65ª Reunião Anual da SBPC
F. Ciências Sociais Aplicadas - 7. Planejamento Urbano e Regional - 2. Métodos e Técnicas do Planejamento Urbano e Regional
O uso de técnicas de geoprocessamento para estudos de configuração espacial urbana em cidades lusófonas
Késsio Guerreiro Furquim - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Brasília
Lara Agostinho Araújo - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Brasília
Valério Augusto Soares de Medeiros - Prof. Dr./Orientador Programa de Pesquisa e Pós-Graduação da Faculdade de Arquit
INTRODUÇÃO:
Durante longo período, em estudos sobre assentamentos humanos, o urbanismo português despertou pouco interesse por ser entendido como carente de planejamento, resultado de uma suposta ausência de intenção quanto ao ordenamento territorial (conforme discutem DELSON, 1997; REIS FILHO, 2000; MEDEIROS, 2006). A pesquisa explora a abordagem, contemplando a investigação de configurações urbanas lusófonas ao redor do mundo (sítios integrantes da União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa e cidades brasileiras avaliadas por MEDEIROS, 2006), por meio dos chamados mapas axiais, analisados conforme técnicas de geoprocessamento (aplicativo Depthmap®).
OBJETIVO DO TRABALHO:
O foco da pesquisa é a interpretação do processo de produção destas modelagens para os objetos de estudo, tendo em consideração dois métodos: (a) quando derivado de uma base cartográfica vetorial preexiste ou (b) oriundo de um mosaico de imagens de satélite georreferenciadas.
MÉTODOS:
Quanto às técnicas, adotam-se os mapas axiais, que consistem na modelagem e quantificação das relações interpartes entre os elementos constituintes da cidade, obtidos a partir da representação da menor quantidade das maiores linhas que podem ser dispostas sobre a malha viária de um núcleo urbano (Cf. Sintaxe do Espaço, em HILLIER e HANSON, 1994; HILLIER, 1996). É essencial nesse processo que não haja linhas soltas e que tais eixos se limitem aos espaços de livre circulação de pessoas e veículos. Para sua construção, preferencialmente deve-se optar por uma base cartográfica vetorial atualizada e georeferenciada, o que permite a correlação com dados oriundos de bancos de informações diversos. Alternativamente, pode-se montar um mosaico de imagens de satélite – em plataforma CAD – obtidas no software Google Earth®, desde que a altitude seja mantida constante para a coleta dos quadros e posterior composição de todo o sistema urbano com grau de precisão correspondente.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
O manejo do banco de informações urbanas elaborado para a pesquisa permitiu inferir que bases vetoriais obtidas usualmente estavam desatualizadas em relação às imagens de satélite, ainda que permitissem uma leitura mais clara do espaço para a produção dos mapas axiais (por isso sua escolha). Além disso, tais bases possuíam o inconveniente de conterem informações em excesso, algumas vezes com frágil organização de camadas, o que dificultava a identificação dos níveis de dados necessários. A montagem dos mosaicos, por sua vez, colocava como problema a articulação de quadros, pois nos pontos de junção as bordas tendem a se deformar devido aos ângulos aplicados às imagens de satélite para corrigirem a curvatura da Terra. Complementarmente, a presença de nuvens sobre partes de áreas estudadas também foi fator que dificultou o traçado dos eixos.
CONCLUSÕES:
A construção de mapas axiais requer uma base consistente e fidedigna. Dos dois métodos utilizados, aquele que parte de uma representação vetorial preexistente possibilita maior agilidade no processo de confecção, podendo ainda ter suas informações ponderadas com observações das imagens de satélite. Entretanto, os equívocos na organização de camadas do desenho dificultam o procedimento, podendo induzir a erros. O método do mosaico de imagens, por outro lado, carece ainda de um melhor refinamento, sobretudo pelo conflito nos pontos de junção das imagens. Sua precisão diminui na medida em que a área de estudo cresce, uma vez que compromete a apreensão dos detalhes do sistema, pois não é possível obter uma apurada sobreposição das imagens. Os principais méritos, contudo, estão numa maior compatibilidade das informações fornecidas com a realidade do sítio e na possibilidade de ampliar o número de cidades que podem ser exploradas por esta leitura configuracional.
Palavras-chave: Cidades de Origem Portuguesa, Sintaxe Espacial, Mapas Axiais.