65ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 4. Botânica - 8. Botânica
FAMÍLIA LAMIACEAE: LEVANTAMENTO E USOS MEDICINAIS NO ESTADO DE SERGIPE
Gilmara da Silva Freire - Laboratório de Sistemática Vegetal, Universidade Federal de Sergipe – UFS
Ana Cecília da Cruz Silva - Laboratório de Sistemática Vegetal, Universidade Federal de Sergipe – UFS
Ana Paula do Nascimento Prata - Profª. Drª./Orientadora - Laboratório de Sistemática Vegetal – UFS
INTRODUÇÃO:
As plantas com propriedades terapêuticas são conhecidas como instrumento de cura, cujo uso é gerado e sustentado pela cultura local através da tradição milenar. Essas plantas constituem um recurso primário à saúde e fonte de sustento das comunidades rurais. Além do mais, contribuem para os estudos multidisciplinares, como na farmacologia, fitoquímica e botânica. Lamiaceae possui distribuição cosmopolita, no Brasil ocorrem 28 gêneros e cerca de 350 espécies, sendo em sua maioria arbustos e ervas, raramente árvores. Esta família contém ervas de uso medicinal e muitas espécies de importância econômica, pois são usadas como condimentos e alimentos, bem como na indústria de cosméticos e perfumes.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Visando ampliar o conhecimento dessa família a respeito da sua diversidade florística, distribuição e importância medicinal em Sergipe, realizou-se um levantamento das espécies ocorrentes no estado.
MÉTODOS:
Os dados foram obtidos através de consulta ao speciesLink (2013) e ao acervo do Herbário da Universidade Federal de Sergipe (ASE). Todas as exsicatas foram analisadas e atualizadas por comparação e com auxílio de bibliografia especializada. Foram anotadas as informações referentes à sua identificação botânica, e quando possível, o nome popular e município de ocorrência. A grafia das espécies foi verificada no banco de dados do Missouri Botanical Garden (2010) e Forzza et al. (2011). Adicionalmente foram feitas consultas para identificar as espécies medicinais (Balmé, 1982; Sartório et al., 2000; Di Stasi e Hiruma-Lima, 2002; Silva et al., 2003, Lorenzi e Matos, 2008; Martins et al., 2005).
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Constatou-se que a família Lamiaceae está representada em Sergipe por 41 espécies, subordinadas a 18 gêneros. Os gêneros com maior número de espécies foram Hyptis (9 espécies), Ocimum (6), Aegiphila (5) e Mentha (4). As espécies com maior número de indivíduos foram Hyptis fruticosa Salzm. ex Benth., Hyptis pectinata (L.) Poit. e Hypenia salzmannii (Benth.) Harley, com 54, 47 e 31, respectivamente. As espécies possuem uma relativa distribuição no estado, já que foram coletadas em 48 dos 75 municípios (64%). Foram catalogadas 15 plantas (36,6%) medicinais. A principal parte da planta utilizada para o preparo dos medicamentos foram as folhas e, em menor número, as flores e raízes. As formas mais comuns de manipulação, em ordem decrescente de importância, foram infusão, tópico, decocção, banho, óleo, bochecho-gargarejo, xarope. Foram constatados 14 grupos de indicações terapêuticas, as mais citadas relacionaram-se ao tratamento de problemas respiratório, gástrico, de pele e intestinal, além de infecções orofaríngeas. As espécies com maior número de indicações de uso terapêutico foram: Ocimum basilicum L. (14); Rosmarinus officinalis L. (11); Leonotis nepetifolia (L.) R. Br. e Ocimum gratissimum L. (9 cada).
CONCLUSÕES:
Os dados obtidos nesse estudo demonstraram uma diversidade de espécies na família Lamiaceae, sendo encontradas na maioria dos municípios Sergipanos. Foram catalogadas 15 plantas com funções terapêuticas, usadas para problemas respiratório, gástrico, de pele e intestinal. Para isso, as folhas foram mais comumente usadas para a infusão, uso tópico e banho. Apesar de essas plantas terem sua eficácia comprovada cientificamente, elas devem ser utilizadas com cautela, já que podem conter componentes tóxicos. A conservação dos locais onde estas espécies se encontram é fundamental para tratamento de enfermidades e continuidade destes estudos.
Palavras-chave: Diversidade, Fitoterapia, Uso terapêutico.