65ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 3. Recursos Florestais e Engenharia Florestal - 4. Conservação da Natureza
Análise do desempenho de espécies nativas do Cerrado usadas em plantios de recuperação de áreas degradadas em Paracatu – MG
Júlia Benfica Senra - Depto. de Engenharia Florestal - UnB
José Roberto Rodrigues Pinto - Prof. Orientador - Depto. de Engenharia Florestal - UnB
INTRODUÇÃO:
O Cerrado é o segundo maior bioma do Brasil e possui grande importância ecológica, sendo reconhecido como uma das prioridades de programas de conservação da biodiversidade mundial. Uma problemática atual que o Cerrado tem sofrido é a acelerada taxa de supressão da vegetação nativa em consequência da ocupação antrópica e posterior abandono dessas áreas em condições de degradação. Uma das maneiras de minimizar os danos nas áreas degradadas é recuperar a vegetação original com plantio de espécies nativas.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Este trabalho teve como objetivo avaliar a taxa de sobrevivência e o desempenho do crescimento em altura e em diâmetro de espécies nativas do Cerrado utilizadas na recuperação de área degradada pela mineração, em Paracatu - MG.
MÉTODOS:
A área do plantio foi anteriormente utilizada como local de empréstimo de cascalho, aproximadamente 4 ha (17°22'21" S e 46°69'34" W), tendo como vegetação original o cerrado sentido restrito sobre Cambissolo.
Em fevereiro de 2009, foi realizado o plantio de 4.149 mudas em espaçamento 3 x 3 m, distribuídas de maneira aleatória e as mudas marcadas com plaquetas de alumínio para posterior identificação e monitoramento. Foram realizadas três avaliações do desempenho das mudas, utilizando paquímetro digital para a mensuração dos diâmetros na altura do solo e vara graduada para a mensuração da altura total: aos 3 meses após o plantio (maio de 2009); aos 14 meses (abril de 2010) e aos 33 meses (novembro de 2011).
As espécies foram agrupadas conforme o ambiente de origem (cerrado sentido restrito - CE, mata de galeria - MG e mata seca - MS) e avaliados separadamente, de acordo com o “Modelo Nativas do Bioma”. Os dados foram analisados com auxílio do programa BioEstat 5.0.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
A sobrevivência foi de 100%, aos 3 meses, 91,75% aos 14 meses e 80,87% aos 33 meses.
O incremento em diâmetro (cm/ano) foi de 11,29 aos 14 meses e 5,65 aos 33 meses e em altura (cm/ano) 46,43 aos 14 meses e 15,01 aos 33 meses.
Analisando por fitofisionomia, a sobrevivência aos 14 meses foi menor no CE (90,34%) (p < 0,05; Qui-Quadrado), seguida da MG (93,81%) e MS (94,65%), ao passo que aos 33 meses o CE apresentou a maior sobrevivência (82,53%), seguido por MS (80,53%) e MG (79,64%), esta última significativamente menor (p < 0,05; Qui-Quadrado).
O incremento em diâmetro (cm/ano) aos 14 meses foi maior na MS (12,27) (p < 0,05; Mann-Whitney), seguido por CE (11,63) e MG (11,25). Surpreendentemente aos 33 meses o incremento da MS (3,80) foi o menor (p < 0,05; Mann-Whitney), MG (5,59) e CE (6,72).
Aos 14 meses o incremento em altura (cm/ano) foi 44,61 (MS), 46,39 (CE) e 49,40 (MG), e aos 33 meses foi de 18,27 (CE), 13,59 (MG) e 12,54 (MS), todos diferindo entre si (p < 0,05; Mann-Whitney).
CONCLUSÕES:
Durante o período avaliado a taxa de sobrevivência (> 80%) e os incrementos em diâmetro e altura foram satisfatórios, reforçando a indicação do Modelo Nativas do Bioma como promissor para recuperação de áreas degradadas pela mineração.
Comparando as taxas de sobrevivência entre os grupos fitofisionômicos, embora aos 14 meses o CE foi significativamente menor, aos 33 meses foi o maior valor registrado. Em termos de incremento em diâmetro os três grupos apresentaram ritmo de crescimento variado, com destaque para o bom desempenho do CE aos 33 meses. Comportamento semelhante também foi registrado para o incremento em altura. Esses resultados sugerem que as espécies do cerrado sentido restrito se desenvolveram
melhor do que as de formações florestais. No entanto, faz-se necessário maior tempo de monitoramento e mais investigações para corroborar os resultados deste estudo e subsidiar recomendações de espécies para a recuperação de áreas degradadas pela mineração (empréstimo).
Palavras-chave: Crescimento, Incremento, Sobrevivência.