65ª Reunião Anual da SBPC

G. Ciências Humanas - 7. Educação - 7. Educação Infantil

FORMAÇÃO DO EDUCADOR DA INFÂNCIA EM SERVIÇO E ORGANIZAÇÃO DOS AMBIENTES DA CRECHE: UMA PESQUISA-INTERVENÇÃO

Ana Rosa Costa Picanço MOreira - Profa.Dra. - Depto. de Educação - UFJF Letícia de Souza Duque - Depto de Educação Luciana Andrade Sampaio - Depto de Geografia

INTRODUÇÃO:

Com o advento do aumento do número de crianças que frequentam creches e do desenvolvimento de estudos científicos sobre a influência dos aspectos físicos dos ambientes da creche nas ações das crianças, a temática da organização espacial ganhou visibilidade nos documentos nacionais que orientam as práticas de educação infantil, tais como Critérios para um Atendimento em Creches que Respeite os Direitos Fundamentais da Criança, Subsídios para Credenciamento e Funcionamento de Instituições de Educação Infantil, Referencial Curricular Nacional de Educação Infantil, Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil, Plano Nacional de Educação, Parâmetros Básicos de Infra-Estrutura para Instituições de Educação Infantil e Indicadores de Qualidade na Educação Infantil. Esses textos concebem os aspectos físicos do ambiente como um dos elementos-chave para a promoção da qualidade dos ambientes de educação coletiva para crianças de zero a cinco anos de idade. Igualmente, concebemos o ambiente como processo que é construído nas e pelas interações sociais, com base na perspectiva histórico-cultural de Vigotski e Wallon. Diante disso, entendemos que o ambiente é pedagógico devendo ser organizado criticamente pelos educadores e coordenações de educação infantil.

OBJETIVO DO TRABALHO:

Este estudo tem o objetivo de conhecer como os educadores e a coordenação de uma creche concebem, planejam e organizam os ambientes de berçários, e possibilitar a reflexão crítica dos mesmos. Ou seja, a pesquisa investiga os significados e sentidos produzidos por esses sujeitos acerca do espaço e intervém possibilitando a construção de novos/outros significados.

MÉTODOS:

Trata-se de uma pesquisa-intervenção realizada numa creche institucional do município do Rio de Janeiro durante o ano de 2008. Participaram do estudo 22 educadores e 67 crianças com idades entre quatro e 24 meses que frequentam os três berçários da creche. A produção dos dados foi feita mediante observação participante e fotografias das interações das crianças e educadores nos e com os três ambientes, e aplicação de um questionário e a realização de sessões reflexivas com os educadores. As sessões reflexivas são “contextos de criação de oportunidades de construção de significados sobre a prática docente em colaboração com um pesquisador externo e se caracterizam como sessões de discussão” (SZUNDY, 2005, p. 90).

RESULTADOS E DISCUSSÃO:

Os resultados indicam que os educadores concebem o espaço/ambiente como um aliado às práticas de cuidado e educação na creche o qual merece ser tratado com mais atenção. Inicialmente, eles entendiam que o espaço se constituía num elemento pedagógico, porém de caráter escolar. No berçário que atende as crianças menores, o ambiente tinha sido organizado enfocando o cuidado e segmentando-o da educação ou sob a ótica da pedagogia da submissão (KUHLMANN JR., 1998). Nos outros berçários, os ambientes apresentavam vários marcadores espaciais escolares, tais como chamadinha e janelinha do tempo. A partir das intervenções, via ações colaborativas, os educadores puderam ressignificar suas práticas e a organização dos ambientes no sentido de aumentar a quantidade e a qualidade da estruturação espacial das salas. Dessa forma, o número de berços do Berçário I foi diminuído e foram introduzidos na sala outros estruturadores espaciais desafiadores e seguros, tais como brinquedos de grandes dimensões e tapetes emborrachados, com base no olhar sensível dos educadores às necessidades e desejos das crianças. Em cada sala de Berçário II foram inseridas quatro estantes baixas e vazadas de modo a favorecer a organização de diferentes arranjos espaciais pelas próprias crianças. Os ambientes tornaram-se mais interessantes e permanentemente transformados.

CONCLUSÕES:

Esperamos que esta pesquisa contribua para a melhoria da qualidade da educação de crianças pequenas e que o uso desta metodologia, da qual os educadores participaram como copesquisadores, possa auxiliar no processo de formação em serviço desses profissionais e também em outras pesquisas que privilegiem o víeis interventivo no contexto de investigação.

Palavras-chave: Ambiente, Formação do educador, Creche.