65ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 6. Ciência Política - 6. Ciência Política
De Alencar à Redenção: o Movimento Abolicionista Cearense e a Formação do Estado Nacional
Afrânio de Abreu Silva - UNILAB
Fernando Afonso Ferreira Junior - Prof. Dr./Orientador - UNILAB
Monalisa Valente Ferreira - Profa. Dra./Orientador - UNILAB
INTRODUÇÃO:
O artigo faz um estudo do contexto político-administrativo no período em que Redenção se tornou a primeira cidade a libertar os escravos do país. Para compreendermos a atual situação da época buscamos José de Alencar que foi escritor e político na época, assim como seus principais críticos literários e seus discursos parlamentares. Depois fizemos uma análise mais detalhada, através de fontes primárias no Arquivo Público do Estado do Ceará, sobre a situação política e social de Redenção na época. Assim também, procuramos fazer um panorama com a situação de todo o Estado do Ceará, também pioneiro na libertação dos escravos no Brasil, associando ao que acontecia nesta cidade com aquilo que se verificava em todo território. Vimos um pouco do movimento abolicionista focado nas ações de jangadeiros e da sociedade abolicionista com suas ações de paralisação que tiveram um impacto significativo na libertação dos escravos no Ceará.
OBJETIVO DO TRABALHO:
O artigo tem como finalidade apresentar quais os principais fatores político-sócio-econômicos que levaram a atual cidade de Redenção a ser o primeiro município a libertar os escravos do país, levando em conta a formação da nação na época, com todos os seus problemas, e quais foram às medidas tomadas em relação aos mesmos.
MÉTODOS:
Quando veiculamos o Estado Nacional à produção material e esta a identidade nacional, cremos que entender a situação política brasileira após a Independência seja o ponto de partida para compreendermos o século XIX. O nome de Alencar então surge para analisarmos essa sociedade e, sua postura frente aos escravos, tanto através de seus discursos como de suas produções literárias. Também foi preciso compará-los aos discursos encontrados nas câmaras locais através dos documentos impressos e das fontes manuscritas, disponíveis na APEC. Isto permitiu que fizéssemos um circuito de compreensão e levantamento das fontes locais para nos auxiliar na compreensão da realidade nacional, da manutenção da escravidão e dos questionamentos e resistências da sociedade e dos próprios escravos a essa situação social. Assim, cremos poder investigar e narrar essa experiência dos homens no processo de formação da nacionalidade brasileira.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Durante a nossa pesquisa vimos que Alencar tentou buscar um reconhecimento da identidade nacional utilizando-se da figura do índio em suas obras para uma formação da “pátria brasileira”. Em seus discursos, Alencar se posiciona contra a libertação dos escravos, tendo em vista que não se desenvolveu uma política de inserção destes escravos na sociedade brasileira e na própria constituição da nação, fazendo com que esse ainda se constituísse um elemento externo aquela realidade social. Sugia, portanto, uma crítica do autor de Iracema a alguns abolicionistas que eram levados apenas pelos interesses estrangeiros sem se pensar no que aconteceria com os negros após a abolição, substituindo o primeiro elemento, pelo segundo, desvalorizando a capacidade de inserção dessas pessoas de origem africana e a sua inserção no caldo social que compunha o Brasil do final do século XIX. Outro dado importante encontrado, foi que o principal motivo levado pelo município de Redenção a libertar os escravos foi justamente o excesso de mão-de-obra na época em que o Ceará encarava uma seca, ou seja, não havia serviço para os escravos.
CONCLUSÕES:
Foram identificados alguns pontos essenciais para entendermos o pensamento da época, tal como as principais causas da abolição dos escravos no Ceará e em Redenção dos quais destaco: Alencar tinha uma preocupação com o que ocorreria com os escravos após a libertação e por isso ele era contra a abolição dos cativos sem que houvesse políticas públicas efetivas de inserção do negro na sociedade. Alencar já citava o problema do excesso de mãos-de-obra no Ceará, que foi um dos fatores que o levaram a abolir os escravos. Redenção, na época, assim como em todo o Ceará passou por inúmeros problemas relacionados a seca e a doenças e, por conta deles, os escravos não tinham mais serventia nas fazendas da região. A mobilização dos jangadeiros com a paralisação do tráfico de escravos e juntos a sociedade abolicionista foram importantes na abolição dos escravos no Ceará.
Palavras-chave: Abolição dos escravos, José de Alencar, Redenção-CE.