65ª Reunião Anual da SBPC
F. Ciências Sociais Aplicadas - 13. Serviço Social - 7. Serviço Social
VELHOS TARADOS E VELHAS ASSANHADAS?
Karine Cristina da Silva Monteiro - Instituto de Ciências Sociais Aplicadas, Fac. de Serviço Social – UFPA
Vânia Karina Pimentel Costa - Instituto de Ciências Sociais Aplicadas, Fac. de Serviço Social – UFPA
Ana Carolinne Paixão - Instituto de Ciências Sociais Aplicadas, Fac. de Serviço Social – UFPA
Selma Suely Lopes Machado - Profª. Drª/Orientadora - Instituto de Ciências Sociais Aplicadas – UFPA
INTRODUÇÃO:
O Envelhecimento Humano como um fenômeno mundial, em grande escala ganha visibilidade na medida em que há um crescimento populacional contínuo das pessoas com 60 anos e mais de idade. As projeções informam que em 2025 no Brasil, a população corresponderá a 15% da população total. Portanto, faz-se necessário ampliar a compreensão desse fenômeno imbricado de crenças e mitos, como o da velhice assexuada. O envelhecimento não é algo distante, que está no outro, mas como um processo biopsicossocial é inseparável do ser humano, assim como a sexualidade é parte integrante e inerente ao ser. Considerou-se neste trabalho o conceito de sexualidade difundido pela Organização Mundial da Saúde, conceito amplo que abrange a sexualidade como expressão além do ato sexual, envolve afeto, contato e intimidade.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Pretendeu-se com este trabalho, conhecer a concepção e as vivências da sexualidade entre os participantes da 28ª turma do Projeto “Atualização Cultural na Terceira Idade” do Programa de Ensino, Pesquisa e Extensão Universidade da Terceira Idade (UNITERCI), da Universidade Federal do Pará.
MÉTODOS:
Trata-se de uma pesquisa exploratória, com dados quanti-qualitativos em fontes bibliográficas, documentais e empíricas. Este levantamento de campo foi realizado por meio de técnicas de observação e questionário. Os questionários foram auto-aplicados, com questões fechadas e abertas totalizando 24 questões, entre as variáveis e categorias que, após análise e sistematização dos dados, desvelam o seu perfil, suas percepções e vivências em torno da temática. Para a escolha dos participantes da pesquisa, os critérios de seleção utilizados foram: faixa etária de 60 a 75 anos, ser alfabetizado e participante de algum projeto vinculado ao Programa UNITERCI. Chegou-se então ao total de 19 participantes, sendo 14 mulheres e 05 homens. Para preservar a identidade dos participantes, todos os nomes são fictícios com designações de flores. Os homens foram denominados de Alecrim, Cacto, Cravo, Girassol e Lírio, já as mulheres identificadas por Açucena, Alfazema, Begônia, Camélia, Hortênsia, Jasmim, Lavanda, Magnólia, Malmequer, Margarida, Orquídea, Tulipa, Verônica e Violeta.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Os resultados apresentaram-se da seguinte forma: 74% da amostra composta por mulheres e 26% composta por homens, corroborando a tendência da feminização da velhice. No que diz respeito à análise sobre a concepção e vivência da sexualidade nos dados levantados com os homens, constatou-se que a mesma está relacionada ao prazer, a um interesse pelo sexo oposto com maior foco no plano físico, pois a expressão atração física fora citada por boa parte dos participantes do sexo masculino, porém, majoritariamente, identificam que a sexualidade não se restringe somente ao sexo como ato fisiológico. Para a maioria das mulheres percebe-se que há uma forte conexão com o plano sentimental, valorizando-se o amor como um dos principais elementos dessa relação, pois fazem referência também à existência de um parceiro com quem tenham vínculos de confiança, união, respeito, carinho, companheirismo, atenção, paciência e atração. Desse modo, pode-se observar que tanto na percepção dos homens, quanto das mulheres há uma identificação com o conceito de sexualidade, a exemplo daquela adotado pela OMS, onde a sexualidade não se remete apenas ao ato sexual, mas inclui o afeto, o toque, ou seja, os sentimentos e sensações que interagem com o prazer e a relação interpessoal.
CONCLUSÕES:
Temas como sexualidade na velhice ainda são vistos com preconceitos por parte de outros segmentos geracionais. Desvelar para a sociedade que os idosos têm vida sexual ativa e que não são “velhos tarados” e nem “velhas assanhadas” é um grande passo para enfrentar o preconceito em relação à sexualidade na velhice, pois, segundo a psicanálise, ela é à base da expressão humana. Portanto não haveria idade para começar e muito menos para terminar. Desvelou-se não uma única concepção, e sim várias formas de perceber e vivenciar a sexualidade que se remete aos planos sentimental e físico. Dada a constatação de uma realidade obscurecida por mitos, tabus, preconceitos, crenças e, principalmente falta de informação e orientação, espera-se que a contribuição deste estudo possa combater essa realidade, fortalecendo as pessoas idosas na tarefa de desconstruir rótulos e (re)descobrir potencialidades. A despeito das influências religiosas, culturais e sociais próprias de seu tempo, os participantes do estudo conseguem manifestar diferentes formas de vivenciar seus desejos, emoções, sentimentos, prazer, enfim sua sexualidade.
Palavras-chave: Envelhecimento Humano, Velhice, Sexualidade.