65ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 8. Genética - 4. Genética Molecular
DNA que peixe é esse ? Identificação genética de 27 espécies de bagres (Ordem Siluriformes) de importância comercial na amazônia brasileira
HENRIQUE OLIVEIRA LIMA- Bolsista FAPEAM - INPA/UFAM – Programa de Iniciação Científica
ANTÔNIO SAULO CUNHA MACHADO - UFAM - Bolsista FAPEAM - Programa de Pós- Graduação em Biotecnologia
KYARA MARTINS FORMIGA - CBIO/LTBM/INPA - Msc. / Co-orientadora
JACQUELINE DA SILVA BATISTA - CBIO/LTBM/INPA - Dra. / Orientadora
INTRODUÇÃO:
A ictiofauna de água doce da América do Sul e Central apresenta a maior diversidade de peixes do mundo. Dentro dessa diversidade provavelmente 30 a 40% da fauna de peixes neotropicais de águas interiores ainda não foram descritas e, assim, um número mais realista para águas brasileiras pode ser de 5.000 espécies (Vari e Malabarba, 1998; Reis et al., 2003). Uma das principais atividades econômicas da região é a pesca. É dela que populações ribeirinhas dependem para fins de alimentação, comércio e renda. Os Bagres (Ordem Siluriformes) estão distribuídos em 35 famílias com 446 gêneros e pelo menos 2.867 espécies, sendo destas 1.727 presentes na bacia amazônica. (Nelson, 2006). Representam o grupo de peixes de maior valor comercial na região amazônica e grande parte destes peixes estão inseridos na Família Pimelodidae. Na comercialização dessas espécies, um dos mais frequentes problemas está na identificação para fins de fiscalização, exportação e comércio. Uma opção de resolução para esta questão baseia-se em uma ferramenta sugerida denominada código de barras de DNA (DNA Barcode).
OBJETIVO DO TRABALHO:
O presente estudo visou a identificação genética, de 25 espécies de peixes da Família Pimelodidae duas da Família Auchenipteridae (Siluriformes), de valor comercial na Amazônia, utilizando sequências de DNA do gene mitocondrial COI (código de barras de DNA), e assim verificar a sua eficiência na identificação.
MÉTODOS:
Foram analisados entre cinco a 35 exemplares de cada uma das 27 espécies amostradas em 28 localidades da Amazônia tais como: Manaus-AM, Santarém-PA, Tabatinga-AM, Tefé-AM, Eirunepé-AM, Cruzeiro do sul-AC, Manicoré-AM, Porto Velho-AM, Guajará Mirim-RO, São Grabriel da Cachoeira-AM, Iranduba-AM, Boa vista-RR, Lábrea-AM, Coari-AM, Belém-PA, Araguaia-TO, Tabatinga-AM, Nhamundá-AM, Oriximiná-PA, Borba-AM, Ig. Carapanatuba-AM, Reserva do Cautário-RO, Altamira-PA, Rio Iriri-PA, Itaipava-PA,Amanã-AM, Humaitá-AM e Itaituba-AM. O material biológico foi conservado em álcool 95% e depositado no banco de tecidos da Coleção de Recursos genéticos do INPA. A extração de DNA foi feita seguindo o protocolo com Fenol-Clorofórmio (Sambrooket al, 1989). Na PCR foram utilizados iniciadores (primers) descritos por Ward et al.. 2005. O produto de PCR foi purificado com o kit GFX (GE HealthCare) de acordo com as normas do fabricante, sequenciado com o kit MegaBace Dynamic ET e eletroinjetadas no analisador automático MegaBace 1000 no LTBM/INPA. As sequências de DNA obtidas foram editadas, alinhadas e analisadas com o auxílio dos programas BIOEDIT 5.0.9, CHROMAS 2.31 e MEGA 5.0. Após obtida a matriz alinhada e editada, foi gerada uma árvore de distância genética utilizando o algoritmo de Neighbour-joining juntamente com o modelo de evolução molecular Kimura-2-parâmetros. Essas estimativas foram geradas com o auxílio do programa MEGA 5.0 (Tamura et al., 2007).
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Foram obtidas sequências de DNA da região COI do DNAmt com tamanho entre 530 a 650 pb de um total de 300 amostras de 17 gêneros e 27 espécies da Família Pimelodidae e Auchenipteridae. Após obtida a matriz alinhada e editada, foram observados 82 haplótipos entre os 300 exemplares analisados com os quais foi gerada uma árvore de Neigbour-joining (Kimura-2-parâmetros), com grupos/clados apoiados por altos valores de bootstrap, variando entre 90% e 100%. A menor distância genética média entre espécies (interespecífica) foi de 2%, observada entre Pseudoplatystoma reticulatum (tipo de surubim) e P. tigrinum (caparari), e a maior de 25%, entre Ageneiosus inermis (mandubé) e Calophysus macropterus (piracatinga), sendo estas pertencentes a famílias diferentes. A distância estimada entre indivíduos da mesma espécie (intraespecífica) variou entre 0,00% a 0,59% em Phractocephalus hemiliopterus (pirarara) e A. inermis respectivamente. Uma possível causa da porcentagem intraespecífica baixa entre congêneres de Pseudoplatystoma é de que as espécies divergiram recentemente e não tiveram muito tempo de evolução para separar geneticamente. Sendo assim os demais resultados estão de acordo com a proposta do DNA barcode em que as divergências intraespecíficas devem ficar abaixo de 2% e a interespecíficas acima de 3%.
CONCLUSÕES:
Por meio da metodologia do Barcode as 27 espécies foram geneticamente discriminadas corroborando a em sua maioria a identificação taxonômica, validando a eficácia do gene mitocondrial COI para identificação de peixes bagres comerciais da região amazônica, fornecendo a resolução no nível de espécie. É necessário estudos mais profundos no gênero Pseudoplatystoma. Os dados ajudarão na informação, planejamento e monitoramento eficaz de programas de conservação de pesca na região, proporcionando uma estrutura cientifica de apoio a gestão eficaz.
Palavras-chave: Siluriformes, Citocromo oxidase Subunidade I, Amazônia.