65ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 4. Geografia - 1. Geografia Humana
A SEGREGAÇÃO RESIDENCIAL E A PRECARIZAÇÃO DO TRABALHO NA VIDA DOS VENDEDORES AMBULANTES DA AVENIDA ANHANGUERA-GOIÂNIA/GO
Gabriela da Costa Barbosa - Instituto de Estudos Socioambientais - UFG
Lorrana Andrade de Souza - Instituto de Estudos Socioambientais - UFG
Tadeu Pereira Alencar Arrais - Prof. Dr./ Orientador - Instituto de Estudos Socioambientais - UFG
INTRODUÇÃO:
O interesse nos estudos sobre cidades, grandes metrópoles e a questão do urbano tem sido enorme destaque no meio acadêmico. Com a globalização em alta nessas cidades as consequências também chegam com a mesma proporção e em alguns casos até maior do que se pudesse imaginar. Vários fatores contribuem para esse fato e sem duvida um dos maiores, se não o maior deles, é a alta valorização das áreas de interesse imobiliário fazendo com que ocorra uma divisão da população nesse território urbano resultando então, na exclusão por classe social onde os ricos permanecem nas melhores áreas e os pobres são jogados onde conseguem pagar seu aluguel ou comprar uma casa. Goiânia é uma das maiores metrópoles do país e se destaca pelo seu comércio; a Avenida Anhanguera tem uma importância muito significativa para as atividades econômicas da região, ela atravessa toda a cidade e passa por setores importantes como o Setor Central- foco de nosso trabalho- Setor Universitário, Setor Aeroporto, Campinas, Setor Rodoviário, Bairro Capuava entre outros. No setor central grandes lojas de eletrodomésticos, eletroeletrônicos, roupas e calçados estão presentes na avenida e tem uma relevante importância para os ambulantes, relevância essa a qual discutiremos mais a frente.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Abarcar se há e como se dá a segregação residencial dos vendedores ambulantes. Analisar os motivos que os levam a trabalhar na rua, mesmo com a precarização do trabalho intrínseco ao comércio informal, esta que pode ser intensificada em caso de segregação residencial. Entender de que forma a rotina desses sujeitos se estrutura e como esses usam o tempo gasto entre seus lares e o local de trabalho.
MÉTODOS:
Para realizarmos esse trabalho começamos com a leitura do material; dentre esse, os textos propostos na disciplina Geografia Urbana, assumiram importante contribuição para a devida fundamentação teórica. O recorte espacial trabalhado foi o trecho da Avenida Anhanguera no Setor Central, entre os cruzamentos com a Rua Vinte e com a Avenida Paranaíba chegando ao Setor Oeste. Os referentes sujeitos observados correspondem aos ambulantes ali presentes; para conhecermos melhor esse grupo de indivíduos construímos um questionário e o aplicamos no campo em três dias diferentes. Os quais foram: dia 28 de Abril, sábado; no dia 14 de Maio, segunda-feira e por último, dia 18 de Maio sexta-feira, do ano de 2012, durante esses dias foram entrevistados 30 ambulantes, que muito contribuíram para a compreensão desta realidade vislumbrada em diversas metrópoles. Com os resultados obtidos dissertamos o que foi proposto com enfoque na segregação residencial e a precarização do trabalho.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Dos trinta entrevistados dez habitam na região metropolitana de Goiânia. A falta de oportunidade de trabalho nas proximidades de suas residências faz com que a migração pendular seja um fenômeno recorrente na rotina de parte desses sujeitos; habitam em um município e precisam se deslocar até Goiânia, onde o comércio tem maior visibilidade, especialmente pela quantidade de pessoas que circulam diariamente nas vias públicas do setor Central. Todos relatam que o lucro, o fato de não ter patrão cobrando e a possibilidade de organizar autonomamente seu horário de trabalho são motivos pela escolha de trabalharem como ambulantes. Treze utilizam o transporte público para se deslocarem e gastam em média de trinta a noventa minutos, os demais que utilizam carro, bicicleta ou a pé reduzem o tempo para dez a trinta minutos, devido grande parte habitar em Goiânia. Os produtos mais vendidos são: bijuterias, DVDs, frutas, roupas, eletrônicos entre outros. Foram doze mulheres entrevistas, durante a semana voltam em casa no horário do almoço para alimentar seus filhos e os levar a escola, da mesma forma saem mais cedo do local de trabalho, pois devem busca-los, nos sábados essa rotina é diferente, elas os levam para trabalho e ali ficam expostos aos riscos que suas mães passam todos os dias.
CONCLUSÕES:
A precarização do trabalho está mais presente no cotidiano metropolitano do que comumente se imagina. Através deste trabalho tivemos a oportunidade de vivenciar a rotina de pessoas que buscam melhores condições de vida. Percebemos uma rotina conturbada, em que esses comerciantes diariamente correm o risco de perder todas as suas mercadorias com a chegada da fiscalização; na avenida e em suas encostas não há proteção em caso de chuva, entender a posição do sol para assim escolherem seus pontos é a única estratégia admitida á favor desses indivíduos sobre as condições climáticas que estão diretamente expostos. Entendem que o trabalho de carteira assinada com todos seus direitos assegurados, não vale à pena; o trabalho como ambulantes trouxe a independência e autonomia sonhada. A segregação residencial não é muito alta quando analisamos o total, os ambulantes que habitam em Goiânia são mais do que os dos outros municípios, com um equilíbrio em casas alugadas e próprias. Todos já tiveram oportunidade de trabalhar em outros lugares, ser ambulante é uma forma de trabalho para eles tão gratificante que nem mesmo os riscos do oficio os fazem mudarem de ideia e voltarem para uma empresa com carteira assinada, décimo terceiro e férias no final do ano.
Palavras-chave: Indivíduos excluídos, Lucratividade, Comércio informal.