65ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 5. Ecologia - 3. Ecologia Terrestre
ASPECTOS FLORÍSTICOS E FITOSSOCIOLÓGICOS DE COMUNIDADES DE PALMEIRAS NA RESERVA FLORESTAL HUMAITÁ, ACRE.
Romário de Mesquita Pinheiro - Bolsista de Iniciação Científica/Núcleo de Pesquisa do INPA-ACRE
Cleison Cavalcante de Mendonça - Herbário do Parque Zoobotânico da UFAC/Núcleo de Pesquisa do INPA-ACRE
Reylane de Lima Manil - Laboratório de Sementes Florestais do PZ-UFAC/Núcleo de Pesquisa do INPA-ACRE
Antonio Ferreira de Lima - Herbário do Parque Zoobotânico da UFAC/Núcleo de Pesquisa do INPA-ACRE
Heliton Guimarães de Menezes - Herbário do Parque Zoobotânico da UFAC/Núcleo de Pesquisa do INPA-ACRE
Evandro José Linhares Ferreira - Dr./Orientador/Núcleo de Pesquisa do INPA no Acre
INTRODUÇÃO:
Na Amazônia, as palmeiras estão amplamente distribuídas, são abundantes em diversos ecossistemas e são muito utilizadas pelos habitantes locais. A Amazônia abriga a maior diversidade de palmeiras do Brasil, com 35 dos 42 gêneros e cerca de 150 das 193-208 espécies reconhecidas para o país. No Acre são encontrados 26 gêneros e 76 espécies. Apesar dos recentes avanços no conhecimento da diversidade de palmeiras da Amazônia brasileira, ela ainda não é bem conhecida, pois extensas áreas da região ainda não foram amostradas.
No contexto atual de antropização e destruição de extensas áreas florestais na Amazônia sabe-se que as comunidades de palmeiras estão sendo afetadas negativamente. Indiretamente isto pode afetar toda a floresta, pois as palmeiras funcionam como recursos-chave para a fauna silvestre, especialmente no período de escassez de frutos.
Para determinar os efeitos das transformações ambientais sobre as comunidades de palmeiras na Amazônia é necessário conhecer a diversidade, riqueza, distribuição e estrutura dessas comunidades. Sem essas informações, será difícil explorar e manejar os recursos oferecidos pelas palmeiras, pondo em risco a preservação das espécies, o estoque genético que elas representam e a conservação dos habitats que elas ocupam.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Ampliar o conhecimento sobre os aspectos florísticos e fitossociológicos e a distribuição de comunidades de palmeiras em florestas abertas do sudoeste da Amazônia.
MÉTODOS:
O estudo foi realizado na Reserva Florestal Humaitá, uma unidade de pesquisa pertencente à Universidade Federal do Acre localizada no município de Porto Acre (9º45’19”S; 67º40’18’’W). A reserva, com área aproximada de 2.000 hectares, é coberta por Floresta Tropical Aberta e em menor escala Floresta Tropical Densa e Floresta de Várzea.
Foram instaladas 3 parcelas de 20 x 100 m (área total=6.000 m2). Para facilitar a coleta de dados, as parcelas foram subdivididas em 5 subparcelas de 20 x 20 m. Para avaliar o efeito do gradiente topográfico sobre a riqueza, diversidade, densidade, distribuição e estrutura populacional das palmeiras, 1 parcela foi instalada em áreas de baixio, adjacente à rede de drenagem, 1 em encosta e 1 platô.
Para estudar a estrutura populacional, os indivíduos foram classificados em 5 classes de tamanho: 1: indivíduos de até 50 cm de altura; 2: indivíduos com mais de 50 cm até 1m altura, sem estipe aparente; 3: indivíduos acima de 1m de altura, sem estipe aparente; 4: indivíduos com estipes aparentes, não reprodutivos; 5: indivíduos em estágio reprodutivo.

Foram avaliadas a composição, similaridade e diversidade florística (Shannon-Wiener) e os parâmetros fitossociológicos de praxe, usando os software Microsoft Excel 2007, Mata Nativa 2.0 e Biodiversity Pro.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Foram encontrados 596 indivíduos pertencentes a 12 gêneros e 17 espécies de palmeiras. O índice de diversidade encontrado foi de 1,74. A área de baixio abrigava 50,33% dos indivíduos amostrados (13 espécies e 10 gêneros). A espécie mais abundante foi Phytelephas macrocarpa (179 indivíduos). A área de encosta abrigava 25,35%% dos indivíduos amostrados (9 espécies e 9 gêneros). A espécie mais abundante foi Astrocaryum ulei, com 59 indivíduos. A área de platô abrigava 24,32% dos indivíduos amostrados (8 espécies e 8 gêneros) e a espécie mais abundante foi P. macrocarpa (44 indivíduos).
A densidade total em todas as parcelas foi de 596 ind.ha-1 e a área basal 1, 684 m2 ha-1. A espécie com maiores densidades e freqüência relativas foi Phytelephas macrocarpa (38,26% e 8,33%), e a espécie com maior valor de importância Euterpe precatoria (VI=20,37%). A maioria dos indivíduos (70,59%) apresentou padrão de agregação uniforme. Apenas a comunidade de palmeiras da área de platô apresentou estrutura etária tendendo para o ‘J’ invertido. A maior similaridade florística foi entre a área de platô e a de encosta (70%), e a menor entre as áreas de baixio e encosta (63,36%). A maioria das espécies avaliadas apresentou estipe com hábito solitário e não escandente, e era desprovida de espinhos.
CONCLUSÕES:
A comunidade de palmeiras avaliada é mais abundante na área de baixio e mais diversa na área de platô. A diversidade encontrada nas três parcelas foi muito baixa e a maior similaridade ocorre entre as áreas de encosta e platô. A maioria das espécies encontradas apresentou padrão de agregação ‘uniforme, estipe com hábito solitário e de tipo não escandente, e era desprovida de espinhos. A estrutura demográfica dos indivíduos avaliados era mais ‘normal’ na área de baixio. Estudos adicionais devem ser feito para determinar o potencial de uso das palmeiras avaliadas.
Palavras-chave: Acre, Arecaceae, Fitossociologia.