65ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 12. Ensino de Ciências
AS ESTRATÉGIAS DE ENSINO UTILIZADAS NO ENSINO DE CIÊNCIAS PARA ALUNOS SURDOS EM ESCOLAS MUNICIPAIS DE TERESINA-PI
Roberta Lillyan Rodrigues Reis - Depto. de Biologia- UFPI/ Depto. de Fisioterapia- UESPI
Ana Raquel Nascimento - Depto. de Biologia- UFPI
Samara Ferreira de Vasconcelos - Depto. de Biologia- UFPI
Marcones Ferreira Costa - Depto. de Biologia- UFPI
Maria de Lourdes Rocha Lima Nunes - Profª Dra. Orientadora- Membro do Movimento Nacional dos Direitos Humanos
INTRODUÇÃO:
As políticas de inclusão educacional de alunos com necessidades educacionais especiais estabelecem que a escola deve educar com êxito a todos os alunos, independente de suas características físicas, intelectuais, sociais, emocionais, linguísticas ou outras. Um caminhar no sentido da escola inclusiva aponta para a existência de estratégias de intervenção pedagógica, metodologias diversificadas, exigindo que o professor coloque em prática uma grande variedade de atividades, métodos e estratégias que contemplem desde o grande grupo ao aluno individual. Na diversidade dos alunos matriculados nas escolas regulares encontram-se alunos que são surdos. Na sociedade atual, onde o saber científico e tecnológico é cada dia mais valorizado, é impossível pensar na formação de um cidadão crítico e apto a realizar escolhas sem o aprendizado dos conhecimentos básicos necessários. Tornar o aluno ciente dos objetivos, meios e fins da ciência e sua utilidade na vida cotidiana implica em fazê-lo não somente conhecedor, mas também capaz de inferir, pontuar e questionar dentro do contexto científico.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Considerando-se que o professor é responsável pelo planejamento e execução das estratégias de ensino que promovam a participação e a aprendizagem, objetivou-se investigar quais as estratégias de ensino utilizadas pelos professores de ciências que atuam no processo de inclusão de alunos surdos.
MÉTODOS:
Este trabalho consiste em uma pesquisa qualitativa realizada com cinco professores de Ciências de duas escolas públicas da cidade de Teresina-PI que são referência na educação de alunos surdos. Os professores entrevistados são docentes do 6° ao 9° ano. Os instrumentos utilizados foram a aplicação de questionários e as conversas informais.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Verificou-se que devido a deficiências em sua formação inicial e continuada, os professores de Ciências não tem o domínio da LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais), o que dificulta a comunicação com o aluno surdo e consequentemente a compreensão dos conteúdos pelos mesmos. Na escolarização do aluno surdo deve se observada a sua singularidade visual espacial, considerando que a Libras está centrada no “ver”, o professor, portanto, deve realizar estratégias de ensino com base no visual. Excetuando-se a Professora P2, que afirma que não altera em nada a sua prática pedagógica quando tem alunos surdos, todos os demais professores entrevistados utilizam recursos visuais em suas aulas, tais como: vídeos, desenhos, figuras, esquemas, esboços, cartazes. A professora P1, por exemplo, ao abordar o conteúdo de equinodermos trouxe vários exemplares desses animais, o que despertou o interesse e maior participação dos alunos surdos e ouvintes, além de mostrar a falta de equivalência em Libras para algumas estruturas, como a Lanterna de Aristóteles. No que tange ao espaço físico, nenhuma das escolas possui laboratório de Ciências, o que foi citado como um fator que dificulta a realização de práticas, mas que segundo os professores, não os impede de desenvolver tais atividades em outros espaços.
CONCLUSÕES:
Para educar os alunos com diferentes necessidades educacionais, entre os quais estão os alunos surdos, faz-se necessária uma reavaliação das práticas de ensino que os professores estão mais acostumados a desenvolver, a fim de identificar se elas constituem as melhores maneiras possíveis de promover a aprendizagem. É evidente a necessidade de que esses profissionais sejam melhor capacitados pela instituições formadoras e que sejam sujeitos conscientes das necessidades e potencialidades dos seus alunos, buscando propiciar cada vez mais uma inclusão efetiva que garanta a permanência e o sucesso acadêmico discente. A esse respeito, é importante destacar que frente ao desafio de lecionar para alunos surdos, mesmo com a surpresa e temores iniciais, os sujeitos desta pesquisa (Professores de Ciências) procuraram adequar suas práticas e atuar em colaboração. As estratégias de ensino que utilizam recursos visuais desenvolvidas, com base nas singularidades dos alunos surdos, facilitam o processo de ensino e aprendizagem, aumentam o envolvimento dos alunos com o conhecimento apresentado e possibilitam estabelecer relações entre o conhecimento científico e o senso comum.
Palavras-chave: Professores de Ciências, Recursos Visuais, Surdez.