65ª Reunião Anual da SBPC
H. Artes, Letras e Lingüística - 4. Linguística - 6. Liguística
ANTÔNIO VIEIRA E LOPES BOGÉA: UM OLHAR SOBRE OS PREGÕES DE SÃO LUÍS
Katiellen Andrade de Sousa - Depto. de Letras - UFMA
Lívia Fernanda Diniz Gomes - Depto. de Letras - UFMA
Sonia Regina de Abreu Moreira - Depto. de Letras - UFMA
Conceição de Maria de Araujo Ramos - Profa. Dra./ Orientadora - Depto. de Letras - UFMA
INTRODUÇÃO:
A cultura popular brasileira, sobretudo a maranhense, é caracterizada pela diversidade – variedade de cores, sons, ritmos, sabores e falares, apresentados em manifestações folclóricas. Ao lado dessas manifestações culturais, embora bem menos conhecida, está a prática de compor pregões para anunciar produtos no comércio, com o intuito de conquistar a freguesia. Ao som de rimas criativas embaladas por músicas leves e despretensiosas, os pregoeiros movimentaram o comércio maranhense do século XIX. Embora tenham contribuído para a formação da identidade cultural e econômica do Estado, atualmente pouco se sabe acerca da origem e importância dos pregoeiros.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Considerando esta realidade, este estudo tem por objetivo registrar a história dos pregoeiros, bem como sua rotina de produção e venda, por meio da análise dos seus pregões.
MÉTODOS:
O estudo, que tem como foco a relação língua / cultura, seguiu os princípios teórico-metodológicos da Etnolinguística. A amostra utilizada neste trabalho é constituída por quinze pregões do corpus obtido a partir do registro feito por Bogéa e Vieira, na década de 80, em São Luís. A análise, como esperado em um estudo que segue o viés etnolinguístico, se volta para a língua tentando apreender, a partir desta, a realidade cultural de São Luís e o fazer dos pregoeiros.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Os resultados evidenciam o uso marcante da metalinguagem referente ao próprio ato de vender; de vocativos e linguagem informal, que contribuem precipuamente para persuadir a clientela; da ocorrência de hipérbato, com o intuito de enfatizar o produto apregoado, e de incisiva repetição da mercadoria apregoada a fim de dar ênfase ao produto posto à venda, como observado nos pregões a seguir: “Quando o dia amanhece/Saio gritando o meu pregão/Meu pregão é a minha prece/Prece, vida, meu irmão.”; “Seu José, seu Portela/Venham comer pamonha/feita pela Nhá Ela.” e “É o derresó, é o derresó, minha gente, que estou vendendo”. As escolhas lexicais feitas pelos pregoeiros dão ao conhecer informações sobre a preparação dos produtos e dos utensílios utilizados em sua venda: “Minha irmã/Quem rala o coco/Mãe Zabé que rala o milho/Eu me encarrego da lenha/A Francisca da cozinha/Mas, na hora do tempero/Quem tempera é a Dindinha”, “Uma palha de Juçara/Ela sempre traz à mão/Grossa rodilha à cabeça/Pra firmar o panelão/Um prato grande de estanho/Tapando a mercadoria/Xícara pequena com asa/Pra servir a freguesia.”.
CONCLUSÕES:
Como se pode constatar, a análise da língua usada pelos pregoeiros – os arranjos linguísticos, a seleção lexical – é fundamental para entender-se como o grupo social, foco deste estudo, lê / interpreta o universo em que se insere.
Palavras-chave: Pregões, Etnolinguística, São Luís-MA.