa mudança, a mulher passou a exercer profissões e a ter ocupações que antes eram realizadas só pelo sexo masculino.
É fato que a entrada feminina no mercado de trabalho modificou a economia doméstica, o casamento, a educação dos filhos e o controle de natalidade dentre os aspectos.
Antunes (1999) entende que o aumento do trabalho feminino faz parte do processo de emancipação parcial das mulheres, tanto em relação á sociedade de classes quanto ás inúmeras formas de opressão masculina, que se fundamentam na tradicional divisão social e sexual do trabalho.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Geral Analisar a situação da mulher no mercado de trabalho a partir de um comparativo entre os anos de 2011 e 2012. Específicos Verificar a situação da mulher no mercado de trabalho no Recife e região metropolitana; Compreender quais os fatores pode prejudicar a vida profissional da mulher.
MÉTODOS:
Para a realização deste trabalho, além da pesquisa bibliográfica, analisamos os resultados da Pesquisa de Emprego e Desemprego no Recife e Região Metropolitana (PED-RMR), realizada pela Agência Estadual de Planejamento CONDEPE/FIDEM e divulgados pelo Dieese em seu site através do boletim especial de resultados da PED-RMR que apresenta a inserção da mulher no mercado de trabalho no período de 2011 á 2012.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
De acordo com a PED-RMR em 2012, a taxa de desemprego total das mulheres diminuiu, mas do que a dos homens, passando de 16,7% em 2011 para 14,6% em 2012, enquanto a masculina saiu de 10,7% em 2011 para 9,8% em 2012. Tal movimento é favorável para diminuição da desigualdade entre os sexos no mercado de trabalho, embora a taxa de desemprego entre as mulheres ainda seja muito superior a dos homens na Região metropolitana do Recife, em 2012 as mulheres foram minoria entre os trabalhadores e maioria entre os desempregados.
A Pesquisa de Emprego e Desemprego no Recife considera como os principais setores de atividade econômica na região metropolitana do Recife são: Indústria, construção, comércio e serviços. No primeiro setor, as mulheres (2,5%) ocuparam mais vagas do que os homens (1,9%), no segundo, ocorreu a criação de novos postos de trabalho de forma mais acentuada para as mulheres (40,0%), no entanto a participação feminina no setor é de apenas 1% em relação ao total de vagas ocupadas. No comércio, ocorreu um aumento de 7,1% e 4,7% no setor de serviço que é o maior empregador das mulheres na região metropolitana do Recife que, atualmente, detém 75,1% de suas vagas ocupadas por mulheres.
O rendimento médio mensal aumentou tanto para os homens quanto para as mulheres, que passou de R$ 885 em 2011 para R$ 931 em 2012, um crescimento de 5,2%, já os homens aumentou de R$ 1.242 em 2011 para R$ 1.282 em 2012.
CONCLUSÕES:
A Constituição Federal de 1988 proíbe que ocorra diferença salarial, exercício de funções ou critérios de admissão e demissão por motivo de sexo, raça, cor, idade, estado civil e outras formas de discriminação. Mesmo diante da igualdade entre os sexos ser garantida por lei, os salários entre homens e mulheres continuam sendo diferentes.
A partir da análise dos dados divulgados pelo Dieese em parceria com a Agência Estadual de Planejamento de Pesquisa de Pernambuco - CONDEPE/FIDEM. Verificou-se que a desigualdade de renda entre homens e mulheres, pode ser explicada pelo fato do sexo feminino ter uma carga horária menor, em 2012 a média semanal era de 42 horas, já os homens apresentaram em 2012, média de 47 horas semanais, tal diferença impacta diretamente no salário final de ambos os sexos, mas segundo o Dieese (2013) considerar as diferenças de jornadas entre homens e mulheres atenua a desigualdade entre os rendimentos, mas não elimina por completo, uma vez que há outros fatores envolvidos.
A jornada de trabalho da mulher inferior a dos homens pode ser explicada pelo fato dela possui uma dupla inserção no mundo do trabalho, isso porque para conciliar seu trabalho “produtivo” com suas atividades domésticas e familiares (trabalho reprodutivo), um dos domínios terá de ser negligenciado.
Palavras-chave: Trabalho, Mulheres, Renda.