65ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 4. Botânica - 8. Botânica
Subsídios para o conhecimento da estrutura de uma restinga do Litoral Norte da Bahia.
Valdira Jesus dos Santos - Profa. Dra. - Depto. de Educação – Universidade do Estado da Bahia
Tássia de Sousa Pinheiro - Doutoranda - Depto. de Biologia - Universidade Federal Rural de Pernambuco
Liliane Ferreira Lima - Doutoranda - Depto. de Biologia – Universidade Federal Rural de Pernambuco
Patricia Barbosa Lima - Doutoranda - Depto. de Biologia – Universidade Federal Rural de Pernambuco
Angélica Cândida Ferreira - Graduanda – Depto. de Biologia - Universidade Federal Rural de Pernambuco
Carmen Silvia Zickel - Profa. Dra. - Depto. de Biologia – Universidade Federal Rural de Pernambuco
INTRODUÇÃO:
O litoral brasileiro estende-se desde o Amapá (rio Oiapoque) até o Rio Grande do Sul (Arroio Chuí). O estado da Bahia apresenta maior extensão litorânea entre os demais estados (1.181km), abrigando entre os diferentes ecossistemas costeiros, as restingas. Estes ecossistemas foram formados durante o período Quaternário e apresentam diferentes fisionomias (campo, fruticeto, floresta e duna), sendo consideradas áreas importantes para a biodiversidade por seu conjunto de espécies vegetais e animais. Tais ambientes apresentam um conjunto de espécies oriundas de ecossistemas adjacentes, sobretudo da floresta Atlântica, que conseguiram ao longo do tempo se aclimatar e coexistir em um sistema com características edáficas peculiares. As planícies costeiras, onde as restingas estão alocadas, são alvo constate da especulação imobiliária, representando a perda crescente da biodiversidade dessas áreas. Neste sentido, os estudos florísticos e fitossociológicos podem auxiliar na compreensão da organização estrutural das áreas de restingas, além de fornecer subsídios para estudos direcionados à conservação desses ambientes.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Analisar a estrutura e composição florística do componente arbóreo de uma área de restinga, visando contribuir com o conhecimento sobre a vegetação que compõe a região costeira do litoral norte da Bahia.
MÉTODOS:
A restinga selecionada para esse estudo foi a localizada em Diogo no município de Mata de São João (12º26´28”S/37º56´02”W), litoral norte do estado da Bahia. A coleta botânica foi obtida ao longo de cinco transectos paralelos, distando entre si 10 metros. A coleta foi realizada por ponto quadrante a cada 10 metros de cada transecto, totalizando 50 pontos. Como critério de inclusão para a amostragem, foram selecionados todos os indivíduos lenhosos com perímetro ao nível do solo (PAS) > 10 cm. Os indivíduos perfilhados (ramificados ao nível do solo) foram considerados quando pelo menos um dos perfilhos atendeu ao critério de inclusão estabelecido (PAS > 10 cm). O material coletado seguiu os processos usuais de herborização e a identificação dos espécimes coletadas seguiu a classificação proposta Angiosperm Phylogeny Group III. Os parâmetros fitossociológicos: área basal (AB), densidade relativa (DR), frequência relativa (FR), dominância relativa (DoR), valor de importância (VI). Os parâmetros fitossociológicos foram calculados através do programa Fitopac.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Foram identificadas 32 espécies, distribuídas em 20 famílias e 25 gêneros. Foram registrados 200 indivíduos, os quais apresentaram área basal de 9,307 m2ha-1, altura média de 4,69 m e diâmetros variando entre 3 – 16,81cm. As espécies com maior VI foram Myrcia ramuliflora (53,67%), Ouratea suaveolens (30,27%), Manilkara decrescens (27,65%). As demais espécies obtiveram valor de importância inferior a 20%. A porcentagem de indivíduos perfilhados na área de estudo foi de 74%, sendo a vegetação formada por “moitas” que se encontram dispersas na área, deixando o substrato arenoso exposto. Estas formações vegetais são compostas por arbustos de diferentes tamanhos, com presença ou não de árvores, apresentando extensões variadas. Por exibir porte arbóreo baixo, a área foi classificada com Fruticeto Aberto não Inundável. A família Myrtaceae está presente em florestas ao longo da costa atlântica brasileira, e a espécie Myrcia ramuliflora, abundante na restinga analisada, tem por característica formar comunidades arbustivas densas, justificando a presença de moitas na área de pesquisa.
CONCLUSÕES:
Os perfilhos evidenciados por indivíduos da área estão mais relacionados às características biológicas da espécie, que apresentam como característica intrínseca a capacidade de se ramificar formando moitas na ambiente. Além disso, características ambientais da restinga, tais como a presença de dunas, podem interferir no porte dos indivíduos e ocorrência de árvores, por formar um ambiente sem barreiras para as correntes de vento e a movimentação constante de partículas de areia, fator limitante para presença de indivíduos maiores. É possível verificar que os dados gerados a partir desse estudo contribuem para estudos de manejo e conservação dos ambientes costeiros.
Palavras-chave: ecossistema costeiro, fisionomia, vegetação.