65ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 1. Enfermagem - 7. Enfermagem
PERFIL DOS ENFERMEIROS DE UMA UNIDADE ESPECIALIZADA NO TRATAMENTO DE ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL AGUDO, TRABALHANDO COM PROTOCOLOS.
Vanessa Nogueira Lages Braga - Enfermeira da Unidade Vascular do Hospital Geral de Fortaleza, CE
Karízia Vilanova Andrade - Enfermeira Coordenadora da Unidade Vascular do Hospital Geral de Fortaleza, CE
Laurineide de Fátima Diniz Cavalcante - Enfermeira Professora da Faculdade Nordeste, Fortaleza, CE
Marcus Davis Machado Braga - Prof. Dr. - Depto. de Patologia e Medicina Legal - UFC
Rebeca Nunes Rebouças - Aluna da Graduação de Enfermagem - UNIFOR
INTRODUÇÃO:
As unidades de tratamento intensivo foram criadas a partir da década de 60, com a finalidade de concentrar os esforços dos profissionais atendendo ao paciente. Tem crescido uma tendência à especialização dessas unidades, proliferando as voltadas para a cardiologia, o trauma, ou doenças infecciosas. Sendo o acidente vascular cerebral (AVC) a principal causa de mortalidade específica no no Brasil, 52,3 por 100.000 habitantes, e contribuindo com 9,43% do total de mortes por causas definidas, as autoridades implementaram a criação de unidades de tratamento intensivo especificamente voltadas para seu atendimento. Elas dispõem de profissionais de plantão permanentemente, com treinamento voltado para o atendimento emergencial do AVC. Sua identificação rápida e início imediato do tratamento são os principais fatores determinantes na redução da mortalidade e de sequelas neurológicas. A assistência de enfermagem especializada é uma condição indispensável para se alcançar essa meta. Os enfermeiros operam tecnologia sofisticada, utilizam protocolos, e trabalham em regime de atenção intensa e desgastante. Desse modo, o conhecimento do perfil do profissional de enfermagem exigido nessa atividade possibilitará melhor direcionamento da capacitação e seleção de enfermeiros para esse fim.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Caracterizar o perfil de enfermeiros de uma unidade de tratamento intensivo especializada no tratamento do AVC agudo em um hospital terciário, nos seus aspéctos pessoais e profissionais, analisando ainda o trabalho desenvolvido pelos enfermeiros junto ao paciente crítico utilizando os protocolos e escalas de atendimento.
MÉTODOS:
Trata-se de um estudo inserido na linha de pesquisa de assistência de enfermagem ao paciente crítico de emergência. É uma pesquisa de campo, com abordagem quantitativa, descritiva e exploratória, realizada em um hospital público da cidade de Fortaleza-CE, que dispõe de uma unidade de AVC. A coleta de dados ocorreu nos meses de julho e agosto de 2011, por meio de entrevista semiestruturada realizada em visitas à unidade de AVC. No formulário de entrevista constavam perguntas relacionadas ao perfil dos enfermeiros, sua formação profissional, assistência de enfermagem com o uso de protocolos, dificuldades vivenciadas no trabalho e benefício dos protocolos utilizados. Participaram do estudo 33 enfermeiros, de um universo de 37, do qual três se recusaram a participar e um estava em gozo de férias. Todos estes atuavam na assistência direta aos pacientes com AVC, e aceitaram participar da pesquisa após assinar o termo de consentimento livre e esclarecido, em conformidade com a resolução do Conselho Nacional de Saúde, Nº 196, de 10/10/96 Nº 251 de 07/08/97. A análise das observações se deu com base na literatura pertinente ao tema.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Cerca de 72,8% eram jovens com idade entre 20 e 30 anos, do sexo feminino, 91%, solteiros, 58%, sem filhos, 76%. Metade, 52%, tinha outro trabalho e 57,6% trabalham mais de 144 horas mensais, todos em turnos irregulares, 100%. A maioria, 69,7%, graduou-se há menos de cinco anos, 69,7% especializaram-se, 79% destes em UTI ou enfermagem médico cirúrgica. 75,8% foram treinados por enfermeiros especialistas, 69,7% por enfermeiros graduados, e 42,4% treinados também por médicos. 76% admitiram que precisavam de retreinamento, e 83% enfatizaram a importância de educação continuada. 79% trabalhavam também no acolhimento de emergência ao paciente com AVC. A maioria, 75,8%, trabalha no hospital há menos de cinco anos, e na Unidade de AVC há até cinco anos, 87,9%. Dos entrevistados 76% nunca havia trabalhado com protocolos, 76% avaliaram que agilizavam o serviço e 16% que simplificavam. Sobre seus benefícios 27,2% citaram a otimização de tarefas, redução de sequelas, 21,4%, e de complicações, 19,4%. Para 97% o protocolo melhorava o prognóstico do paciente e para 100% melhorava a assistência de enfermagem, mas 67% cobraram readaptações, segundo 81% à rotina do serviço. Para 67% o ambiente de trabalho prejudicava sua aplicação, na emergência, 54%, e no setor de laboratório 82%.
CONCLUSÕES:
O grupo é composto por enfermeiros jovens, solteiros, sem filhos e disponíveis para o trabalho. Bem treinados, a maioria possuía dois empregos e especialização na área. Conhecer o perfil dos enfermeiros relevou-se importante, pois traz implicações diretas para o cuidado de enfermagem prestado, avaliando a qualidade da atividade profissional e direcionando futuras admissões. O exercício da enfermagem numa unidade especializada no tratamento de AVC requer aperfeiçoamento contínuo. Além disso, considera-se um desafio para a chefia de enfermagem gerenciar as dificuldades advindas das longas jornadas de trabalho e multiplicidades de funções. Protocolos são instrumentos para o enfrentamento de problemas na assistência e na gestão dos serviços, sendo norteados por diretrizes de natureza técnica e organizacional. Embora alicerçados em referências científicas e tecnológicas, devem ser utilizados com acompanhamento gerencial sistemático e revisões periódicas. O sentimento entre os enfermeiros é de que a organização de serviços de emergência com as unidades de terapia intensiva vascular e implementação de protocolos, diminui a permanência hospitalar, aumenta a eficácia do tratamento e melhora o prognóstico do paciente, embora encontrando alguma resistência nos serviços de apoio.
Palavras-chave: Perfil, Enfermagem, Terapia-Intensiva.