65ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 4. Botânica - 6. Morfologia e Taxonomia Vegetal
GERMINAÇÃO E VIGOR DE Andira fraxinifolia BENTH. (FABACEAE)
Maria Claudjane Jerônimo Leite Alves - Depto.de Ciências Biológicas – UFRPE
Bety Shiue De Hsie - Depto.de Biologia Vegetal – UFPE
Marcelo Francisco Pompelli - Prof. Dr. - Depto.de Biologia Vegetal – UFPE
Carmen Silvia Zickel - Profa. Dra./Orientadora - Depto.de Ciências Biológicas - UFRPE
INTRODUÇÃO:
Programas voltados à recomposição de ecossistemas degradados demandam o desenvolvimento de tecnologias de produção de mudas de inúmeras espécies, preferencialmente nativas, envolvendo nesse processo a variabilidade interespecífica. No Brasil estas informações são limitadas a espécies que detêm maior interesse econômico. Além disso, a produção de mudas nativas é dificultada pela presença de diversificados mecanismos de dormência e o conhecimento limitado sobre a fenologia e a fisiologia de parte significativa das plantas arbustivo-arbóreas tropicais. Apesar das dificuldades, experiências anteriores quanto à produção de mudas nativas, visando à recuperação de áreas degradadas para ecossistemas brasileiros como Amazônia, Mata Atlântica e Mangue indica o frequente sucesso destas iniciativas. Andira fraxinifolia conhecida popularmente por angelin é uma arbórea, nativa do Brasil, com ocorrência em floresta da encosta Atlântica desde o MA até SP e MG. Mede de 6 a 12 m de altura, sendo a madeira muito utilizada na construção civil e indústria moveleira. A árvore também possui características ornamentais que a recomendam para o paisagismo em geral, além de ser utilizada na medicina popular como anti-helmíntico.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Tendo em vista tanto a importância econômica quanto biológica da espécie Andira fraxinifolia , o objetivo do trabalho é avaliar os parâmetros de germinação e desenvolvimento das plântulas desse taxon, visando obter informações para a formulação de um sistema de produção de mudas para a espécie, que poderão ser usadas em programas de recuperação de áreas degradadas.
MÉTODOS:
Sementes de A. fraxinifolia foram obtidas de 200 frutos maduros, coletados aleatoriamente de cinco indivíduos entre janeiro e março/2011. No Laboratório de Ecofisiologia Vegetal da UFPE, as sementes foram beneficiadas e esterilizadas em solução de NaOCl a 1% por 15 minutos, seguida de triplo enxague em água corrente, e secas em local fresco e seco. As sementes foram divididas em dois grupos: T1) com endocarpo intacto (controle) e T2) com remoção parcial do endocarpo. Para cada tratamento foram utilizadas 20 sementes distribuídas em cinco bandejas plásticas (28x15x8cm) contendo solo arenoso e mantidas em sala de pré-aclimatação com temperatura e luz controladas, onde a germinação (elevação do epicótilo) foi acompanhada diariamente. As plântulas obtidas foram transferidas para sacos de polietileno de 5L contendo terra preta e areia na proporção de 3:1 respectivamente. Utilizou-se 10 plantas de cada tratamento para realização das medidas biométricas (tamanho da parte aérea, diâmetro do caule e quantidade de folhas e folíolos) aos 30, 60, 90 e 120 dias. Em todas as plantas de ambos os tratamentos, aos 120 dias foi aferido o tamanho e o peso das raízes e da parte aérea, através de fita métrica e balança de precisão respectivamente, além de medidas de área foliar, através do programa Image pro plus. Os resultados foram analisados através do ANOVA e as médias contrastadas pelo teste de Newman-Keuls (SNK p≤ 0,001).
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Observou-se que após 40 dias de semeadura, 50% das sementes do tratamento T2 elevaram o seu epicótilo, contra 1% das sementes do tratamento T1, indicando haver dormência tegumentar nesse tratamento. Vários autores indicam que a dormência em sementes tem fundamental importância para a perpetuação e o estabelecimento de muitas espécies vegetais nos mais variados ambientes, mas pode trazer desvantagens, principalmente considerando a exploração vegetal e a produção de mudas. Dentre os métodos de quebra de dormência, a escarificação mecânica, caracterizada pelo rompimento parcial do tegumento da semente, proporciona melhores condições para a absorção de água, permeabilidade a gases, além de sensibilidade a luz e a temperatura. Alem disso, no tratamento T2 observou-se ausência de sincronismo (E 0.0775 ± 0.0232) entre as sementes. A falta de sicronismo de A. fraxinifolia pode ser interpretada como uma estratégia reprodutiva da espécie, a espera de uma condição ambiental mais favorável a germinação e estabelecimento de suas plântulas. Em relação ao vigor das plântulas (biometria e área foliar) após 120 dias de emergência não houve diferença estatisticamente significativa entre T1 e T2.
CONCLUSÕES:
Os resultados obtidos neste estudo confirmam a dormência tegumentar da espécie A. fraxinifolia , além de indicar a escarificação mecânica como um método eficiente na quebra de sua dormência, tendo em vista seu baixo custo e a sua eficiência. Contudo, apesar da simplicidade do método, o mesmo deve ser utilizado com moderação, pois o excesso de escarifição pode causar danos ao embrião. Somado a remoção parcial do tegumento, a ausência de sincronismo nas sementes não influenciou no desenvolvimento das plântulas, uma vez que, através da análise de vigor as plântulas resultantes mostraram homogeneidade quanto a sua morfologia. Desta forma, pode-se concluir que A. fraxinifolia é uma espécie interessante para programas de reflorestamento.
Palavras-chave: Angelin, escarificação mecânica, produção de mudas.