65ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 4. Botânica - 8. Botânica
LEVANTAMENTO DAS ESPÉCIES HERBÁCEAS NA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO REFÚGIO DE VIDA SILVESTRE MATA DO JUNCO – SERGIPE
Larissa Michelle Santos Melo - Laboratório de Sistemática Vegetal, Universidade Federal de Sergipe – UFS
Ana Cecília da Cruz Silva - Laboratório de Sistemática Vegetal, Universidade Federal de Sergipe – UFS
Marta Cristina Vieira Farias - Profª. Drª./Orientadora - Laboratório de Sistemática Vegetal – UFS
Ana Paula do Nascimento Prata - Profª. Drª./Orientadora - Laboratório de Sistemática Vegetal – UFS
Cleodon Teodósio da Silva - Prof. Msc./Orientador - Universidade Tiradentes – UNIT
INTRODUÇÃO:
O componente herbáceo apresenta várias funções fundamentais para manutenção da biodiversidade, dentre elas, auxilia na retenção de sementes na camada superficial do solo através do entrelaçamento de suas raízes, interfere no recrutamento de plântulas e constitui uma fonte adicional de recursos (pólen, néctar e resina) para a fauna. As unidades de conservação estão sendo criadas com a finalidade de diminuir o ritmo da perda das espécies ou da biodiversidade. Entre as categorias de Unidades de Proteção Integral, o Refúgio de Vida Silvestre objetiva proteger ambientes naturais, onde se asseguram condições para a existência ou reprodução de espécies da flora local e da fauna residente ou migratória. Atualmente, o Estado de Sergipe possui 15 unidades de conservação e uma delas é o Refúgio de Vida Silvestre Mata do Junco (UCRVS), criada em 2007, com o objetivo de proteger o primata Callicebus coimbrai (Guigó).
OBJETIVO DO TRABALHO:
Apesar da importância para o equilíbrio do ecossistema, há uma deficiência de dados que retratem a riqueza do estrato herbáceo nos diversos biomas, inclusive na Mata Atlântica. Logo, objetivou-se com este estudo realizar um levantamento florístico das espécies herbáceas na UCRVS Mata do Junco.
MÉTODOS:
A UCRVS Mata do Junco está localizada em Sergipe, no município de Capela, e possui área de 197,7 km2 com vegetação de Mata Atlântica. Para levantamento florístico das herbáceas foram realizadas coletas nas principais trilhas e dentro da área, entre agosto de 2012 a abril de 2013. A identificação foi feita por meio de chaves taxonômicas, consultas a especialistas e por comparação das exsicatas do Herbário da Universidade Federal de Sergipe (ASE), local onde o material coletado foi depositado. Uma lista foi elaborada com as espécies ocorrentes nas áreas de estudo, contendo a família e o nome científico. Também foi verificado se as espécies são ameaçadas de extinção no Brasil (MMA 2008), endêmicas da Mata Atlântica (Stehmann et al, 2009) e da Caatinga (Giulietti et al, 2002) e exóticas invasoras (Instituto Hórus 2010). O sistema de classificação das espécies adotado foi o APG III (2009) e a grafia das espécies foi verificada no banco de dados do Missouri Botanical Garden (2010) e Forzza et al (2011).
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
A flora herbácea está representada por 99 espécies e 30 famílias. Esses números foram superiores a maioria dos estudos realizados em outras áreas de Mata Atlântica. As famílias com maior número de espécies foram Cyperaceae (19 espécies), Asteraceae (12), Poaceae (8), Fabaceae e Rubiaceae (7 espécies cada), que totalizaram 53,5% do total de espécies. Quatorze famílias apresentaram apenas uma espécie. Os gêneros com maior diversidade foram Cyperus (8 espécies), Cuphea (4) e Polygala (3). Dentre as herbáceas amostradas, não houve nenhuma ameaçada de extinção. Verificou-se a ocorrência de três espécies endêmicas da Mata Atlântica (Epidendrum cinnabarinum Salzm., Parodiolyra ramosissima (Trin.) Soderstr. & Zuloaga. e Priva bahiensis A. DC.) e uma endêmica da Caatinga (Aeschynomene martii Benth.). Foram encontradas duas plantas exóticas invasoras: Cortaderia selloana (Schult. & Schult. f.) Asch. & Graebn. e Urena lobata L.
CONCLUSÕES:
O estrato herbáceo UCRVS Mata do Junco possui uma grande diversidade de espécies e famílias, provavelmente devido ao bom estado de conservação do remanescente estudado. O número de espécies herbáceas pode estar subestimado, uma vez que não há esforço de coleta para esse estrato vegetal. A presença de plantas endêmicas reforça a importância desta Unidade de Conservação em Sergipe e exige medidas preventivas e de erradicação quanto às espécies exóticas invasoras.
Palavras-chave: Florística, Ervas, Mata Atlântica.