65ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 4. Botânica - 8. Botânica
LEVANTAMENTO DAS ESPÉCIES DE ARACEAE OCORRENTES EM UM FRAGMENTO DE FLORESTA ATLÂNTICA, ALAGOAS, BRASIL.
Liliane Ferreira Lima - Universidade Federal Rural de Pernambuco
Patrícia Barbosa Lima - Universidade Federal Rural de Pernambuco
Angélica Cândida Ferreira - Universidade Federal Rural de Pernambuco
Tássia de Sousa Pinheiro - Universidade Federal Rural de Pernambuco
Marcelo Tabarelli - Universidade Federal de Pernambuco
Carmen Silvia Zickel - Universidade Federal Rural de Pernambuco
INTRODUÇÃO:
A expansão de atividades socieconômicas e, consequentemente, o aumento do nível de perturbações antrópicas nos ecossistemas naturais têm colocado em risco a biodiversidade, conduzindo a perda de espécies nas comunidades biológicas. Atualmente, devido ao processo de fragmentação florestal, grande parte da biodiversidade encontra-se inserida em fragmentos florestais isolados, como é o caso da floresta Atlântica brasileira. Essa perda de espécies nos fragmentos florestais deve-se, principalmente, a um conjunto de alterações abióticas associadas a criação de bordas florestais. Tais modificações físicas tendem a causar mudanças na composição, riqueza, densidade e distribuição das espécies de diferentes grupos vegetais. Nesse contexto, as Araceae representam um grupo vegetal que inclui cerca de 100 gêneros e 3000 espécies. No Brasil, ocorrem 34 gêneros e cerca de 400 espécies. São frequentemente epífitas, conferindo ao grupo uma maior sensibilidade às alterações antrópicas e destacam-se pela importância econômica. Apesar de contribuírem consideravelmente para diversidade biológica e serem sensíveis às alterações ambientais, podendo atuar como agentes indicadores da qualidade do meio, dados sobre esses vegetais ainda são escassos, constituindo um grupo ainda pouco conhecido em florestas tropicais.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Analisar a riqueza e densidade de Araceae na borda e interior de um fragmento de floresta Atlântica, localizado no estado de Alagoas, Brasil.
MÉTODOS:
O estudo foi realizado em um fragmento de floresta Atlântica com cerca de 3.500 hectares, inserido nas propriedades da Usina Serra Grande (USG), entre os Municípios de Ibateguara e São José da Laje, Alagoas, Nordeste do Brasil (8° 30 N – 35° 50 W). A coleta de dados ocorreu ao longo da borda e interior do fragmento, em 100 parcelas de 5 x 5m (área total = 1250 m2), dispostas aleatoriamente, sendo 50 parcelas na borda e 50 no interior florestal. Foi considerada borda do início da vegetação até 100m para o interior do fragmento. Nas parcelas onde foram coletadas amostras de todos os indivíduos pertencentes ao grupo das Araceae para posterior observação e identificação. Todo material coletado foi devidamente processado de acordo com as técnicas usuais de herborização. As identificações foram realizadas através de consulta à literatura específica, consulta a especialistas e comparações com as exsicatas disponíveis em herbários.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Foram amostradas um total de 15 espécies de Araceae, distribuídas em 6 gêneros, sendo Philodendrono mais representativo, com 7 espécies, seguido de Heteropsis, com 3 espécies. Todas as espécies inventariadas foram registradas no interior florestal, sendo 8 exclusivas para o ambiente, enquanto que na borda foram observadas apenas 6 espécies. As espécies P. fragrantissimum, P. imbe, P. squamiferum, P. propinquum, Spathiphyllum cannaefolium var. nanum e S. gardneri foram comuns aos dois ambientes. Espécies do gênero Philodendron são comuns em áreas de floresta Atlântica, além disso, este gênero é considerado um dos mais representativos dentro da família, sendo comum também em muitos levantamentos de vegetais epífitos, justificando sua representatividade no fragmento em estudo. Na borda, a família apresentou uma menor densidade de indivíduos, onde foram obtidos 157/1250m², sendo P. fragrantissimum a espécie mais representativa (97 indivíduos), seguida de S. cannaefolium var. nanum (26) e S. gardneri (23). Já no interior florestal o número de indivíduos foi mais acentuado, com 905/1250m², onde S. gardneri foi a mais densa, contribuindo com 369 indivíduos (40,77% da abundância no interior florestal), seguida de P. fragrantissimum (187) e S. cannaefolium var. nanum (113).
CONCLUSÕES:
Um número limitado de espécies de Araceae foi caracterizado na borda do fragmento florestal em estudo, devido, provavelmente, a maior influência antrópica ocorrente nessas áreas. O gênero mais rico em espécie - Philodendron,corresponde ao gênero comumente encontrado em outros levantamentos para família Araceae, sendo também o mais representativo dentro do grupo. Tal gênero foi registrado para ambos os ambientes (borda e interior), devido à grande variação morfológica existente entre suas espécies, o que contribui para que algumas delas sejam exclusivas de ambientes mais preservados (como interior florestal), e, outras, consigam habitar áreas mais expostas (como áreas de borda).
Palavras-chave: florística, epífitas, ervas.