65ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 5. Ecologia - 4. Ecologia
INFLUÊNCIA DA VEGETAÇÃO HERBÁCEA SOBRE O CRESCIMENTO DE ESPECIES LENHOSAS EM FLORESTA JOVEM E FLORESTA MADURA DE CAAATINGA
Sebastiana Lidielda Albuquerque da Silva - Centro Acadêmico de Vitória - UFPE
Waneza Valéria de Araújo - Centro Acadêmico de Vitória - UFPE
Kleber Andrade da Silva - Prof. Dr./Orientador - Centro Academico de Vitória - UFPE
INTRODUÇÃO:
As plantas podem interagir negativamente ou positivamente. A literatura aponta que pode existir competição por espaço ou recurso entre ervas e plântulas de lenhosas e, algumas herbáceas, teriam maior influência sobre o recrutamento de plântulas de lenhosas. Estudos mostram que plantas também podem facilitar a sobrevivência e o crescimento de outras. Em áreas de caatinga, por exemplo, o sombreamento da copa das árvores e a presença de serrapilheira pode facilitar o crescimento de ervas e conferiu maior grau de recobrimento ao solo. Então, da mesma forma que as plantas podem interagir competindo, elas podem interagir facilitando a sobrevivência uma da outra. Vários estudos têm sido feito em áreas secas para poder entender melhor o comportamento da vegetação local. A caatinga é uma floresta tropical seca e sua vegetação é formada por uma elevada riqueza de ervas e lenhosas. Sabendo que espécies herbáceas são competidoras superiores por água e nutrientes e, consequentemente, afetam o crescimento de plantas lenhosas, a hipótese deste trabalho é que a remoção da vegetação herbácea da caatinga facilitaria o crescimento de plântulas estabelecidas e indivíduos juvenis de espécies lenhosas, em fragmentos de floresta jovem e floresta madura de caatinga.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Verificar se a remoção da vegetação herbácea facilita o crescimento de plântulas e juvenis de espécies lenhosas em fragmentos de floresta jovem e floresta madura.
MÉTODOS:
O estudo foi realizado em fragmentos de floresta jovem e de floresta madura, localizados na Estação de Pesquisa Agropecuária (IPA), em Caruaru-PE. Na floresta jovem era cultivada a espécie Opuntia ficus-indica Mill. (palma gigante), que foi abandonado há aproximadamente 18 anos e vem se regenerando naturalmente. Na floresta madura não existe registro de corte raso para o estabelecimento de agricultura há pelo menos 60 anos. Para caracterizar a influência da vegetação herbácea no crescimento de plântulas das populações de espécies lenhosas, foi instalado em cada fragmento 50 parcelas de 1m², aleatoriamente. Em 25 o componente herbáceo foi mantido e em 25 foi removido. As ervas foram removidas mensalmente. Após a emergência, as plântulas foram contadas e marcadas com etiqueta de plástico ligada às plantas com arame plastificado. Todas as etiquetas foram numeradas. A medição do diâmetro e da altura foi feita com paquímetro e régua, respectivamente. Foi monitorado o crescimento em altura e diâmetro de todos os indivíduos registrados no censo inicial em agosto de 2011, até dezembro de 2012. Diferenças na altura e diâmetro médios entre as parcelas com e sem ervas e entre os fragmentos de floresta madura e floresta jovem foram verificadas com o teste de variância de Tukey.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Houve diferença significativa na altura média (cm) entre as florestas e entre os trechos com e sem ervas (F(1,796)=43.887,p=0,00000;). Na floresta jovem, a altura média foi maior nos trechos sem ervas (7,43) do que com ervas (6,16). Na floresta madura, a altura média foi maior nos trechos com ervas (10,55) do que sem ervas (7,48). Nos trechos com ervas a altura média foi maior na floresta jovem. Nos trechos sem ervas não houve diferença na altura média entre as florestas. Não houve diferença no diâmetro médio (cm) entre as florestas jovem (com erva = 0,15; sem ervas = 0,11) e madura (com erva = 0,09; sem ervas = 0,08) e entre os trechos (F(1,796)= 0,42264,p=0,51581). Em ambientes com restrições ambientais severas as plantas podem melhorar as condições locais das suas vizinhas, tornando locais favoráveis para o estabelecimento e crescimento de plântulas ao seu redor. Então, na floresta jovem, as ervas podem estar melhorando as condições de sobrevivência e crescimento em altura das lenhosas, com interação facilitadora. Porém, na floresta madura, acorre o contrario. Na presença das ervas as plântulas de lenhosas parecem está interagindo negativamente, visto que o crescimento das mesmas é maior na ausência das ervas, gerando interação competitiva.
CONCLUSÕES:
Este estudo conclui que a interação entre plantas herbáceas e lenhosas pode variar dependendo do status de conservação da vegetação. Na floresta jovem, o componente herbáceo pode atuar na melhoria das condições de sobrevivência das lenhosas e facilitar o crescimento em altura da comunidade de plantas lenhosas. Por outro lado, com a evolução da sucessão, a interação entre plantas herbáceas e lenhosas passa a ser de competição, pois a altura da comunidade de plantas lenhosas foi maior nos trechos onde as ervas foram removidas. Por fim, o status de conservação da vegetação e a presença ou ausência das ervas não tiveram efeito sobre o diâmetro.
Palavras-chave: Facilitação, Interação, Semiárido.