65ª Reunião Anual da SBPC

G. Ciências Humanas - 4. Geografia - 3. Geografia

IMPACTOS SOCIOAMBIENTAIS NA ILHA DE TATUOCA: UMA REFLEXÃO SOBRE A EXPANSÃO PORTUÁRIA E INDUSTRIAL DE SUAPE

Raquel Cristina de Albuquerque - Depto. de Ciências Geográficas – UFPE Cecília Augusta Figueiredo da Rocha - Depto. de Ciências Geográficas – UFPE Daniel Pereira dos Santos - Depto. de Ciências Geográficas – UFPE Regina Cristina de Albuquerque - Depto. de Ciências Geográficas – UFPE

INTRODUÇÃO:

A Ilha de Tatuoca está localizada no entorno do complexo Portuário e Industrial de Suape, situado entre os municípios de Ipojuca e Cabo de Santo Agostinho. Este grande empreendimento econômico que é um marco para economia do estado de Pernambuco tem alterado a dinâmica de vida da população que habita neste espaço há várias gerações, a comunidade de Tatuoca. Para Buarque, o desenvolvimento local está intimamente relacionado com a vida da população neste contexto inserido: ``É como um processo endógeno de mudança, que leva ao dinamismo econômico e à melhoria da qualidade de vida da população em pequenas unidades territoriais e agrupamentos humanos´´ (2002, p.25). Os transtornos para população nativa configuram-se não somente a nível econômico, mas também a nível sociocultural, são anos de vivencia nesta localidade onde conservaram seus aprendizados, construíram suas casas, e mais que isso: construíram também suas histórias de vida. Esta pesquisa é de suma importância para analisar um processo que está se tornando cada vez mais frequente e que altera não somente o ambiente físico, como social de inúmeras famílias, verificando as consequências de tais impactos para as comunidades tradicionais.

OBJETIVO DO TRABALHO:

Identificar os efeitos das transformações espaciais provenientes da expansão do complexo Portuário e Industrial de Suape e suas alterações no dinamismo local das comunidades nativas que residem no entorno do empreendimento.

MÉTODOS:

Este trabalho foi produzido mediante a atividade de pesquisa, embasado no levantamento de dados bibliográficos em livros, revistas, monografias, análise de artigos jornalísticos, imagens, vídeos, documentários e sites da internet relacionados ao tema, que foram cruciais para conhecimento e entendimento da questão abordada, sendo de extrema importância para condução do trabalho descrito.

RESULTADOS E DISCUSSÃO:

A expansão do empreendimento Portuário/industrial de Suape não tem impactado apenas o ambiente físico, mas também o social. No entorno deste poderio econômico está a Ilha de Tatuoca, comunidade humilde que vive há várias gerações neste local sobrevivendo da atividade da pesca e do extrativismo. A dinâmica de vida desta comunidade foi bastante alterada por conta dos constantes desmatamentos, inclusive em uma área delicada de manguezal, o que traz grande impacto sobre a atividade pesqueira. A vida na comunidade que era considerada uma boa qualidade de vida tornou-se insustentável mediante a ocupação de suas terras pelo megaempreendimento. O governo considerou inviável a manutenção destas famílias nesta localidade, pois tem projetos para instalação de um estaleiro e em razão disso está construindo o Loteamento Nova Tatuoca nas imediações, o que segundo o secretário de desenvolvimento econômico, Márcio Monteiro, é uma área não favorável por estar inserida no centro industrial e por não contar com infraestrutura básica, como o abastecimento de água, o que denota a preocupação do governo com as questões econômicas em detrimento da qualidade de vida das comunidades tradicionais.

CONCLUSÕES:

Esta pesquisa descreve a realidade de uma comunidade que teve o seu cotidiano modificado pela expansão Portuária e indústria de Suape, situação esta que a cada dia vem se tornando tão frequente em todo o litoral brasileiro. Observa-se que órgãos governamentais planejam e executam suas atividades econômicas preocupando-se de forma objetiva com o viés lucrativo, deixando de lado uma questão de fundamental importância que é o respeito às comunidades tradicionais residentes ao redor destes empreendimentos, e que além de ter sua atividade econômica comprometida, perdem seu direito de liberdade antes desfrutado e mais que isso, seu direito a terra onde firmaram seus laços culturais por gerações. De fato o crescimento econômico é essencial para desenvolvimento da Região, mas é de suma importância que tais ações sejam realizadas dentro de um plano que pense, avalie e respeite a vida das comunidades tradicionais que vivem no local evitando assim tomar medidas emergenciais e enfrentamentos com a população.

Palavras-chave: Comunidade Tradicional, Desenvolvimento Econômico, Impactos.