65ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 4. Geografia - 1. Geografia Humana
AS TERRITORIALIDADES DO CIRCUITO INFERIOR EM CAMPINA GRANDE – PB: PEDAGOGIAS DA EXISTÊNCIA DOS TRABALHADORES INFORMAIS NO CENTRO DA CIDADE
Mística Miquele Ferreira Neto - Depto de Geografia - UEPB
Adriano Ferreira Costa - Professor da Rede Básica de Ensino - Estado da Paraíba
Antônio Albuquerque da Costa - Prof. Dr. / Orientador – Depto de Geografia - UEPB
INTRODUÇÃO:
A informalidade é uma realidade presente no Brasil, sendo originada por diversos fatores, dentre eles o desemprego, oriundo do atual processo de expropriação capitalista. Esse processo se diversificou com o aumento tanto do número de trabalhadores inseridos na informalidade como nas diversas possibilidades de reprodução desses atores nessa realidade. Definida como o setor da economia marcada pela precariedade, com péssimas condições de trabalho que passam os trabalhadores, portanto, uma atividade livre de impostos, a informalidade é hoje palco de novas tendências de reprodução da existência de famílias tanto física como social. Apesar dos aspectos negativos relacionados à realidade encontrada nas cidades, reproduzindo a exclusão de homens e mulheres, a informalidade evoluiu em termos de possibilidades para o segmento que se encontra fora do mercado de trabalho, passando a não ser apenas mais uma pedagogia da existência na escassez, mas alivio financeiro de quem não tinha perspectivas. Isso refletiu fortemente para aqueles que não pretendem mais trabalhar no mercado formal assalariado, em razão das esperanças encontradas na informalidade. Tal fato possui como elemento de forte caracterização a proliferação das várias atividades relacionadas ao circuito inferior na economia, principalmente a informalidade, nos países subdesenvolvidos, onde sua presença é forte na realidade social da população, impondo a inclusão homens, mulheres e crianças nesse processo.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Identificar e analisar as territorialidades dos trabalhadores informais ambulantes na área central do comércio de Campina Grande – PB e as implicações decorrentes desse processo. Identificar os elementos que permeiam as relações de poder pelo uso do espaço envolvendo os informais ambulantes e demais atores do poder público e iniciativa privada presentes no centro comercial de Campina Grande – PB.
MÉTODOS:
Utilizou-se como metodologia, análise in loco, acerca das relações existentes entre os ambulantes e demais atores no processo, com a utilização de entrevista. Nosso foco se especifica nos trabalhadores informais que de fato são fortes componentes do processo de construção de territorialidades na área central do comércio campinense, destacando seus rendimentos, capital investido, público consumidor, inserção dos atores na informalidade enquanto gênero, suas inquietações, além das constantes dificuldades encontradas para se estabelecerem nos locais onde comercializam seus produtos em razão das conturbadas relações entre esses e o Estado enquanto intermediário na defesa dos interesses dos lojistas localizados na área em estudo etc. Utilizou-se nos procedimentos máquina fotográfica, prancheta, lápis para coleta dos dados referentes à entrevista com os informais ambulantes.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Como resultado pode observar alguns aspectos relevante tais como: 1 – Retorno imediato de capital investido, 2 – Certa dificuldade ou falta de oportunidade em conseguir trabalho no mercado formal, 3 – Necessidade de um espaço fixo para comercializar os produtos, 4 – Baixo índice de alfabetização, 5 – Determinação em não voltar ao mercado formal de trabalho, 6 – Inserção cada vez maior das mulheres na informalidade, 7 – Interesse em conseguir do poder público um espaço para poder trabalhar com
dignidade. O último aspecto se relaciona a decisão em não mais se submeter às regras determinadas pela atividade formal como o horário para chegar e cumprir, constante cobrança por parte da classe patronal, além de fatores que permeiam a atividade formal como os conflitos por concessão de regalias para
funcionários, surgindo em razão desse fato conflitos por espaços privilegiados nas empresas etc. Isso
reflete a intenção desses atores em permanecer nessa atividade mesmo com os gargalos de ocupar e delimitar espaços impróprios, sazonais e enfrentar o poder público e a suas constantes fiscalizações.
CONCLUSÕES:
Ao concluir esse trabalho fica uma reflexão, ao observar a incidência de novos atores na constituição do comercio informal ambulante, tornando mais eclética à realidade da informalidade nas calçadas dos centros urbanos. Como parte da difícil convivência entre os ambulantes e o poder público ocorre à existência de uma forte relação de poder envolvendo esses segmentos, sendo este ultimo a sofrer determinada pressão por parte da classe patronal do comércio a banir das calçadas os informais, aproveitando o argumento da necessidade de garantir a mobilidade espacial dos clientes. Ocorre a consolidação de uma nova tendência vivenciada na informalidade, alicerçada na possibilidade de garantia da existência dos muitos trabalhadores que ao encontrar essa alternativa de subsistência consolidam a sua reprodução física e social, não pretendendo mais voltar ao massacrante e alienante mercado formal de trabalho, já que o estágio atual de reprodução garante as suas necessidades básicas.
Palavras-chave: Informalidade, Circuito inferior, Territorialidades.