65ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 5. Ecologia - 3. Ecologia Terrestre
LEVANTAMENTO DAS ESPÉCIES DE MARANTACEAE OCORRENTES EM FRAGMENTOS DE FLORESTA ATLÂNTICA, ALAGOAS, BRASIL
Angélica Cândida Ferreira - Graduanda – Depto. de Biologia - Universidade Federal Rural de Pernambuco
Liliane Ferreira Lima - Doutoranda - Depto. de Biologia - Universidade Federal Rural de Pernambuco
Patrícia Barbosa Lima - Doutoranda - Depto. de Biologia - Universidade Federal Rural de Pernambuco
Tássia de Sousa Pinheiro - Doutoranda - Depto. de Biologia - Universidade Federal Rural de Pernambuco
Marcelo Tabarelli - Prof. Dr. – Depto. de Biologia – Universidade Federal de Pernambuco
Carmen Silvia Zickel - Profa. Dra. - Depto. de Biologia – Universidade Federal Rural de Pernambuco
INTRODUÇÃO:
A fragmentação de habitats naturais é uma realidade observada nos mais diversos ecossistemas ao redor do mundo. No Brasil, áreas contínuas de Floresta Atlântica têm sido transformadas em pequenos fragmentos florestais como produto, sobretudo, das atividades humanas. Este evento de degradação resulta em elevada perda de muitas espécies da flora, da fauna e de microrganismos, comprometendo a diversidade biológica inerente a este bioma. A perda de espécies em fragmentos é justificada em grande parte pelas alterações abióticas associadas à formação de bodas florestais, que afetam substancialmente os parâmetros de composição, densidade, riqueza e distribuição espacial das espécies. Neste cenário, as Marantaceae constituem um grupo vegetal que pode ser utilizado na avaliação dos efeitos decorrentes da fragmentação, haja vista, que suas espécies ocorrem predominantemente no interior de florestas, quase sempre associadas à água, sendo extremamente vulneráveis ao desmatamento. Diante disso, os esforços aplicados às pesquisas voltadas ao conhecimento da dinâmica desse grupo vegetal pode viabilizar a elaboração de estratégias para conservação da biodiversidade em áreas florestais.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Realizar um levantamento florístico das espécies de Marantaceae ocorrentes em uma paisagem fragmentada de floresta Atlântica, localizada no estado de Alagoas, Brasil.
MÉTODOS:
O presente estudo foi realizado ao longo de 11 remanescentes de floresta Atlântica, inseridos nas propriedades da Usina Serra Grande, localizada entre os Municípios de Ibateguara e São José da Laje, Alagoas, Nordeste do Brasil (8° 30’ N – 35° 50’ W). A coleta dos dados foi realizada no interior e na borda do maior remanescente de floresta Atlântica ao Norte do rio São Francisco (Coimbra, que possui cerca de 3.500 ha) além de dez fragmentos florestais pequenos (< 100 ha, com tamanho variando entre 7,84 e 83, 63 ha). Foram realizadas caminhadas ao longo das áreas durante os meses de outubro de 2010 e março de 2011, com o intuito de coletar todos os indivíduos em estágio fértil. Posteriormente, os indivíduos foram herborizados (a partir das técnicas usuais de herborização) e identificados (de acordo com a literatura específica, comparação com o acervo dos herbários pernambucanos e envio aos especialistas).
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Este estudo registrou um total de 12 espécies de Marantaceae, distribuidas em 5 gêneros. Desses, os mais representativos foram Calathea e Ctenanthe, com 4 espécies cada. Em sequência tem-se Ischnosiphon (2), além de Maranta (1) e Monotagma (1). A maior riqueza de espécie foi observada em áreas do interior florestal, onde foi registrada a ocorrência de todas as espécies. Na borda e nos pequenos fragmentos foram encontradas três e duas espécies, respectivamente. As espécies I. gracilis e I. longiflorus foram as únicas comuns ao três ambientes - borda, interior florestal e pequenos fragmentos. Estas são espécies rizomatosas, encontradas desde ambientes úmidos até áreas abertas e secas. O rizoma de espécies desse gênero ao entrar em contato com o solo tende a enraizar e originar novos indivíduos. No entanto, em áreas mais úmidas, as espécies de Marantaceae tendem a se agrupar, formando grandes populações e cobrindo grandes áreas, como foi observado em regiões no interior de Coimbra. A maior riqueza de espécies observada no interior florestal deve-se, dentre outros fatores, às condições microclimáticas desse ambiente, típico de ambientes em bom estado de conservação, propício ao desenvolvimento da maioria dos táxons inseridos nessa família, associado geralmente a ambientes úmidos.
CONCLUSÕES:
Os dados obtidos nesse estudo contribuem para o conhecimento da riqueza de espécies dos remanescentes de floresta Atlântica brasileira. Além disso, enfatiza a influência dos impactos antrópicos (nesse caso, a fragmentação de habitats naturais) sobre a diversidade de espécies do grupo analisado, visto a maior riqueza de espécies registrada no interior florestal (área considerada conservada na paisagem) e a redução drástica do número de espécies em ambientes mais abertos e degradados, como as bordas florestais e os pequenos fragmentos. Tais dados ressaltam, ainda, a necessidade de preservação e conservação dos remanescentes de floresta Atlântica, bem como, um maior esforço para determinar a riqueza florística ocorrentes nesses ambientes.
Palavras-chave: Hábitats, Remanescentes, Riqueza.