65ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 4. Botânica - 5. Micologia
Estudo de fungos conidiais associados a substratos em decomposição no Semiárido.
Damile de Jesus Ferreira - Depto. de Ciências Biológicas - UEFS
Luis Fernando Pascholati Gusmão - Prof. Dr./Orientador - Depto. de Ciências Biológicas - UEFS
Loise Costa - Co-Orientador - Depto. de Ciências Biológicas - UEFS
INTRODUÇÃO:
Os fungos conidiais também são chamados de Deuteromycetes, fungos mitospóricos, fungos assexuais, fungos imperfeitos ou fungos anamórficos (Grandi, 1999); compreendem cerca de 15.000 espécies distribuídas em aproximadamente 3.000 gêneros (Kirk et al., 2001). Apresentam formas filamentosas possuem estruturas de reprodução assexuadas representadas pelos conidióforos, células conidiogênicas, conídios e por estruturas somáticas de vários tipos.
Este grupo de fungos desenvolvem um importante papel para a ciclagem de nutrientes em ecossistemas florestais, como a decomposição de matéria orgânica, liberação de minerais, produção de substancias húmicas, promoção e alteração do desenvolvimento de nichos, entre outros. Desempenham também importantes papéis na produção de enzimas e produção industrial, em manipulações genéticas além do controle biológico (Bills, 1995).
Os fragmentos da Mata Atlântica inseridos na região do semiárido brasileiro, abrigam uma alta diversidade de espécies botânicas e os poucos estudos existentes sobre fungos conidiais apresentam um grande número de espécies associado aos substratos em decomposição de plantas (Barbosa et al., 2009; Marques et al., 2007; Marques et al., 2008a,b), demostrando que tais habitats são reservatórios potenciais de fungos. Este cenário mostra uma grande necessidade de ampliar o número de coletas nestas áreas, aumentando o conhecimento sobre sua diversidade.
OBJETIVO DO TRABALHO:
O presente trabalho teve como objetivo realizar um estudo, referente a diversidade de fungos conidiais associados a substratos em decomposição em fragmentos da Mata Atlântica em meio à região semiárida nordestina, com o intuito de identificar, descrever e preservar em cultura os fungos conidiais isolados do substrato.
MÉTODOS:
Expedições foram realizadas em três diferentes áreas de fragmentos de mata atlântica que estão inseridas na região do semiárido: Serra da Jibóia-BA, Brejo Paraibano-PB e Serra da Ibiapaba-CE. Folhas em decomposição foram coletadas e transportadas ao Laboratório de Micologia (LAMIC) da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), onde passaram pelo processo de trituração e filtração de partículas para o isolamento dos fungos sapróbios. As partículas resultantes foram incubadas em meios de cultura e mantidas em temperatura ambiente. Lâminas permanentes com as estruturas reprodutivas foram confeccionadas para identificação.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Foram isolados e identificados 21 espécies de fungos conidiais pertencentes a 12 gêneros. A Serra da Jibóia apresentou uma maior diversidade de fungos com 20 espécies. O Brejo Paraibano e Serra da Ibiapaba apresentaram uma riqueza de 7 espécies. As coletas no Brejo Paraibano foram realizadas em período de estiagem, enquanto que na Serra da Jibóia e na Serra de Ibiapaba o material foi coletado em período chuvoso. Algumas espécies estavam distribuídas nos três fragmentos florestais estudados sendo elas Beltrania rhombica, Beltraniella portoricensis, Pestalotiopsis sp., Thozetella gigantea e Wiesneriomyces laurinus. As duas primeiras espécies têm ampla distribuição sendo registradas em diversos trabalhos realizados em regiões clima tropical (Cruz & Gusmão, 2009) e temperado (Gusmão & Grandi 1996). Pestalotiopsis esta amplamente distribuído no mundo, ocorrendo em solos, ramos, sementes, frutos e folhas podendo ser parasitas, endofíticos ou sapróbios (Jeewon et al., 2004). Outras foram registradas em dois fragmentos como Gliocladiopsis elgholii presente na Serra da Jibóia e Serra da Ibiapaba, Dactylaria belliana e Thozetella cubensis presentes na Serra da Jibóia e no Brejo Paraibano; havendo ainda espécies registradas apenas em um fragmento (Tabela 1). Para o Brejo Paraibano não houve registros de espécies exclusivas. Vários são os fatores que podem influenciar a diversidade da comunidade de fungos, como a sazonalidade, a localização do sítio de coleta e a vegetação local.
CONCLUSÕES:
A realização desse trabalho permitiu um maior conhecimento sobre a diversidade e distribuição de fungos conidiais em áreas pouco exploradas, sendo que o conhecimento da diversidade desses fungos no semiárido é ainda bastante restrito. Os resultados obtidos contribuem para a ampliação dos estudos sobre a micota associada à serrapilheira dos fragmentos florestais da Mata Atlântica, os quais são considerados os ambientes mais ricos em biodiversidade.
Palavras-chave: Semiárido, Fungos conidiais, Decomposição.