65ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 5. Ecologia - 3. Ecologia Terrestre
POLUIÇÃO POR RESÍDUOS SÓLIDOS EM UM RECIFE COSTEIRO DO NORDESTE DO BRASIL
Camila Cristina Pires de Brito - Laboratório de Etnoecologia e Ecologia de Peixes Tropicais- UPE
Vanessa Maria Silva Rodrigues - Msc.- Laboratório de Etnoecologia e Ecologia de Peixes Tropicais- UPE
Thâmara Cristina Araújo Silva - Laboratório de Etnoecologia e Ecologia de Peixes Tropicais- UPE
Simone Ferreira Teixeira - Dra.- Laboratório de Etnoecologia e Ecologia de Peixes Tropicais- UPE
INTRODUÇÃO:
Os recifes costeiros são relevantes ecossistemas marinhos. No entanto, por representar uma área de forte atração, são alvos constantes de intervenções antrópicas, como a poluição das águas (LEÃO et al., 2003). A utilização da zona costeira como canal natural para o estabelecimento de populações humanas e diversos tipos de setores econômicos acentuou a gravidade desses impactos (COSTA et al., 2007). Atualmente, o descarte de resíduos sólidos é uma crescente ameaça para esses ambientes, por implicar em impactos sobre a biota, além de alterar a beleza cênica (CALDAS, 2007). A praia de Enseada dos Corais é uma área turística e comercial, porém não possui adequado sistema de saneamento, nem fiscalização sobre as práticas dos usuários. Estudos que verifiquem, qualifiquem e quantifiquem resíduos sólidos descartados inapropriadamente em ecossistemas aquáticos são relevantes para avaliação da qualidade ambiental do local, bem como para o fornecimento de dados que contribuam com o planejamento de políticas públicas.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Analisar temporalmente a presença e tipos de resíduos sólidos no topo recifal da praia de Enseada dos Corais, Cabo de Santo Agostinho-PE.
MÉTODOS:
O trabalho foi desenvolvido no topo recifal da praia de Enseada dos Corais (8°20’57’’S/ 34°56’49”W), Cabo de Santo Agostinho, Pernambuco. As coletas foram mensais, entre setembro de 2010 e agosto de 2011, nos períodos de baixa (setembro a novembro/2010, e abril a agosto de/2011) e alta estação turística (dezembro/2010 a março/2011), em dois pontos de amostragem (TR1 e TR2). A técnica utilizada foi a de censo visual por transect de faixa (10 m de comprimento por 4 metros de largura, totalizando 40 m2) em cada ponto amostral, durante as marés baixas (0,3 m a 0,7 m). Não houve coleta nos meses de abril a agosto de 2011, devido à baixa visibilidade, em virtude da turbidez. Os resíduos sólidos (RS) foram recolhidos, contados e notificados. Posteriormente, foram classificados, pesados e agrupados em: Plástico, Vidro, Metal, Papel e Têxtil. O material foi analisado mensalmente, por ponto amostral e por estação turística, determinando a abundância relativa (%), frequência de ocorrência (%), e a contribuição em massa (g).
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
No topo recifal, foram coletados 17 itens de resíduos sólidos. O maior valor de abundância relativa foi em dezembro (41,2%), e a maior contribuição em massa, em fevereiro (46,1g). Em outubro, novembro e janeiro não foram observados RS. A presença de RS é comum nos recifes do nordeste brasileiro, principalmente em áreas rasas, e está relacionada ao desenvolvimento infra-estrutural e socioeconômico da região (ARAÚJO, 2003). Plástico foi a categoria mais abundante (70,59%); mais frequente (57,14%); e, com maior contribuição em massa (35,96g), corroborando com as estimativas globais, devido à sua crescente utilização (DEBROT et al., 1999). TR1 apresentou maior abundância relativa de RS (58,82%), sendo Plástico (59,32%) a categoria mais representativa. Em TR2, foram encontrados Plástico (85,37%) e Papel (14,63%). A maior abundância em TR1 pode estar relacionada ao sistema de correntes da água. A alta estação turística obteve o maior valor de abundância relativa (82,35%), sendo Plástico (71,42%) a categoria mais representativa. Na baixa estação foram coletados Plástico (66,67%) e Papel (33,33%). O aumento de usuários na praia durante a alta estação acarreta no maior descarte de resíduos, como observado em outros estudos (PIANOWSKI, 1997; ARAÚJO, 2003).
CONCLUSÕES:
A ocorrência de resíduos sólidos no topo recifal reflete o problema sobre o descarte inadequado dos mesmos, especialmente, durante o período de alta estação turística, e quanto à sensibilização em relação à relevância do ecossistema. Por ser um local de dispersão, e possível dissolução dos resíduos, limitadas, é provável que essas interferências somatizem suas ações em detrimento do ecossistema, resultando em graves problemas na qualidade ambiental. Por isso, é necessário que medidas mitigadoras e/ou conservacionistas, como fiscalização, monitoramento e educação ambiental sejam estabelecidos, para manutenção da boa qualidade deste recife e da vida no entorno do mesmo.
Palavras-chave: Ecossistema marinho, Topo recifal, Impacto antrópico.