65ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 14. Zoologia - 6. Zoologia
Histologia comparada da siringe de Columbiformes, Psittaciformes e Furnariida, buscando avaliar a identidade das membranas siringeais pelo método Hematoxilina-Eosina.
Eloiza Lopes de Lira - Ciências Biológicas Bacharelado – UFAL
Leonora Tavares-Bastos - Profa. Dra./ Co-orientadora - Depto. de Histologia e Embriologia, ICBS – UFAL
Renato Gaban-Lima - Prof. Dr./ Orientador - Depto. de Histologia e Embriologia, ICBS – UFAL
INTRODUÇÃO:
A capacidade de produção dos sons vocais nas Aves é quase que geral no grupo, e esses sons são produzidos por órgão fonador exclusivo, a siringe. Dentre as estruturas siringeais envolvidas na produção e modulação do som estão as membranas siringeais. São reconhecidas três membranas, sendo a Membrana Timpaniforme Lateral (MmTL) declarada como a que exerce, aparentemente, papel mais geral na produção e modulação dos sons. O reconhecimento de tais membranas é feito exclusivamente por sua posição topológica, e suas identidades funcionais, muitas vezes, são incertas. A realização de estudos histológicos, que aumentem os detalhes conhecidos para as regiões membranosas de siringes, pode auxiliar no reconhecimento da identidade funcional dessas membranas, visto que certas características, como o tipo de epitélio de revestimento, o conjuntivo de sustentação e a presença de fibras elásticas, podem conferir requisitos para a função de estrutura vibrátil. Além disso, estudos histológicos podem contribuir para a proposição de hipóteses de homologia entre as membranas siringeais em táxons distintos.
OBJETIVO DO TRABALHO:
(1) Descrever a histologia das camadas mucosa e submucosa das MmTLs, (2) avaliar a relação de tais características com eventuais capacidades vibráteis das mesmas, (3) averiguar a existência de polimorfismo intra e inter-específico nos táxons amostrados, e (4) gerar dados que contribuam com estudos morfofuncionais e filogenéticos.
MÉTODOS:
Esse estudo contou com 15 exemplares de três ordens de Aves, a saber: Columbiformes: Columbina talpacoti (n=6), e Streptopelia roseogrisea (n=4); Psittaciformes: Diopsittaca nobilis (n=2) e Nymphicus hollandicus (n=4); e Passeriformes: Taraba major (n=1). Tais espécimes foram obtidos através no comércio regular de Aves ou por meio de coletas diretas, e foram tombados no Museu de História Natural de Alagoas. A eutanásia foi por meio anestésico injetável (Lidocaína 2%) ou pelo método de compressão torácica. No processamento histológico foi utilizado como fixador a Solução de Bouin, como agente descalcificante o EDTA Neutro, e como método de coloração Hematoxilina-Eosina. A confecção dos cortes histológicos foi realizada com auxílio de micrótomo (Easy Path MC10) equipado com navalhas de aço, e as fotomicrografias das lâminas histológicas foram obtidas por meio de microscópio de fluorescência com câmera acoplada (Nikon DS-Ri1).
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Como resultado foi observado que: (1) o padrão do epitélio da MmTL é pavimentoso estratificado em todas as espécies, bem como observado em Amazona amazonica por Nottebohm (1976), em Gallus gallus domesticus por Bacha e Bacha (2000), em Columba livia por Yildz, Yilmaz e Arican (2005), e em Anas platyrhynchos por Frank et al. (2006); (2) a camada submucosa da MmTL é composta por tecido conjuntivo frouxo ou denso; (3) em C. talpacoti o epitélio é estratificado pavimentoso ciliado, sustentado por conjuntivo frouxo (como em C. livia de acordo com Yildz, Yilmaz e Arican (2005) e em A. platyrhynchos segundo Frank et al. (2006)), já S. roseogrisea e N. hollandicus o epitélio é estratificado pavimentoso sustentado por tecido conjuntivo frouxo, e em D. nobilis e T. major tal epitélio é estratificado pavimentoso, sustentado por tecido conjuntivo denso (como em G. gallus domesticus segundo Bacha e Bacha (2000)); e (4) utilizando Hematoxilina-Eosina é possível identificar fibras elásticas no tecido conjuntivo das MmTLs em Columbiformes, sendo estas fibras também observadas em C. livia por Yildz, Yilmaz e Arican (2005); e em A. platyrhynchos por Frank et al. (2006), por meio de método de coloração especifico para esta estrutura.
CONCLUSÕES:
A partir dos resultados apresentados, pode-se constatar que: (1) as MmTL apresentam características histológicas distintas se comparadas ao revestimento do trato respiratório em todos os espécimes analisados; (2) o epitélio que reveste essas membranas é sempre estratificado pavimentoso, o que pode evidenciar que tais membranas são sujeitas a pressões e trações; (3) há dois padrões de sustentação nessas membranas, um por tecido conjuntivo frouxo (que deve conferir flexibilidade às membranas) e outro por tecido conjuntivo denso (que deve conferir resistência atração), fato este que pode estar relacionado com a frequência e amplitude das vocalizações produzidas por cada espécie; (3) há na camada submucosa dos exemplares de Columbiformes fibras elásticas, o que possivelmente atribui às membranas desses espécimes maior suporte à tração; e (4) as características histológicas da Membrana Timpaniforme Lateral devem estar mais diretamente relacionadas a demandas funcionais que a componentes filogenéticos, tendo em vista que espécies mais aparentadas não necessariamente compartilharam de características comuns.
Palavras-chave: Siringe, Histologia, Membranas Siringeais.