65ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 3. Recursos Florestais e Engenharia Florestal - 5. Ciências Florestais
CRESCIMENTO DE UMA FLORESTA ANTROPIZADA POR EXPLORAÇÃO MADEIREIRA EM DOM ELISEU, ESTADO DO PARÁ.
Thiago Rodrigues Feitosa - Graduando Engenharia Florestal - UFRA
Ademir Roberto Ruschel - Embrapa Amazônia Oriental/PA
Lucas José Mazzei de Freitas - Embrapa Amazônia Oriental/PA
Márcio Hofmann Mota Soares - Embrapa Amazônia Oriental/PA
Surama Hanna Muñoz - Engenharia Florestal – UFRA
MARCELINO CARNEIRO GUEDES - Embrapa Amapá / AP
INTRODUÇÃO:
Ecossistemas florestais são dinâmicos e encontram seu equilíbrio ao longo do tempo através dos processos de mortalidade, recrutamento e crescimento. Este último traz informações sobre o estado de desenvolvimento atual de uma floresta, e sobre a necessidade de adoção de praticas silviculturais para controlar/favorecer a sua dinâmica (COLPINI et al., 2008).
Explorações madeireiras sem planejamento provocam grandes danos ecológicos à estrutura da floresta. Esta interferência provoca redução no dossel da floresta o que ocasiona um novo ritmo de crescimento às árvores remanescentes.
As taxas de crescimento das árvores estão correlacionadas a sua posição no dossel (árvores expostas à radiação direta apresentam maior crescimento), e a variabilidade específica (espécies pioneiras apresentam altos índices de crescimento como estratégia de ocupação de clareiras ou áreas exploradas) (GOMIDE, 1997).
As antigas fronteiras madeireiras, como o município de Dom Eliseu, apresentam hoje remanescentes florestais com estrutura e composição florística diferentes do ecossistema original. Obter informações sobre taxas de crescimento das espécies florestais presentes nestes ecossistemas antropizados, e muitas vezes degradados, são essenciais para manejar e conservar estas florestas.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Este estudo objetivou analisar a dinâmica de crescimento, de uma floresta antropizada por diferentes “reentradas” para colheita madeireira, no sudeste paraense.
MÉTODOS:
A área de estudo está localizadano Município de Dom Eliseu, sudeste do Estado do Pará, com área total de 952 ha e 535 ha destinados a teste experimental de um sistema de manejo visando à recuperação da estrutura florestal a partir do balanceamento da estrutura diamétrica. Os dados obtidos são oriundos de 30 parcelas permanentes de 50x50m (0,25ha) medidas em 2009 (maio) e 2012 (agosto). Toda árvore acima de 10 cm de DAP (diâmetro a 1,3 m do solo) teve seu diâmetro e identificação botânica definidos, em caso de dúvida, foram coletadas amostras para a identificação e registro no Herbário IAN- Embrapa Amazônia Oriental.
Foi determinado o incremento em periódico Anual (IPA) em diâmetro, área basal e volume de quatro classes diamétricas: 10 cm a 19,9 cm, 20 cm a 39,9 cm, 40 cm a 59,9 cm, e indivíduos maiores que 60 cm, denominadas, respectivamente, classes I, II, III e IV.
Os crescimentos foram calculados através de planilhas eletrônicas do programa Microsoft Excel e os dados das parcelas permanentes foram gerenciados pelo programa Manejo de Florestas Tropicais (MFT) da Embrapa Amazônia Oriental.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
A floresta apresenta uma densidade de 596 árvores/ha, aproximadamente 95% dos indivíduos da área estudada pertencem a classe I e II, REIS et al. (2010) divulgaram resultado semelhante estudando uma floresta explorada a 28 anos, onde encontraram 96,7% das árvores comdiâmetro inferior a 45 cm.
O incremento anual em área basal na classe I foi de 0,26 m2/ha/ano contrastando com a classe IV com aumento de apenas 0,05 m2/ha/ano. Com relação ao volume, as classes intermediárias II e III apresentaram valores superiores, respectivamente 2,39 e 3,02 m3/ha/ano, as classes I e IV, respectivamente 1,91 e 0,76 m3/ha/ano.
Por sua vez, o incremento diamétrico foi superior para indivíduos das classes III e IV, respectivamente 0,99 e 0,91 cm/ano. Árvores de pequeno porte, entre 10 e 19,9cm, cresceram três vezes menos do que árvores de grande porte, ≥ 60 cm. O crescimento médio das árvores do sítio de estudo foi de 0,35 cm/ano, valor próximo ao apresentado por VIDAL et al. (2002), 0,37 cm/ano ao estudar uma área em Paragominas-PA explorada sem manejo florestal.
CONCLUSÕES:
Árvores da classe I apresentam o menor incremento em diâmetro, porém a alta densidade de indivíduos nesta classe resulta em maior acumulação de área basal.
As árvores da classe III possuem as maiores taxas de incremento volumétrico anual, embora sejam relativamente pouco numerosas, apenas 4,6% da população representaram 57% da acumulação volumétrica total do povoamento.
Palavras-chave: Amazônia, Dinâmica florestal, Incremento periódico anual.