65ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 5. Ecologia - 3. Ecologia Terrestre
DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DE Mimosa tenuiflora (Willd.) Poir. Família Leguminosae EM FRAGMENTO DE CAATINGA EM CAMPO FORMOSO- BAHIA
Cíntia Pereira da Silva - Graduanda do Curso de Licenciatura em Ciências da Natureza – CCINAT/UNIVASF
Isis Valéria de Carvalho Souza - Graduanda do Curso de Licenciatura em Ciências da Natureza – CCINAT/UNIVASF
Izabel Silva Carvalho - Graduanda do Curso de Licenciatura em Ciências da Natureza – CCINAT/UNIVASF
Jaziel dos Santos Silva - Graduando do Curso de Licenciatura em Ciências da Natureza – CCINAT/UNIVASF
Airton de Deus Cysneiro Cavalcanti - Prof. Drº./Orientador- Colegiado de Ciências da Natureza - UNIVASF
INTRODUÇÃO:
A Caatinga desafia os estudos das ciências por possuir uma vasta área que abrange peculiaridades de espécies animais e vegetais, porém, apesar das riquezas naturais suas unidades de conservação abrangem apenas 2% de todo esse território (LEAL et.al, 2003) . E, por falta de proteção ambiental o uso indiscriminado da vegetação ocasiona a aceleração dos processos de desertificação do referido bioma (MAIA, 2004).
A Mimosa tenuiflora (Willd. Poir família Leguminosae), conhecida como “Jurema preta”, típica da caatinga, é bastante utilizada para recuperar o solo, combater a erosão e para a primeira fase de restauração de áreas degradadas e matas ciliares. A mesma, também é empregada em sistemas agroflorestais, pois suas folhas e vagens fazem uma forrageira palatável para bovinos, caprinos e ovinos. Por manter boa parte da folhagem durante a estação seca, a Jurema Preta tem um importante papel de sombreamento para animais e para o solo (PEREIRA FILHO et al., 2005).
Segundo Araújo Filho e Carvalho (1996), a M. tenuiflora apresenta uma rápida regeneração e excelência em produção de madeira muito resistente, fatores estes que a torna um potencial econômico na região de Curral Velho- Campo Formoso-BA. Devido a essas características e a forma de comportamento da espécie, a mesma se tornou alvo de estudo do referido trabalho.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Esse trabalho objetivou-se em analisar a distribuição espacial da Mimosa tenuiflora na Fazenda São Bento- Curral Velho- Campo Formoso-BA, analisando sua utilização como alternativas de recuperação de áreas degradadas do bioma caatinga.
MÉTODOS:
A área de estudo está localizada dentro dos limites da Fazenda São Bento no povoado de Curral Velho, 9°54'51.95"S e 40°38'60.00” O, zona rural, a 112 km da sede Campo Formoso, numa altitude média de 774 m. O fragmento escolhido para o levantamento de dados possui contorno irregular nos limites da fazenda São Bento (medindo cerca de 300 ha). Para a realização desse trabalho foi adotado o método de parcelas (Densidade Absoluta) de Mueller-Dumbois e Ellenberg (1974). Foram estabelecidas 03 parcelas (I, II e III) amostrais de 10m x 10m (100m²), distribuídas de maneira aleatória por todo o fragmento. Assim, cada unidade da população tem igual probabilidade de formar parte da amostra, resultando altamente representativa (JUNIOR, 2011 apud MATTEUCCI; COLMA, 1982). Foram contabilizados nas parcelas todos os indivíduos vivos de Mimosa tenuiflora, com diâmetro ao nível do solo (DNS) ≥ a 0,30 cm utilizando-se trenas, barbantes e estacas. Após o levantamento sobre o histórico de uso, constatou-se que a parcela I foi submetida à corte raso em toda a sua extensão no ano de 1993, regenerando-se sem intervenção antrópica, enquanto a parcela II e III observou-se um maior porte de sua vegetação em relação à parcela I, essas parcelas sofreram corte raso há um tempo superior a vinte anos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Foram amostrados 79 espécimes de Mimosa Tenuiflora na Fazenda São Bento, distribuídos da seguinte forma: 46, 25 e 08 indivíduos nas parcelas I, II e III, respectivamente. Com densidade absoluta (DA) de 263 indivíduos/ha-¹. Segundo JUNIOR (2011 apud BARROS; MACHADO, 1984; CALEGÁ- RIO et al., 1993), Utilizando o índice de Payandeh, é possível determinar o grau de agregação da espécie por meio da relação existente entre a variância do número de indivíduos por parcela e a média do número de indivíduos. Sendo assim, verificou-se que a espécie apresenta Pi= 9,17. Nesse parâmetro quando Pi ≥ 1,5 indica agrupamento ou agregação, corroborando com JUNIOR J.T. Calixto et.al (2011) que encontrou índice no valor de 7,8 para esta mesma espécie. De acordo com FABRICANTE et. al (2009 apud NASI, 2008) espécies de estágios iniciais de sucessão e que habitam locais alterados, tendem a se agregarem.
Essa espécie apresenta características (DA e índice de Payandeh) que a torna uma das alternativas para a recuperação de áreas degradadas. Pois, o desmatamento, a agricultura intensiva, o uso inadequado da irrigação, e o uso de agrotóxicos deixa o solo desprotegido e sujeito à erosão. Esses fatores associados às características climáticas tornam ainda mais frágeis o equilíbrio ecológico da caatinga.
CONCLUSÕES:
A caatinga é um dos ecossistemas brasileiro mais alterado por ações antrópicas. Observa-se que apenas 2% encontram-se protegida em áreas de conservação, fato que torna esse ecossistema um dos mais desprotegidos do país. Nesse âmbito faz-se necessário destacar a importância de medidas de preservação e recuperação de áreas degradadas ou com problemas de erosão, utilizando-se de plantas nativas da região para fazer o reflorestamento.
De acordo com os dados mencionados anteriormente, concluímos que a Mimosa tenuiflora por apresentar Pi >1,5 possui tendência de agrupamento favorecendo a recuperação de áreas degradadas, por conta da quantidade de cobertura vegetal que é disponibilizada ao solo, proteção contra a erosão, bem como sua rápida proliferação no ambiente. Dessa forma, o estudo na Fazenda São Bento- Curral Velho- Campo Formoso-BA possibilitou a análise da distribuição espacial da espécie em questão e também mostrou a importância da sua utilização como alternativa de recuperação de áreas degradadas do bioma Caatinga.
Palavras-chave: Semi-Árido, Nordeste, Xerófita.