65ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 3. Bioquímica - 1. Biologia Molecular
ANÁLISE PROTEÔMICA DO INTESTINO DA TILÁPIA DO NILO SUBMETIDA AOS SISTEMAS DE CULTIVO SEMI-INTENSIVO E INTENSIVO
Karollina Lopes de Siqueira Soares - Departamento de Bioquímica, UFPE
Juliana Ferreira dos Santos - Departamento de Bioquímica, UFPE
Tulio Diego da Silva - Departamento de Bioquímica, UFPE
Marina Marcuschi - Departamento de Bioquímica, UFPE
Lidiane Cristina Pinho Nascimento - Departamento de Bioquímica, UFPE
Ranilson de Souza Bezerra - Prof. Dr. Orientador - Departamento de Bioquímica, UFPE
INTRODUÇÃO:
A tilápia é apontada como a principal espécie da piscicultura brasileira, pois suas características biológicas fazem com que ela seja um peixe de fácil manejo, além de apresentar carne de boa qualidade com grande aceitação no mercado, sendo muito apropriada para a indústria de filetagem. Os principais cultivos de Oreochromis niloticus são classificados de duas formas: cultivo semi-intensivo no qual a utilização de fertilizantes inorgânicos, adubos e dietas suplementares para ampliar a produção e o cultivo intensivo que se caracteriza pelas altas densidades, dietas com altos níveis protéicos e uma alta produtividade. Proteômica é o estudo do conjunto de proteínas expressas a partir de um genoma. As técnicas de proteômica permitem a separação, quantificação e identificação das proteínas de um determinado proteoma, sendo possível, com a bioinformática, correlacionar os dados obtidos com dados oriundos de outras abordagens. O estudo proteômico da fisiologia digestiva é importante para mostrar a influência dos tipos de cultivo no desenvolvimento do animal, já que uma digestão eficiente irá ocasionar impacto direto sobre a produtividade e os ecossistemas.
OBJETIVO DO TRABALHO:
O presente estudo objetivou comparar os perfis proteômicos do intestino de Oreochromis niloticus submetida aos sistemas de cultivo intensivo e semi-intensivo.
MÉTODOS:
Os cultivos tiveram duração total de 120 dias e foram realizados no período de janeiro a maio de 2011. Os cultivos experimentais foram realizados na estação de Piscicultura UFRPE-UAST/IPA. Para o sistema semi-intensivo, os viveiros foram adubados utilizando esterco bovino. Para esses processos de calagem e adubação, adotou-se a metodologia desenvolvida por Woynarovich & Horváth (1983). Após preparação dos três viveiros, estes foram povoados com a densidade de 1 peixe/m2. Para o cultivo intensivo foram usados três tanques-rede. O povoamento desses tanques-rede foi realizado utilizando a densidade de 110 peixe/m3. Três animais de cada repetição foram sacrificados e tiveram seus intestinos coletados. A extração protéica foi feita utilizando Trizol e a quantificação foi realizada utilizando o 2D Quant Kit (Ge Healthcare) segundo instruções do fabricante. As focalizações isoelétricas foram realizadas utilizando a metodologia descrita por Kirkland, et al. (2006) com fitas de pH entre 3 e 10. As segundas dimensões foram feitas com géis SDS-PAGE. Por fim, Os géis bidimensionais foram submetidos a análises com o software ImageMaster 2D Platinum (Amersham Biosciences) para detecção das diferenças quantitativas das proteínas entre os tratamentos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Os géis obtidos mostraram-se com spots bem definidos sem arrastes (horizontais e verticais) que impossibilitassem a detecção. As proteínas estão distribuídas pela faixa de pH 3-10 e entre os pesos moleculares entre 100 kDa e 10 kDa. No intestino a comparação do perfil proteômico dos animais cultivados em sistema semi-intensivo com os animais cultivados em sistema intensivo mostrou um número médio de 1233 com 331 spots diferentes. Mudanças no ambiente exercem muita influência sobre os peixes. Burnett (2005) mostra que o sistema imune dos peixes sofreu mudanças quando exposto a toxinas e alterações dos parâmetros físico-químicos da água. Outro estudo observou as influências do clima sobre animais marinhos através de técnicas de proteômica (Piñeiro, 2010). Em sistema semi-intensivo há a presença de microorganismos na água. Esses além de servirem de alimentação podem formar simbiose com o peixe. Com isso, é possível a existência de proteínas que sejam pertencentes a esses microorganismos presentes no trato digestório, os quais podem não estar presentes no sistema intensivo. Outro fator de importância é o nível e o tipo de proteína aos quais os animais foram sujeitos. No cultivo intensivo os níveis de PB ofertados na ração foram mais altos que os do sistema semi-intensivo.
CONCLUSÕES:
De acordo com esses resultados fica claro que os sistemas de cultivo influenciam diretamente a fisiologia digestiva de Oreochromis niloticus. Assim, esses resultados podem ajudar a elucidar a influência dos fatores relacionados com os sistemas de cultivo sobre a fisiologia digestiva da tilápia do Nilo.
Palavras-chave: Oreochromis niloticus, Proteômica, Sistemas de Cultivo.